Capítulo 1: Lendas.

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KARA:

Era um dia aparentemente comum. Cheguei em casa após uma tarde exaustiva no trabalho, ansiando por um banho relaxante e pelo descanso merecido na minha cama. No entanto, antes mesmo que eu pudesse colocar as chaves na mesa, a porta foi arrombada. O barulho foi tão repentino que me deixou paralisada. Homens encapuzados invadiram com brutalidade, e em um instante, mãos fortes me agarraram. Meu coração disparou enquanto minha mente tentava entender o caos que tomava conta da minha casa.

- É ELA! - Um deles gritou, puxando meu cabelo com violência.

O desespero tomou conta de mim. Eu não tinha a menor ideia do que estava acontecendo, mas meu instinto de sobrevivência entrou em ação. Lutei com todas as minhas forças, me debatendo e gritando por socorro, esperando que alguém pudesse me ouvir. No entanto, parecia que o mundo inteiro havia se calado.

Foi então que, em meio à minha luta desesperada, um dos homens, visivelmente irritado, me segurou com ainda mais força. Num movimento brutal, ele me lançou contra a parede. Meu corpo voou, e senti o impacto esmagador quando minha cabeça bateu na superfície dura. Uma dor lancinante explodiu, e tudo ao meu redor começou a escurecer. A visão ficou turva, o medo e o pânico se misturaram ao torpor, e a realidade começou a desaparecer. Antes de desmaiar por completo, ouvi uma voz desconhecida gritando meu nome, segundos antes de a escuridão me envolver.

- Acorda... - A voz parecia distante, mas soava calma e firme, penetrando o sono confuso em que eu estava. Abri os olhos com dificuldade, piscando contra a luz forte no ambiente. Um cheiro metálico e nauseante de sangue invadiu meu nariz, me causando tontura.

Quando finalmente consegui focar, vi uma mulher ao meu lado. Suas roupas estavam manchadas de sangue, a pele era pálida, e seus olhos brilhavam com uma assustadora cor vermelha.

Aterrorizada, tentei me levantar de forma abrupta, mas a dor na cabeça foi imediata e intensa, me forçando a deitar novamente e soltar um gemido involuntário.

- Beba isso. Vai te ajudar. - Disse a mulher, estendendo uma taça com um líquido grosso e vermelho.

Me levantei devagar, pegando a taça com cuidado. Ao aproximá-la do nariz, o cheiro inconfundível de sangue me fez estremecer. A adrenalina tomou conta, e, em pânico, atirei o recipiente longe, vendo o líquido espalhar-se pelo chão. A mulher me olhou, surpresa e irritada.

- Qual é o seu problema? - Perguntou, me analisando com olhos inquisidores.

- O que... o que eu estou fazendo aqui? Quem é você? - Gritei, minha voz trêmula de medo e confusão.

Ela se levantou, ignorando minhas perguntas, e me deu as costas em silêncio. Seus passos ecoaram no quarto até que a porta se fechasse com um clique seco, me deixando trancada naquele espaço amplo e desconhecido, sozinha com minha mente cheia de perguntas e meu corpo ainda tonto de dor.

Horas se passaram e eu batia na porta do quarto desesperadamente, gritando por ajuda. Tudo parecia quieto do outro lado, até que outra figura adentrou o cômodo, porém, desta vez, menos assustadora.

- Vista isto! - A figura ordenou, me entregando um lindo vestido azul de festa.

- Quem é você?

- Um amigo, apenas isso. - Disse brevemente, andando até a porta. - Ah, e não se atrase para a sua recepção. A rainha não tolera atrasos. - Completou, antes de sair e me trancar novamente.

Me sentei sobre a cama com o vestido nas mãos. Não sabia exatamente quanto tempo tinha para me arrumar, na verdade, isso era o que menos me importava no momento. Fiquei alguns minutos tentando me acalmar e organizar meus pensamentos, até que finalmente decidi seguir a ordem que havia recebido. Não havia outra opção, ou será que havia?

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