Não havia desmaiado por completo, podia ouvir vozes distantes, alguém a carregava descendo algum lugar, onde ela não conseguia distingue entre os olhos quase fechados. O buburinho sobre ela eram vozes conhecidas, alguém estava pedindo para outro pessoa se acalmar?
Cama confortável, alguém alisava seu cabelo.
Entre esse meio tempo devia ter amanhecido, pois a brisa fria da manhã entrou pela janela fazendo ela resmungar com a sensação repentina. Bastet abriu os olhos levando uma luminosidade inesperada.
Malu foi a primeira pessoa que viu, a jovem exibiu um sorriso puxando a deusa para um abraço caloroso.
— Cat! Meu deus, eu fiquei tão desesperada e... — ela não conseguiu terminar emocionada.
— Estou bem, Malu — Bastet tentou tranquilizar a garota.
Apesar do desconforto em seu corpo, tudo aparentava estar em ordem, a não ser o quarto que estava. Conhecia aquele lugar e não havia mudado muita coisa.
Olhou para malu que a fitava carregando uma expressão de culpa.
— Espero que você me perdoe — a jovem sussurro, desviando os olhos. — Foi minha culpa, ele apareceu me oferecendo ajuda, digo Dionísio, me mostrou poderes que eu nem sabia que tinha. Eu errei em confiar nele, mas já tinha o visto tantas vezes nas exposições do museu, achei que era uma boa pessoa até que quase perdi você.
Não foi surpreendente os meios que Dionísio usava para articular seu plano, mas justificava como Malu tinha conhecimento sobre ele. Se havia algo que ela agradecia era não ter que se preocupar com ele.
— Não se culpe, você não fez nada — Bastet pediu, acaraciando o rosto da garota. — e Mason? Você o viu?
Lembrara que tinha pedido para ele a esperar lá, a essa altura o mortal já teria suspeitado de algo. Querendo ou não, Bastet já o incluía na sua imortalidade.
— Encontramos ele perto do portal, eu e Tarden o levamos pra casa — ela contou. — Claro que não disse nada sobre você, se ele soubesse não sairia de lá até te ver.
— Típico dele — ela sorriu, sabendo o quanto de confiança ele depositava nela.
— Mudando de assunto, nós podíamos caminhar um pouco, se você achar que está bem.
Seria ótimo poder sair daquele cama, aparentar invalidez incomodava a deusa, até um passeio pelas sinuosas ruas do submundo era melhor que ficar deitada. Bastet levantou, calçado as sandálias e organizando seus fios.
— Acho que a caminhada pode esperar.
Parado na parede escura do quarto, Hades observava ela com um sorriso caloroso. O deus do submundo, vestia de preto como esperado, embora seus cabelos caíssem como cascata sobre o rosto, os olhos amarelados fitaram ela intensamente.
— A-ah sem problema — Malu falou, percebendo a intenção do deus.
Passando por Hades, Malu acenou discretamente, algo que não passou despercebido pela deusa, pelo visto tiveram tempo para trocar algumas palavras.
Bastet se aproximou dele aceitando seu braço, ambos passaram pela sua fortaleza, a felina ponderava que talvez não fosse tão intimidador como aparentava. Seguindo por um novo caminho, os dois se matinham em silêncio enquanto o vento frio levava as mechas de cabelo.
O que se vira a fez arquejar, pequenas árvores de pequeno porte rodeadas de flores, que iam de um vermelho à branco, entre as gramíneas.
— Creio que você ainda não conhecia o Campos Elísios — Hades indicou, para o paraíso diante deles.
Muitos contos e histórias foram destinados para este lugar, embora nada descreveria suficiente a beleza que seus olhos viam.— É estarrecedor — ela sussurrou, maravilhada com a visão de tudo aquilo.
Ficaria por horas admirando o local, a sensação a levou de volta para os bons tempos que vivera na sua juventude. Mas, seu olhos voltaram-se para o Hades, lembrou como a presença dele foi decisiva anteriormente.
— Você está melhor? — ele inquiriu.
— Graças a você — ela agradeceu, abraçando ele repentinamente.
Quando fora o momento exato, ela não recordava, tudo em Hades fazia ela se sentir melhor, seu cheiro, seus braços em torno da cintura, a forma como ele acariciava seu cabelo, tudo sintetizou uma boa sensação.
— Não — ele afastou levemente, para tocar no rosto dela. — Foi você, Bastet, sempre extraordinária.
— Fiquei com medo — ela reconheceu, a ideia de cometeu um erro tinha assombrado ela.
— Não queria falar isso agora — ele parecia receoso. — Mas não será fácil daqui em diante, outros vão surgir e rumores irão se formar, porém, vou estar aqui por você. Mas me escute, quando digo para você não fazer nada por impulso.
Ela temia o que seu poder iria desencadear, ganância moveria deuses para ir atrás dela ou de Tarden, o que ela via como maldição, outros olhavam como uma via de obter seus desejos mais intrínsecos.
— Eu sei — ela sussurrou, fitando os olhos de Hades, que demonstravam preocupação.
Havia uma coisa que ela comprimiu por muito tempo, tentava se convencer que era melhor assim. Mas, ali estava ele, com todo erros e acertos entre dois, tinha algo mais forte que os ligavam.
Deixando as incertezas para trás ela passou seus braços no pescoço dele, puxando para perto, os lábios macios do deus cobriram o dela, liberando toda leveza e amor contidos ali, queria sentir assim por todo eternidade e faria isso se realizar. Separando suas bocas ela olhou para ele, com a floresta ao fundo.
— O amei desde que me olhou assim.
Ela sorriu o beijando novamente e se afastou seguindo entre as flores e o aroma que propagavam, que todos os problemas esperassem. Agora sua única vontade era estar ali.
FIM
Bastet e Hades podem ter mil problemas nesse possível futuro, mas acredito que o amor deles superam (meio clichê haha, porém acredito nisso)
Grata por todo o carinho e mensagens, eu amei escrever esse livro e espero que vocês tenham gostado ❤.
E em breve vem mais projetos por aí ;)Bjs e se cuidem.
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Ascensão [LIVRO 2]
FantasyMarcas são lembretes de feridas recentes ou não, Bastet tem muitas delas, invisíveis aos olhos de humanos e deuses, mas ainda estão presentes lembrando de suas escolhas e ressentimentos. O mundo se reinventou, mais moderno e conectado, os deuses est...