Capítulo 2: Além Da Força.

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LENA:

Saí da sala de jantar e comecei a caminhar em direção ao meu quarto, mergulhada em pensamentos confusos. A presença de Kara no meu palácio era difícil para mim também, mas eu sabia que a responsabilidade era só minha; afinal, eu a havia trazido para cá. Ao chegar ao meu destino, deitei-me na cama e logo adormeci, perdendo-me em devaneios que mesclavam realidade e sonhos.

Encontrei-me em meio a uma batalha feroz. Meu pai havia ordenado que os vampiros não se rendessem, e eu permanecia de pé diante dos meus irmãos, determinada a proteger cada um deles. Não podia permitir que alguém os machucasse, não poderia deixar que eles matassem a minha família! As bruxas, mãe e avó de Kara, também estavam lá, travando uma guerra contra os humanos. Era surreal, o sangue escorrendo pelo chão, o cheiro metálico no ar... os gritos ecoando ao nosso redor eram ensurdecedores. A intensidade do combate me cercava, e a sensação de desespero e urgência me consumia.

- ABERRAÇÃO! - Um homem gritou enquanto erguia sua espada para me matar.

Não me movi um passo, apenas fiquei ali e fechei meus olhos, esperando meu fim, mas a espada nunca me tocou.

- Segure-a! - Exclamou a mãe de Kara, colocando seu bebê em meus braços. Foi então que notei o homem estirado no chão, sem vida, seu corpo frio contrastando com a cena caótica ao nosso redor.

- Cuide dela, proteja-a! - Implorou, seus olhos brilhando com lágrimas que ameaçavam cair. - Sei que, assim como você estava disposta a dar sua vida por seus irmãos, fará o mesmo por ela.

As palavras dela ecoaram em minha mente, pesadas com a gravidade da situação. Olhei para o bebê em meus braços, tão pequeno e vulnerável, e senti um instinto protetor emergir dentro de mim. A batalha ao nosso redor parecia distante enquanto eu me concentrava na fragilidade daquela vida. A pressão aumentava, e eu sabia que precisava ser forte, não apenas por mim, mas por Kara e sua família.

- Mas... - Ela não me esperou terminar e correu de volta para a luta, deixando cair seu livro.

Olhei para a criança doce e frágil que tinha pela segunda vez nos braços dentro de poucos meses. Ela era tão linda e dormia pacificamente como se nada estivesse acontecendo.

- LENA! - Gritou minha irmã, Sara, enquanto me entregava o livro que antes estava caído.

- Corram, agora! - Ordenei, a adrenalina pulsando em minhas veias. Sem hesitar, corri com meus irmãos e o bebê, sem olhar para trás. Fugimos como covardes, mas a necessidade de sobreviver nos empurrava adiante.

O barulho da batalha atrás de nós parecia se intensificar, mas eu me recusei a pensar no que deixávamos para trás. O instinto de proteger aqueles que amava me guiava, e o peso do bebê em meus braços era um lembrete constante da responsabilidade que eu agora carregava.

Meus pais e as bruxas nunca voltaram depois daquele dia fatídico, e eu, como filha mais velha, herdei o trono, fazendo um voto solene de proteger meu povo. Enquanto pude, cuidei de Kara, mas percebi que era arriscado para ela crescer em meio aos vampiros. Assim, tomei a difícil decisão de deixá-la na porta de uma mulher humana, acompanhada de um bilhete com seu nome e outras informações necessárias.

Mesmo longe, sempre fiquei à espreita, observando a menina doce que ela se tornava. Ela recebia uma boa educação e muito amor de sua nova família, e eu me sentia feliz por ela, mesmo enquanto duvidava se havia feito a escolha certa. A imagem dela, cercada de carinho e segurança, era um alívio em meio às incertezas do meu coração. No fundo, eu sabia que, independentemente das dúvidas, ela tinha uma chance melhor de ser feliz longe da violência e da pressão do meu mundo.

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