Serotonina, Cortisol e Endorfina

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Emma

A sexta-feira havia chegado e trazido consigo mais pensamentos conflituosos do que soluções. Era a terceira amostra que eu analisava e, por enquanto, as coisas não pareciam mais claras do que há uma semana atrás. Bufei tentando organizar os meus pensamentos, mas sem tirar os olhos dos sequenciamentos nas telas à minha frente. Os dados não pareciam estar certos, já que se tratavam de amostras retiradas das mesmas pessoas, apenas em dias diferentes. Provavelmente aquelas três telas abertas na minha frente, estavam começando a fazer meu cérebro sobrecarregar.

— Você deveria respirar um pouco! — a voz de Ruby surgiu atrás de mim, me fazendo soltar o ar preso e virar minha cadeira em sua direção.

— Eu também acho, mas não consigo largar essas amostras, Ruby! — falei com a voz um pouco frustrada.

— Bom, eu estou livre agora e você parece estar precisando de outro ponto de vista. Posso? — perguntou apontando para o computador e eu apenas assenti. Minha amiga passou a analisar um pouco os genomas presentes nas telas e em um dado momento, suas sobrancelhas se juntaram — Essas amostras são da mesma pessoa?

— Sim! As da esquerda são do David e as da direita da Regina — respondi, deixando minha cabeça pender para trás na cadeira — Colhi as três amostras em dias diferentes.

— E quais foram?

— Segunda, quarta e hoje pela manhã — falei, deixando meu corpo voltar à posição normal — Eu realmente não estou entendendo o que tem de errado.

— Não tem nada de errado aqui… — Ruby pareceu analisar um pouco mais as amostras separadamente e em seguida voltou a me perguntar — Você lembra qual era o humor deles na hora em que você coletou as amostras? — franzi as sobrancelhas para sua pergunta e me virei em sua direção. Demorei para responder e isso só fez Ruby voltar a falar — Só me responde, Emma. Você se lembra?

— Na segunda, eles estavam felizes. David tinha descoberto sobre Regina e eu um pouco antes de você chegar e me fazer passar aquela vergonha — rimos — Então, posso deduzir que estavam bem felizes.

— Certo! — respondeu, voltando a analisar os genomas e fazendo algumas anotações em seguida — E na quarta?

— Na quarta estávamos pilhados com a presença da… — Ruby me interrompeu.

— Sua sogra.

— Cora… — frisei — Então a Regina estava completamente estressada e até mesmo um pouco triste — pensei um pouco, enquanto girava minha cadeira — David estava preocupado com ela e um pouco estressado também. Mas não tem como não ficar, ela realmente tem o dom de deixar todo mundo com os nervos à flor da pele — completei.

— Isso é verdade! — falou ainda sem me olhar e continuou anotando algumas coisas no papel — Você fez um exame de sangue completo nessas amostras, Emma?

— Não, eu não fiz! — respondi com o cenho franzido, ainda sem entender onde ela queria chegar com aquelas perguntas.

— Eu posso? — se referiu às amostras e aos exames.

— Pode! Claro! — ela se levantou, pegando suas anotações e seguiu em direção a geladeira onde estavam as amostras — O que está se passando nessa sua cabecinha, hein?

— É uma suspeita que, aparentemente, tem tudo para dar certo — fechou a porta da geladeira — Mas eu só vou te contar quando tiver certeza — pensei em reclamar, mas Ruby não me deu tempo — Eu volto depois! — e saiu, me deixando curiosa e ainda sem respostas.

— O que deu nela? — David adentrou o laboratório meio minuto após Ruby se retirar.

— Ela tem uma suspeita! — bufei frustrada.

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