Os dias se passaram lentamente, e eu já não suportava mais aquele quarto de hospital. Afinal, quem é que gosta desse lugar?
Finalmente, hoje é o dia que eu volto pra casa. E me sinto como um campeão.
— Weee are the champions, my frieeends... - Cantei baixinho a música do Queen para mim mesmo.
Os dias haviam sido complicados. Extremamente complicados.
Eu sentia dores constantes na cabeça. Sinceramente, não sei como estou suportando.
Não sinto incômodo no braço. Ainda tenho um curativo, que terei de manter por mais alguns dias.
Mas eu não ligo. Não mais.
Eu tento me acostumar com as dores de cabeça, mas elas se tornam mais fortes a cada dia. Ou eu penso que sim.
Não importa. Dói pra caralho.
O Dr. Remond continuou me explicando, durante todos os 5 dias que fiquei no hospital, como eu deveria cuidar dos ferimentos.
Afinal, ele havia feito alguns pontos na minha cabeça. E eu não podia lavar o cabelo por alguns dias.
Isso foi a gota d'água. Sério, como eu não posso lavar meus cabelos longos, que passam do meu ombro, por mais 3 dias? Um absurdo.
Mas estava indo para casa, então, não quis me estressar com isso. E nem com nada.
Niall esteve comigo na maior parte dos dias. Ele revezava com minha irmã, Gemma, para que sempre alguém estivesse comigo.
O que, sinceramente, foi estúpido. Eu gosto de ficar sozinho. Gosto de ser minha única presença. Mas não contestei contra eles.
— Levei suas coisas pro carro. Podemos ir? - Minha irmã diz assim que volta ao quarto.
Eu concordo e saímos dali.
O ar puro entra em meus pulmões.
A luz do sol reflete em meu rosto.
Era ótimo. A sensação de estar livre era ótima.
Estava pensando como seriam os próximos dias, já que eu havia perdido muitos acontecimentos.
Eu voltaria pro Departamento Policial de Londres, e provavelmente, iríamos procurar o grupo criminoso novamente.
Eu teria minha enorme casa somente pra mim. Estaria finalmente em paz.
— Então... Tenho que conversar uma coisa com você. - Gemma disse assim que começou a dirigir para minha casa. — Você não está bem ainda, H. Por isso, tive que fazer uma coisa. E não adianta ficar bravo comigo.
Encarei Gemma ao meu lado. Eu sabia que dali, algo bom não sairia. Não após sua fala dramática.
— Desembucha, Gemms.
— Contratei um enfermeiro pra ficar com você em casa.
Eu automaticamente soltei um riso abafado. É claro que era mentira.
Minha irmã sabe que eu não gosto de ter pessoas se preocupando comigo.
Ela sabe, certo?
— Boa piada, irmãzinha. Você tem um ótimo senso de humor. - Disse debochando de sua fala.
Ela me lançou um olhar de reprovação.
Oh, não. Não, por favor. Não me diga que é verdade.
— É verdade, Harry. Você vai precisar de ajuda agora, e eu tenho que trabalhar. Não tem como. - Ela fez uma pausa. — Fica tranquilo, ele é de confiança.
— Puta que me pariu, Gemma! Você sabe que eu não quero isso. Por que você não me questionou antes? - Exclamei irritado.
— Não se estressa, Harry, pelo amor de Deus. Para de ser uma bomba explosiva. Não aja como se fosse um adolescente revoltado. - Ela fez outra pausa. — Você não aceitaria, então, decidi sozinha.
Eu juro que estava a um passo de socar o rosto da minha irmã.
Na verdade, não sei porque não fiz. Deveria ter feito.
— Você é ridícula às vezes. De verdade. - Sussurrei, torcendo para que ela não me ouvisse.
Mas por sua expressão, e por ter revirado os olhos, souber que escutou.
— Ele é de confiança, e só vai fazer o trabalho dele. É pro seu bem, Harry.
— É pro seu bem, Harry. - Imitei sua voz fina, e voltei minha atenção para a estrada.
No fundo, sabia que Gemma estava certa.
Minha memória me prega peças o dia inteiro. Não consigo me lembrar de coisas simples. Além do fato de que as enxaquecas me consomem.
Eu relaxo no banco do passageiro e fecho os olhos. Uma pontada de dor me atinge, mas finjo não ter sentido.
Se minha mente brincava comigo, por que eu também não poderia brincar com isso?
Abri os olhos quando percebi que o carro havia parado.
Chegamos em minha casa. E, wow, que saudade que eu senti desse lugar.
Mas de repente, lembro que não vou poder desfrutar do meu lar, já que um estranho vai ficar aqui.
Inferno. Já está tudo tão ruim, e ainda mais isso.
— Entra em casa, vou levar suas malas aos poucos. E não, o enfermeiro ainda não chegou. - Gemma tentou me acalmar em relação a isso.
Devagar, eu entrei na minha casa. E tudo continuava igual, mas parecia ser a primeira vez que eu via aquele lugar.
Entrei e fui em cada cômodo, forçando minha memória a decorar os lugares.
Desci para o primeiro andar novamente, e me sentei em um dos grandes sofás.
Me pergunto por que ninguém do meu trabalho me procurou, a não ser meu melhor amigo.
Não falamos sobre o acidente. Niall não quis tocar no assunto, e eu continuo sem lembrar de como tudo aconteceu.
Um barulho alto na porta de entrada me fez olhar rapidamente pro lugar.
Era Gemma, derrubando minhas malas. Ela veio até mim, e se sentou do meu lado.
— Ah, depois você arruma aquilo. Não sou sua empregada. - Ela disse ao estreitar o olhar para mim, e eu ri de sua ação.
Nós ficamos em silêncio, e submersos em nossos próprios pensamentos.
Até que a campainha toca, e minha irmã vai até o interfone.
— Ele chegou. O enfermeiro está aqui. - Ela disse ao se virar para mim, e caminhar até a porta para recebê-lo.
Mas que merda, mhm? Eu só queria ficar em paz, seria pedir muito?
Escutei sussurros, e imaginei ser Gemma conversando com o tal enfermeiro.
Ela volta para dentro de casa, e me olha no sofá.
Em seguida, um rapaz, vestido com uma clássica roupa azul de enfermagem, entra também.
Porém, mais azul que a cor de sua roupa, era a cor de seus olhos.
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Danos Cerebrais - L.S
FanfictionHarry, o policial mais renomado de Londres, é baleado em um confronto com um dos maiores grupos criminais da região. Internado as preças, descobre que seu estado é delicado. Após alguns dias dentro do hospital, Harry é mandado para casa, e um enfer...