Capítulo 7: Sara.

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LENA:

Kara, Esme e eu saímos pela tarde para brincar na neve, nós realmente estávamos parecendo uma pequena família feliz em meio ao vasto branco e intenso do gelo.

Por mais que eu odiasse admitir, a neve era estranha e já se estendia por muitos dias. Havia algo inquietante na maneira como o frio persistia, como se o tempo tivesse parado e nos mantivesse presos em uma realidade diferente.

O ambiente, coberto por uma camada espessa e silenciosa de neve, parecia refletir o caos que se desenrolava dentro de mim. Era difícil ignorar a sensação de que algo estava fora do lugar, como se a natureza estivesse tentando nos enviar um aviso.

Eu continuava inquieta, os pesadelos da Kara insistiam em aparecer todas as noites para atormentá-la, e eu me sentia inútil por não poder ajudá-la.

- Ei, molenga! - Kara atirou uma bola de neve em mim, trazendo-me de volta para a realidade. - Vai revidar ou está com medo de perder outra vez?

- Até parece! - Revidei, mas acabei acertando na Esme. - Oh, meu Deus! Me desculpa, você se machucou? - Esme apenas gargalhou.

- Mamãe é fracote! - Comentou ainda gargalhando, e Kara gargalhou junto, me fazendo revirar os olhos.

- Certo. Mas duas contra uma não vale. Eu também quero um time!

- Posso ser sua dupla, minha cara. - A voz calma e baixa de Sara me fez virar abruptamente para trás.

- O - o que você está fazendo aqui?

- Senti saudades. - Ela falava casualmente, despreocupada. - Como vai, Kara? - A loira apenas assentiu com a cabeça e abraçou Esme com firmeza contra seu corpo.

- Vêm, meu amor. Vamos deixar a mamãe conversar com a irmã dela.

- Mas eu quero brincar mais!

- Depois a gente brinca. - Levou Esme pela mão, antes, lançando um olhar de desaprovação para a situação.

- Então, aqui é o seu "esconderijo"? - Sara fez aspas com os dedos, observando ao redor. - É bonito.

- O que você quer aqui?

- Apenas cobrar a sua parte do acordo. Eu já fiz a minha, mesmo você fazendo questão de ir muito além do prazo.

- Você só está perdendo seu tempo. Não há mais acordo.

- Acha que é simples assim? Não mesmo! Você não tem escolha.

- E se eu não cumprir? O que você vai fazer?

- Nada. - Sorriu sem ânimo. - Mas eventualmente você mudará de ideia.

- O que te faz pensar isso?

- É só que sua humana está muito perto de descobrir a verdade. E, quando isso acontecer, ela simplesmente vai te odiar.

- Isso nunca vai acontecer. Kara me ama e vai entender!

- Claro que ama, mas o amor pode não ser o suficiente quando o ódio cegá-la.

- Para de dizer asneiras e vai embora! Me deixa em paz!

- Vê essa neve toda? - Estendeu a mão, deixando os pequenos flocos gelados caírem em sua palma. - Ela vai durar até que você cumpra com a sua palavra.

- Vo - você fez isso? Mas como?

- Não fui eu, foi o seu anjo de cabelos loiros. Kara fez isso para que ninguém possa se aproximar desse lugar. Ela nem sequer sabe que fez isso involuntariamente para te proteger. - Sorriu, suspirando. - Ou será que ela fez para proteger a si mesma?

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