Sala 006

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Regina

Era estranho estar ali depois de tanto tempo. Mas, eu sabia que precisava. De certa forma, eles dependiam de mim e das pessoas que estavam se mostrando dispostas a ajudar. Emma ainda não tinha visto as cobaias, mas eu sentia que seus ombros estavam tensos e eu podia jurar, que a loira estava com o estômago embrulhado, assim como eu.

— Bom, esse é o Neal Cassidy… — comecei a apresentação, enquanto nos aproximávamos de uma porta que carregava o número 006 bem acima do batente. A porta era de vidro fosco, o que nos impossibilitava de ver qualquer coisa do lado de dentro, pelo menos até que um botão específico fosse acionado e a opacidade desaparecesse e foi o que eu fiz, precisava que Emma o visse — Ele é cobaia no estudo de terapia celular. Neal foi diagnosticado com leucemia quando tinha 10 anos e seus pais estavam desesperados por uma cura e o Konrad apareceu, como o único e possível salvador para ele. Sem quimioterapia, sem tratamentos dolorosos, nem perda de cabelo e enjoos.

— Mas o que isso lhe custou? — foi a primeira vez que Emma falou depois que adentramos aquela área.

— Sua vida — respondi — Cassidy foi internado no instituto aos 11 anos e desde então, não saiu nunca mais — minha voz não vacilava, mas meu interior tremia com todas aquelas histórias. O homem ainda não podia nos ouvir, nem nos ver, mas Neal era esperto e já estava ali há muito tempo. Cassidy se sentou na cama e olhou em nossa direção, logo em seguida nos deu um tchauzinho, arrancando um sorriso de mim.

— Com quantos anos ele está agora? — Swan perguntou.

— Por que não pergunta diretamente para ele? — sorri em sua direção e aproximei meu cartão do decodificador que liberava a porta — Boa tarde, Neal!

— Olá, Regina! Quanto tempo você não aparece por aqui — Cassidy falou e enquanto isso, pude notar que observava Emma.

— Você sabe bem que eu não gosto muito de vir aqui e bom, eu estava um pouco ocupada.

— Humm! Sei… — franziu a testa e esticou a mão para a loira ao meu lado — Prazer, Neal Cassidy! Mas você já deve saber, afinal, aposto que Regina já te contou tudo sobre mim.

— Emma Swan! — a loira falou, enquanto soltava a mão de Neal — Digamos que ela me contou o necessário, por hora.

— Neal, a Emma é uma das nossas novas cientistas nas pesquisas e vai passar um bom tempo conosco, por isso a trouxe aqui — informei.

— Sorte a nossa, Regina! — quando um sorriso largo surgiu em seus lábios, eu soube que soltaria alguma pérola — Não é sempre que aparecem mulheres bonitas assim por aqui. Aproveita, já que eu não posso — revirei os olhos, enquanto ouvia a risada de Emma soar.

— Como você está, Neal? — perguntei, ignorando seu comentário anterior.

— Eu estou igual, doutora! Nenhuma melhora, nenhuma piora — Cassidy se sentou na cama outra vez e eu suspirei profundamente — Você passou muito tempo longe, Regina. Eles não se importam com a gente como você.

— Eu sei… — me aproximei de Cassidy e deixei  minha mão repousar em um dos seus ombros — Eu sinto muito por ter demorado tanto dessa vez.

— Tá tudo bem, Regina! Eu sei que você tem centenas de coisas para fazer e mesmo de longe, sempre dá um jeito de cuidar da gente — sorriu e eu o acompanhei — Só nunca achei justo estarmos em lados opostos das portas, mesmo sendo iguais. Quer dizer, nem tão igual assim… — aquele comentário fez um frio percorrer minha espinha, mas fiquei feliz por ele não falar nada além daquilo. Pelo canto do olho, pude ver a expressão de Emma mudar e a curiosidade tomar conta do seu semblante. Mataria Neal por isso.

Entre Tubos de EnsaioOnde histórias criam vida. Descubra agora