Capítulo 3: Momentos.

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KARA:

Depois do ocorrido, era impossível Lena continuar me evitando, afinal, eu quase tirei sua vida.

Ela me contou muitas coisas sobre meus pais e o motivo por achar meu lado humano superior ao meu lado vampiro: eu não tinha quase nenhuma habilidade vampírica.

Nos aproximamos através dos treinos de combate, e ela me entregou o livro que pertencia à minha mãe, o qual caiu de suas mãos durante a batalha.

Com o passar dos dias, sua atitude e comportamento em relação a mim melhoraram significativamente, o que representou uma evolução enorme em nossa convivência.

-

Estávamos em um lugar isolado, no coração da floresta, treinando minhas habilidades mágicas. No entanto, eu pouco avançava; mal conseguia compreender o que aquelas páginas tentavam me ensinar.

- Tente outra vez! - Lena insistia.

- Não adianta. Eu não consigo! - Joguei o livro no chão e me deitei sobre a grama alta. - Sou uma farsa!

- Você conseguiu no outro dia.

- Mas eu não consigo agora. Eu estou com a cabeça em outro lugar.

Ela se deitou na grama ao meu lado, direcionando seu olhar para o céu nublado.

- O que está te distraindo? Em que você tem pensado?

Lancei um olhar vago na direção dela, mas a verdade é que minha mente estava cheia de pensamentos. O que mais me perturbava era ela, especialmente depois daquele beijo.

- Eu... eu quero te dar uma coisa. - Me sentei, vendo-a fazer o mesmo.

- Para mim?

- Si - sim... mas não é nada demais, eu só quero agradecer por você ter salvo a minha vida e por ter cuidado de mim.

- Você não precisa me agradecer. Sabe que fiz isso porque é de interesse de ambas as partes.

- Eu sei, mas, de qualquer forma, você cuidou de mim. E não falo só de agora, mas sempre! Você nunca teve nenhuma obrigação comigo, mas, mesmo assim, se preocupou em me dar uma família e me proteger. - Minha voz tremia, e eu nem sabia ao certo o que estava dizendo; as palavras simplesmente fluíram.

- Então, de nada! - Deu de ombros e desviou seu olhar, deixando a duvida se eu havia dito as palavras certas ou não.

Eu estava muito envergonhada, me arrependendo de entregar o que eu tinha para ela. Todavia, já era tarde demais para voltar atrás.

Olhei para meu pulso e abri o fecho da corrente que estava enrolada ali.

- Lena?

- Sim? - Seus olhos se cruzaram com os meus, e meu coração ameaçou sair do peito.

- Isso é para você!

Com as mãos trêmulas, coloquei a corrente sobre sua palma, esperando sua reação.

- Kara, isso... isso é... - Ela pausou, respirando fundo. - A coisa mais ridícula e linda que alguém já me deu! - Seus olhos brilharam, e um sorriso suave se formou em seus lábios. Fiquei completamente surpresa e, naquele instante, hipnotizada por ela.

- Fui eu que fiz.

- Uau, é lindo! Eu adorei!

- É um colar, mas você pode usar como pulseira se quiser. É só enrolar desse jeito. - Tirei a corrente de sua mão, enrolando-a em seu pulso.

LENA:

Eu não sabia como reagir ao presente de Kara. Deveria oferecer algo em troca ou apenas dizer "obrigada"? Minha mente havia se tornado um completo vazio, e tudo o que eu queria era encontrar uma forma de mostrar o quanto estava grata por aquele gesto tão generoso e inesperado.

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