Tinham bisturis.
A porra de exatos 5 bisturis enormes, um ao lado do outro.
Talvez você pense que é normal, já que ele é um enfermeiro. E eu confesso, eu também pensaria assim.
Mas a diferença, é que ele é um enfermeiro. E somente médicos são permitidos a manusear esse tipo de coisa fora de um hospital.
Pareciam quase facas, de tão grandes e afiados que eram.
Minha visão já estava turva, e a tontura permanente me emergiu.
Eu não estou seguro.
Não consegui pensar em nada, além de que precisava tirar aquele homem da minha casa. Mas eu não consegui agir.
Meu dano cerebral afetou minha agilidade? Eu estava parado, encarando aquela maleta bizarra, enquanto Louis estava em um dos quartos da minha casa.
— Harry? - Sua voz soou do segundo andar, e eu dei um pulo pra trás.
Merda, merda, merda, merda.
Fechei a maleta rapidamente, e me sentei no sofá, tentando parecer calmo.
Vamos, Harry, aquelas aulas de teatro devem servir para algo. Pensei.
Seus passos se aproximavam, e percebi que Louis estava na sala comigo. Ele veio até a minha frente, e se agachou na minha altura.
— Você está bem? Precisa de algo? - Seus olhos azuis me encaravam preocupados.
— N-não, eu estou bem. - Tentei soar tranquilo, o que, claramente, não funcionou. As minhas mãos trêmulas entregavam meu nervosismo.
Ele colocou sua mão pequena em meu joelho, e eu recuei de imediato.
— Oh, desculpa. - Louis disse se referindo ao seu toque. — Se você não está bem, precisa me dizer, Harry.
Eu neguei com a cabeça.
— Eu estou bem, s-sério. Se importa se eu for, hm, deitar um pouco? É só tontura. - Eu disse num sussurro.
— Claro, não se preocupe. Vou estar no quarto de hóspedes. - O enfermeiro disse e se afastou até as escadas. — E Harry? Não exite de me chamar caso se sinta mal. Estou aqui ao seu dispor. - Louis sorriu e subiu para o outro andar da minha casa.
Puta que pariu.
Soltei uma respiração pesada, me encostando no sofá.
O que está acontecendo? Por que ele carrega bisturis? Louis tem autorização pra isso?
Eu me perguntava diversas coisas, e minha cabeça doía mais.
Não sei se eu deveria ficar desesperado com isso. Talvez ele possa manusear. Mas o meu lado policial me deixava em alerta.
Pode ser algo normal, mas pode não ser.
Farei uma breve investigação, para descobrir se há algo errado. Assim, ocuparei meu tempo, já que não voltei a trabalhar. O que me angustia.
Meu chefe não me ligou pedindo pra voltar, ou ao menos para saber como eu estou. E isso é estranho, já que com uma simples gripe, somos afastados, mas mantemos contato com Vicent, o chefe do Departamento.
Mas não irei dar foco a isso. Preciso descobrir sobre Louis e seu porte de... bisturis.
Meu estômago ronca, e eu lembro que não comi nada durante o dia.
Vou até a cozinha e preparo um macarrão rápido, e até que não ficou tão ruim. Era comestível.
Olhei para a geladeira, e encontrei uma garrafa de vinho. Fato, eu amo vinho. Mas não sabia se eu podia beber naquelas circunstâncias, e eu não ia perguntar pra Louis. Não mesmo.
Tirei meu iPhone do bolso da calça de moletom, e me encostei sobre a bancada da cozinha.
"Pode beber vinho após levar um tiro e ter um dano cerebral?" Escrevi no Google, e observei as respostas. "Médicos reprovam a ingestão de bebidas de teor alcoólico após acidentes como: infarto, ferimentos grandes, desmaio, problemas cerebrais..." Paro de ler e bufo.
Me sento na mesa da cozinha, e como em silêncio.
Me preocupei com o silêncio de casa, sentindo um pouco de medo, já que eu estou desconfiando da índole de Louis. Mas continuei a comer, afinal, eu não podia fazer nada.
Terminei minha janta, e deixei a louça na pia, fingindo que eu não precisava lavar aquilo.
Subi as escadas devagar, e parei na frente da porta do quarto em que Louis estava. Coloquei meu ouvido contra a porta, afim de escutar algo. Mas estava quieto. Extremamente quieto.
Me afastei e fui para o meu quarto, que ficava ao fim do corredor, e um pouco longe de onde Louis iria ficar nesses dias.
Escovei os dentes, e me encarei no espelho. Minha aparecia estava abatida. Meu rosto parecia tão diferente. Meu cabelo bagunçado, e eu conseguia notar os pontos na minha cabeça.
É, eu estava bem mal.
Suspirei e me deitei na cama, coloquei "Friends" na TV para assistir, afim de distrair minha mente, o que funcionou por um tempo, claro, essa é a melhor série existente.
Assisti dois ou três episódios, mas senti algo escorrer em meu braço esquerdo. Quando olhei para ver o que era, percebi que tinha sangue descendo do local do tiro, encharcando o curativo, e molhando meu braço.
Ah, não fode!
Xinguei baixinho, e me levantei. Eu não tinha como arrumar aquilo, então me restava uma última opção.
Chamar Louis.
Com receio, eu tomei coragem para abrir a porta e o chamar.
— Louis, pode vir ao meu quarto? - Falei alto o suficiente para que ele escutasse.
Que Deus me ajude.

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Danos Cerebrais - L.S
FanfictionHarry, o policial mais renomado de Londres, é baleado em um confronto com um dos maiores grupos criminais da região. Internado as preças, descobre que seu estado é delicado. Após alguns dias dentro do hospital, Harry é mandado para casa, e um enfer...