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Em passos rápidos, Louis veio até meu quarto.

Levantei meu olhar pra ele, encontrando seus olhos juntos aos meus. Percebi que ele havia tomado banho, já que seu cabelo estava molhado, e ele não usava o uniforme de enfermeiro. Ele estava usando um conjunto de moletom cinza. Estava bonito.

Certo, foco, Harry. Lembre-se dos bisturis.

— Oh, está sangrando bastante, hm?  - Ele reparou em meu braço, e se aproximou até mim. Devagar, ele se sentou na beirada da cama, analisando o meu ferimento.

Louis pegou seu kit de primeiros socorros, e tirou uma gaze, soro fisiológico e algo para cicatrização. Engoli em seco ao ver ele se aproximar muito mais de mim.

— Eu vou limpar isso primeiro, e depois refazer o curativo. Tudo bem?  - O enfermeiro me olhou com um sorriso.

Um sorriso gentil.

Eu concordei. Ele tirou o curativo antigo, e limpou o machucado. E, porra, aquilo ardia. Eu apertei meus olhos com força, tentando não dar foco a dor.

— Desculpa, eu sei que está doendo.  - Louis sussurrou.  — Quer apertar a minha mão?
- Ele estendeu sua pequena mão na minha direção, mas eu não peguei.  — É, desculpa.  - Ele disse baixinho, e recolheu a mão.

Eu suspirei. Será que eu deveria ter aceitado? Eu deveria ser mais gentil com ele? Estou com medo de tudo. Receio de fazer uma decisão errada.

Sei que estou sendo uma má pessoa com ele, mas eu preciso ter certeza de quem ele é. Estou apreensivo com isso.

Seu toque corre pela minha pele. Ele é extremamente delicado, e consigo perceber que ele está tentando não me fazer sentir dor, mas é em vão.

Louis terminou o curativo, e guardou suas coisas.  — Pronto, não irá sangrar novamente.  - Ele ficou de pé e pronto para sair do meu quarto.

Num estalo, sem ter realmente certeza do que eu estava fazendo, fiz a pergunta que eu não devia.

A única coisa que eu deveria ter guardado para mim mesmo.

— É, hm, por que você carrega, sabe, aquilo lá?  - Disse nervosamente.

Porra, Styles. Parabéns por ser um policial merda. Eu ia investigar isso, não perguntar a ele.

Louis me encarou desconfiado, sem me entender.  — Carrego o que, Harry?

— Aqueles... bisturis. Naquela outra maleta, sabe?  - Eu disse em um tom de voz baixo, fitando o chão.

Ele pareceu ficar mais confuso ainda. E eu estava completamente nervoso.

— Por que eu sou enfermeiro, Harry. No hospital que eu trabalhei, tive autorização pra manusear esses aparelhos. Só isso.  - Ele disse calmamente.

Eu respirei aliviado. Que ótimo que Louis é realmente quem eu achei que era.

Mas meu lado policial, bem ruim naquele momento, me despertou.

Ele pode ter inventado isso, já que sabe que eu sou policial.

— Você tem algum documento que comprove?  - Minha voz grave soou.

— Claro.  - Ele disse e tirou sua carteira do bolso de trás da calça, pegando um documento e me entregando.

Eu li atenciosamente, prestando atenção nos detalhes. Não era falsificado. E, de novo, um alívio tomou conta de mim.

Eu o entreguei o documento de volta, e encarei minhas próprias mãos.

Acho que Louis ficou constrangido, já que pegou suas coisas e caminhou em silêncio até a porta.

— Desculpa, Louis.  - Eu disse olhando para ele.  — Eu fiquei assustado com isso. Desculpa por desconfiar de você.

Ele me lançou um sorriso tímido.  — Está tudo bem, Harry. Eu sei que não foi por mal, não se preocupe.

Eu sorri de volta, e ele saiu do meu quarto, me deixando sozinho de novo.

Isso foi bom. Agora, não me preocupo tanto com a presença de Louis aqui.

Eu me deito e olho para o relógio: 23:28. Já me sinto cansado, então fecho os olhos, e logo, o sono toma conta de mim novamente.

Acordei algumas vezes durante a noite, mas sempre voltava a dormir. Só despertei completamente na manhã seguinte.

Fiz a mesma rotina de sempre, e desci as escadas em silêncio, não tendo certeza se Louis já havia acordado.

Um cheiro delicioso inundou a sala, e logo estranhei, já que não havia ninguém para cozinhar.

Entrei na cozinha em silêncio, e me deparei com Louis preparando o café da manhã. Vi que a louça da noite passada já estava lavada.

Que vergonha.

Ele parecia animado em estar cozinhando, e fazia alguma receita com bastante atenção, não reparando em minha presença.

Eu me encostei no batente da porta, e fiquei observando ele.

Não ele em si, é claro. Observei o que ele estava fazendo na minha cozinha.

Louis se virou pra trás, e finalmente percebeu que eu estava ali. Ele sorriu desajeitado.

— Bom dia, Harry. 

— Bom dia, Louis.  - Limitei-me em dizer.

— Espero que não seja um problema eu estar me aproveitando da sua casa.  - Ele riu um pouco.  — Sua irmã me permitiu, mas caso você não queira...

Eu o interrompi antes que ele continuasse. — Claro que pode, Louis. Fique confortável aqui.

Percebi que sua bochecha ficou corada em um tom de vermelho.

— Eu te chamo quando estiver pronto, não fique de pé esperando.

Eu sorri.  — Vou estar na sala.

Sai e fui até o sofá.

Até que a companhia de Louis não era tão ruim assim.

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