O leilão

Capítulo 39

SN.

Dias se passaram desde aquela noite. Desde aquele banho de sangue. Desde que eu vi, com meus próprios olhos, do que Yoongi e eles eram realmente capazes.

A casa agora estava limpa. As marcas no chão, nas paredes... todas sumiram. Mas as cicatrizes ficaram,  não nas paredes, mas em nós.

Estávamos todos reunidos na sala. A luz baixa, computadores desligados, armas guardadas. Pela primeira vez, não era sobre guerra. Era sobre o depois.

Yoongi tava sentado, uma mão segurando a minha, a outra segurando um cigarro aceso que ele nem lembrava de fumar. Jimin e Hoseok estavam largados no sofá, parecendo exaustos. Namjoon, Jin, Jungkook e Taehyung também estavam ali, quietos, como se o silêncio finalmente fosse permitido.

- Então... - Namjoon quebrou o silêncio, cruzando os braços. - É isso.

- É. - Yoongi confirmou, apertando minha mão. - É isso.

Todas as organizações, os rastros, os nomes que estavam ligados aos meus pais... não existem mais. Cada pessoa que um dia achou que podia brincar com minha vida, com meu corpo, com meu destino... agora tá ou debaixo da terra, ou fugindo pro inferno que eles mesmos construíram.

Jin respirou fundo.

- Foram anos limpando sujeira. Hoje, a gente limpa a nossa.

- Não tem mais volta, né?.- sussurrei, olhando pra todos eles. - A vida que vocês tinham antes... a que eu tinha... acabou.

Yoongi virou pra mim, largando o cigarro no cinzeiro, e segurou meu rosto com as duas mãos.

- Acabou sim. E começou outra. Nossa.

- Uma onde ninguém toca em vocês. - Jungkook completou. - Nunca mais.

- E quem tentar... - Taehyung sorriu, sombrio. - Vai ter o mesmo fim que todos os outros.

Hoseok riu fraco.

- Isso é uma família estranha pra caramba, mas... é a minha agora.

- Nossa. - Jimin corrigiu, sorrindo de lado.

Olhei pra cada um deles. Meu peito doía, apertava, mas dessa vez, era um aperto diferente. Um aperto de alívio. De saber que, pela primeira vez, eu tinha pra onde voltar. Que meu lar... não eram quatro paredes. Meu lar... era ele. Era eles.

Yoongi se levantou, me puxando junto. Me olhou daquele jeito que só ele sabia, aquele olhar que dizia tudo sem precisar falar nada.

- Isso aqui, SN... , Ele segurou meu queixo. - Isso é o nosso fim. O fim do passado. De tudo o que fizeram com você. - Ele então sorriu de canto.- E também... é o nosso começo.

Me puxou pra um beijo. E eu juro... naquele momento, não existia mundo. Não existia problema, dor, trauma. Só existia ele.

Quando se afastou, ele disse, baixinho, só pra mim:

- Agora... a gente vive.

E assim, entre cicatrizes, amor, sangue e fogo...

Eu soube.

Que nunca mais... ninguém... ia quebrar quem a gente se tornou.

Continua..