Capítulo 12. Helena: Campos Minados.

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Nota do escritor: A essa altura você já deve saber que a Helena é minha, mãe, como a convenci de me dar uma entrevista? Simples, há muito tempo ela me devia e prometera contar a verdade sobre a minha origem. E aos poucos você está se aproximando de entender como estou envolvida nessa história toda. Já que minha origem foi um dos segredos que Agnes guardava e chantageava meus pais.

Helena: Eu sou a Helena, eu tinha 29 anos, advogada, vivia na capital, irmã do Ivan, mãe da Zoe e divorciada do Rafael há um ano. No dia que sucedeu  o assalto a minha vida passou em segundos na minha mente, por essa razão, eu não prolongarei essa apresentação.

Helena: Ainda com o telefone nas mãos, sentada em frente ao espelho do quarto daquela cabana, eu me perguntava se realmente levaria os meus propósitos a diante? Se não estava prestes a cometer um grande erro da minha vida apenas para perseguir uma...

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Helena: Ainda com o telefone nas mãos, sentada em frente ao espelho do quarto daquela cabana, eu me perguntava se realmente levaria os meus propósitos a diante? Se não estava prestes a cometer um grande erro da minha vida apenas para perseguir uma fantasia? Será que eu reconhecia que eu já tinha feito escolhas que envolviam tantas pessoas e estava prestes a fazer isso novamente?

Me olhei no espelho e me perguntei - Afinal, quem é você? - É claro que reconhecia os meus atributos, mas, até que ponto deixei os mesmos me aprisionar? Quando eu era apenas uma menina me via tão despreocupada de regras e convenções, ouvia dos lábios daqueles que amava: - Que menina linda! - Como Helena é inteligente! - Essa garota será uma grande advogada como os pais! - Sem dúvida será uma dama.

E, eu me reconhecia, apenas, como uma criança que brincava nas árvores, de bicicleta e brigava com o mundo se percebesse alguma injustiça. Sempre protegida por um círculo de amizades e familiares carinhosos e fiéis. Mas, logo, crescemos e saímos dos muros do nosso castelo. Não é assim com todas as pessoas?

Com o passar do tempo passei a distinguir o lugar que de fato algumas pessoas colocavam a mim e a meu irmão, os "irmãos mestiços", os filhos da mulher que abandonou o noivo para ficar com alguém de fora. Não, hoje reconheço que nem todos pensavam assim. Mas, eram outros tempos e, eu era apenas uma moça, sentia o preconceito e compreendia apenas o esforço dos meus pais para alcançar seus objetivos na capital, decidi fazer exatamente o mesmo, estudar muito, trabalhar honestamente e viver em um casamento estável que proporcionasse uma vida com carinho e certo conforto para a minha filha.

- Por que eu precisava me preocupar com o que os outros pensavam de mim? Por que eu deveria fazer o que esperavam de mim para ser respeitada e incluída em um grupo? Acho que talvez só quem já passou por isso poderá entender o que é se sentir a margem. O que nos resta? No meu caso, tentar ser perfeita. Falhei miseravelmente, pois, não estava feliz. Queria me sentir livre como quando eu tirava o capacete e saia com a minha moto com os cabelos soltos por essas estradas daqui.

Sim, arrastei Rafael para a minha gaiola, meu melhor amigo e namoradinho da escola, eu lamento profundamente por isso, ao lado dele, éramos aos olhos dos outros o casal perfeito. Apesar de ter sido ideia e insistência dele o nosso casamento, eu me responsabilizo em não ver meu amigo verdadeiramente feliz. Por isso, pedi o divórcio, esperei por um tempo até vê-lo bem, mas, ele insiste em viver sozinho e solitário, como quando eu o conheci e, agora, eu estava ali perseguindo apenas os meus devaneios. Eu me sentia tão culpada e egoísta. Eu tinha o direito de fazer isso? Mas, afinal, eu estava solteira e livre. As batidas da porta me tiraram do transe a qual eu me encontrava.

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