Capítulo 4: Do Amor Ao Caos.

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LENA:

- Sara! - Chamei, batendo na porta de seu quarto.

- O que foi? - A mais nova abriu a porta com um meio sorriso no rosto. Ela estava estranhamente feliz.

- Ava pediu para entregar algo a você. - Entreguei a pequena caixa.

- Obrigada! - Os olhos dela se iluminaram ao receber o objeto, me deixando desconfiada.

- Você e a Ava... vocês estão...

- Desculpa, mas eu tenho coisas a fazer! - Sem hesitar, a mulher bateu com a porta na minha cara. Quanta petulância!

Passei a tarde inteira observando Mike, e para minha surpresa - e alívio - ele parecia um cordeirinho inocente. Ia de um lado para o outro, ocupado com algo produtivo, o que me fez desistir de ficar de olho nele. Com isso, decidi ir treinar sozinha pelo resto do dia, buscando na solidão a clareza que não encontrava em suas atitudes.

A noite logo chegou e, como havíamos combinado, saí com a Kara para explorar o "mundo humano". Era estranho, mas, ao mesmo tempo, libertador nos misturarmos à vida comum, sem preocupações ou pressões. Éramos apenas duas pessoas aproveitando a simplicidade do que havia lá fora.

- Um parque de diversões, sério? Isso é ridículo! - Explodi, sentindo a irritação subir rapidamente. Odiava multidões. Já tinha que lidar com gente demais no meu dia a dia, e estar cercada de desconhecidos barulhentos só piorava tudo.

- Ei, calma. Você vai gostar. - A loira segurou minha mão, me guiando pelo local.

- Kara, eu...

- Eu já volto, me espera aqui. - Me interrompeu, me deixando sozinha na multidão.

Fechei meus olhos e respirei fundo, deixando que todos os cheiros ao meu redor invadissem meus sentidos: pessoas suadas, pipoca fresca, o plástico dos brinquedos, o metal enferrujado das estruturas, açúcar queimado e... algo doce e familiar, que eu não conseguia identificar de imediato, mas que me fez hesitar por um segundo.

- Majestade! - Uma voz meiga e eufórica me fez abrir os olhos.

- Oi. O que você está fazendo aqui? - Me ajoelhei para ficar à altura da garotinha, que se jogou nos meus braços.

- As tias me trouxeram para brincar nos brinquedos. - Disse, apontando para um grupo de mulheres e algumas crianças que estavam à distância, rindo e se divertindo. A simplicidade daquela cena parecia contrastar com a confusão que eu sentia por dentro.

- Esse lugar é perigoso, você não deveria se afastar delas.

- Eu sei, mas a senhorita está aqui, por isso eu vim.

- Você está se divertindo?

- Sim, mas esse lugar faz muito barulho e tem um cheiro ruim. - Reclamou a pequena, rindo de leve. - Po - posso fazer uma pergunta para a senhorita? - Desviou o olhar como se estivesse hesitante ou envergonhada, seu tom de voz mais tímido do que antes.

- Claro que sim, meu amor. Você pode perguntar o que quiser.

- A senhorita não quer mais me adotar? É por isso que não está indo mais visitar o orfanato?

- Claro que quero. É por isso que estou tentando construir um mundo melhor para que possamos ficar juntas. Só preciso que você tenha um pouquinho mais de paciência.

- A senhorita está ocupada tentando nos salvar dos humanos malvados, é por isso?

- Sua inteligência é notável. Não posso cuidar de você agora. Você está mais segura longe de mim por enquanto, mas... - Suspirei, sentindo a intensidade do que iria dizer. - Eu prometo que vou te adotar. É tudo o que eu mais desejo.

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