Only Us | 𝐋𝐢𝐯𝐫𝐨 𝟐 | - (Chris Evans)

⚘ᴄᴀᴘíᴛᴜʟᴏ 18 » 𝐂𝐨𝐦𝐨 𝐬𝐞 𝐞𝐥𝐞 𝐟𝐨𝐬𝐬𝐞 𝐨 𝐒𝐨𝐥 ⚘

Estou escarlate, mas não de vergonha e sim de raiva ! Acho que em toda a minha vida — que não era muito longa por sinal — eu nunca experimentara tanto ódio. Tentava de todos os jeitos e maneiras entender o que passou na cabeça dessa mulher de vir aqui no meu camarim, no meu trabalho o qual o meu marido tambem fazia parte e dizer que veio conversar. O pior de tudo é que ela mantinha uma postura incrivelmente ereta e confiante como se a minha presença ali não lhe afetasse em nada. Ela achava mesmo que eu ficaria olhando-a e esperando que falasse todas as merdas que provavelmente sairiam da sua boca ? Não ! Isso já é audácia demais !

— Sai daqui ! — Minha mandíbula cerra na mesma proporção que meus punhos.

— Mary... eu só quero conversar — ela diz tranquila, se atrevendo a dar um passo bambo na minha direção.

— E você acha mesmo que eu tenho alguma coisa para falar com você ? — digo aturdida caminhando firme na sua direção — Que porra você tem na cabeça Jenny ? Acha que somos amigas ou algo do tipo ? Acha que simplesmente pode vir aqui e me dizer que veio conversar ? — grito em sua cara enquanto fixo meus olhos flamejantes nos seus — Não quero ouvir o quê você tem a dizer, nem sequer uma palavra ! Então antes que eu faça algo pior eu sugiro que pegue a porra da sua falta de noção e saia daqui agora — sinto a adrenalina e a tensão correrem por minhas veias.

— Por quê tem tanta raiva de mim ? Eu nunca fiz nada a você Mary, nunca nem sequer conversamos e quando eu tento você me trata como se eu fosse um monstro — Rio irônica, é sério mesmo o que eu estava escutando ? — Eu só quero conversar, sei lá, fazer você enxergar que não sou a pessoa ruim que obviamente você pensa ! — ela solta os braços ao lado do corpo.

— Acha mesmo que eu vou cair nesse papinho ? Não é um monstro para mim... É bem pior que isso — falo com ânsia — Mas eu já entendi a sua jogada Jenny, está esperando que o Chris passe por aquela porta e veja você aqui, está esperando criar um dilema e fazê-lo escolher da mesma forma que fez quando foi atrás da gente em Boston — seus olhos assumem um tom mais escuro mas em nenhum momento eu esmoreço — Está aqui porque é egoísta demais para ver Christopher feliz e não ser você a pessoa ao lado dele... eu estou errada Jenny ?

— Você não tem noção de quem realmente ele é — suas palavras chegam firmes e sem curva até mim — Acha mesmo que vai continuar vivendo essa vida feliz para sempre ? Acha mesmo que vai ser suficiente para ele pelo o resto da sua vida ? — ela solta uma risada assustadora — Está comentendo um erro gigantesco, quer dizer, já cometeu e fez isso quando se casou com ele ! Não sabe quem ele é, não sabe do que ele é capaz de fazer Mary. Eu também cai nessa ilusão, ele é bonito, famoso, realmente encantador, bom de cama... — sinto nojo nas suas palavras apesar delas não conterem nenhum sinal de sarcasmo — São flores no início, eu sei ! Jantares românticos, conversas longas sobre a vida e sobre o quão bom seria ter uma família gigantesca em Boston — A única coisa que vejo nos olhos de Jenny é uma profunda mágoa, isso reverbera em meu corpo de forma dolorida e por um segundo me sinto sem ar apesar de não demonstrar — Até chegar o momento em que a obsessão se torna algo comum, a palavra sim nem sequer existe mais e tudo o que você pode fazer é viver em torno dele, como se ele fosse o Sol ! Não é assim Mary ? Ou eu estou errada ?

O canal de comunicação entre o meu corpo e meu cérebro são cortados, uma lagrima escorre porque de alguma forma aquelas palavras parecem familiares aos meus ouvidos. Era como se ela estivesse descrevendo o lado sombrio — que eu havia conhecido mas não profundamente — do homem que voltava para casa e dormia comigo todas as noites. Tento não me importar com o peso delas, mas depois de associá-las parece mais difícil...