Capítulo 8: Novo Amanhecer.

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LENA:

Procurei até que minhas pernas finalmente fraquejaram. Me lembro de gritar o nome dela em busca de alguma resposta, de alguma esperança... mas apenas o barulho do vento chegava aos meus ouvidos.

Cai sobre a neve, sentindo os pequenos flocos gelados encobrir meu corpo por inteiro, enquanto um flashback passava minuciosamente pela minha mente.

Então essa era a sensação da morte? Por que eu estava tão vulnerável se eu sempre fui tão forte? Por que isso estava acontecendo comigo?

Minha visão ficou turva, meu corpo parecia petrificado, foi então que comecei a ouvir meu coração batendo lentamente em minhas orelhas, e uma escuridão reconfortante me abraçou, me levando para um lugar longe dali.

-

- Anda, acorda! - Alguém me segurava nos braços, dando leves tapas em meu rosto. - Você precisa acordar!

- Ka - Kara? - Sorri, tentando enxergar seu rosto com clareza.

- Quase. - Suspirou. - Basta trocar esse "K" por um "S", e terá sua salvadora.

- O que aconteceu? Onde estou? - Tentei me levantar, mas minha cabeça parecia girar, me obrigando a deitar novamente.

- Ei, se acalme! Você está em segurança agora.

- Não, a Kara, eu preciso encontrá-la antes que seja tarde!

- Já é tarde, imbecil! Ela não confia mais em você.

- Ela está com raiva, mas eu sei que ela vai me entender. - Tentei me levantar novamente, mas em vão.

- Você vai acabar morrendo se ficar com essa idéia fissurada na cabeça! - Me abraçou com força. - Não ouviu que já é tarde demais?

- Me larga! - Consegui me levantar dessa vez. - Se você me tocar de novo, eu te mato!

- Quanta ingratidão. - Me entregou uma taça que estava ao seu lado. - Beba isso!

- O que tem ai? - Levei a taça até meu nariz, sentindo o forte cheiro de sangue fresco.

- Você precisa disso para viver, ou já se esqueceu do que é?

- Como se fosse fácil esquecer! - Virei o líquido grosso e vermelho em minha boca, até a taça estar completamente vazia. Eu estava faminta!

- Se sente melhor? - Tocou minha testa. - Logo mais você irá recuperar um pouquinho das suas forças.

- Si - sim, mas a Kara, eu preciso...

- Chega de falar dela! Ela foi embora, ela não se importa com você!

- Eu - Eu... quanto tempo eu fiquei desacordada? A Esme, a minha pequena...

- Ela está bem. Eu já averiguei isso.

- E quanto a minha mulher? Por favor, me diga que ela está bem!

- Não posso dizer que está, pois ela está sofrendo muito por sua causa.

- Eu não queria...

- Não importa o que você queria! - Me interrompeu. - Você mentiu, omitiu e magoou os sentimentos dela de uma forma imperdoável. - Meu coração parecia estar sendo esmagado. - Agora ela te odeia e você precisa lidar com isso.

- Você...

- Não, eu não a machuquei! - Ela me interrompeu mais uma vez, mas parecia sincera. - Eu simplesmente deixei ela ir... e ela estava muito triste.

- Eu - Eu sou um monstro! - O peso da culpa caiu sobre meus ombros. O que eu fui fazer? - Eu preciso vê-la!

- Não há como! Você não consegue lutar contra o gelo estando tão fraca, e ela também não conseguirá por muito mais tempo.

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