Capítulo 6. Débora: Garotas querem se divertir.

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Continuação da Entrevista 01. Transcrição Entrevistada: Débora.

Débora: - Depois de ter visto pela primeira vez os tais motociclistas passando na estrada, literalmente esbarrei em um dos rapazes no posto de gasolina, não foi um contato muito amigável, eu fiquei assustada e aborrecida, estava escuro, considerei o tal rapaz muito estranho. Sinceramente, aceitei as explicações e pedidos de desculpas daqueles homens marrentos muito mais para sair daquele lugar, do que, por ter acreditado neles, quem me garantia que estavam atenciosos apenas para pagar de bons moços no posto?

Débora: -Eu só sei que quando me livrei da situação com a gangue de motoqueiros, rezei para todos os santos e pisei fundo no acelerador do meu Fiat Uno. Já dentro da cidade, percorrendo as compridas e desertas estradas de chão, toda a minha atenção ficou voltada, para arquitetura de madeira das casas e os automóveis que deviam ter no minímo quatro décadas. Fiquei absolutamente encantada com aquela cidadezinha perdida no tempo.

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Débora: Horas depois de me apresentar ao Sr. Carlos, dono do hotel fazenda, entrei no alojamento e do jeito que eu estava me atirei na cama, só acordei no dia seguinte. Passei o dia inteiro no treinamento e a noite conheci a Carol. Nos entrosamos de cara. Enquanto terminávamos de nos arrumar para a Festa Celeiro, contei a ela os últimos acontecimentos.

Débora: -Carol falou.- Débora, estou curiosa, tem certeza que as motos no estacionamento são as mesmas dos rapazes do posto? - Alcancei a minha bolsa. - Certeza eu não tenho Carolina, mas, preciso pagar pra ver. - Ela riu. - Se for eles fica tranquila, não irão te prejudicar aqui, mas, se você quiser evitá-los posso tentar te ajudar.- Tentei ser prática. - Eu prefiro resolver isso de uma vez, mesmo porque, o Sr. Carlos já sugeriu que  eu poderia ficar à vontade, para interagir com o público do hotel durante os eventos noturnos. Se é para gente se esbarrar que seja de uma vez.

Débora: -Quando já estavamos na porta eu questionei. - Por que esse sorrisinho? Mal te conheço e posso jurar que você está tramando alguma coisa. - Ela piscou e em seguida falou. - Não pergunte Débi, apenas coloque o seu crachá e me siga.

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Débora: - Carol me explicou que no jantar das famílias, eu poderia conhecer a cidade inteira e conferir se eram os mesmos rapazes. Se, me perguntares, por que eu fui até lá? Eu não sabia qual seria a reação do filho do dono do hotel, eu mostrei o dedo para o rapaz quando me chamou de feminista, se fosse para perder o emprego por ter ganhado a antipatia deles, que, fosse de uma vez antes que eu me apegasse ao lugar.

Débora: -Com um frio na barriga, entramos  em uma das portas de trás do prédio principal e caminhamos  por um  corredor comprido utilizado pelos  funcionários para ter acesso aos ambientes do hotel. A uma certa altura, o corredor era fechado por uma porta, dali em diante apenas os funcionários do restaurante poderiam entrar. Carolina conseguiu com Andrei, ajudante de cozinha, que entrássemos e nos escondêssemos em uma salinha, ao lado do palco que havia no restaurante.

Débora: -Algo me dizia que isso não daria certo. Chegamos bem na hora que o Sr. Carlos falava para os  convidados. - Boa noite. Como todos sabem, nas próximas duas  semanas, aproximadamente, estaremos inaugurando o salão histórico, graças aos esforços do meu filho Leandro, historiador, mas, que nada teria conseguido sem a colaboração de todos aqui presentes. - Sr. Carlos falava visivelmente emocionado.

Débora: Senhor Carlos continuou. -Muito me honra saber que somos frutos do esforço de colonos imigrantes que atravessaram as turbulentas águas do mar negro, fundando nossa pequena colônia e que desde então incentivamos geração em geração a lutar pelo nosso povo. Hoje ter aqui  os nossos sucessores seguindo nossos passos, estudando e se aprimorando, para depois escrever a história dessa cidade, muito me emociona. Muito obrigada, nossas saudações a eles e que nos deem muitos netos.

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