Puberdade

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A boa notícia é que finalmente tive tempo pra escrever. A má notícia é que o tempo veio porque estou de-sem-pre-ga-da!
Uhul!
(Rindo de desespero)
Mas eu me diverti muito escrevendo, então eu não estou tão triste por isso.
Enfim, boa leitura e aceito críticas. Me avisem sobre eventuais errosnde continuidade, para que eu possa corrigir depois.

Jade e Crystal eram pequenas demais para lembrarem quando prometeram nunca se separarem. Elas eram como uma extensão uma da outra, tinham um jeito próprio de se comunicarem, e às vezes pareciam que uma podia sentir o que a outra sentia, desde a angústia até a dor física. No entanto, elas lembravam muito bem de quando juraram que nunca dariam a luz a uma criança. Foi quando assistiram a um parto pela primeira vez.

A mãe das gêmeas atuava como curandeira em sua pequena aldeia, e também era a responsável por trazer ao mundo as crianças das famílias residentes. A mulher era boa no que fazia, e às vezes era chamada para atender uma ou outra família mais abastada fora da vizinhança. Elas não tinham irmãos, o pai estava cada vez mais doente, e elas acabaram por aprender os ofícios da mãe, para o caso de não conseguirem um casamento antes de ficarem órfãs de vez. A primeira vez que ajudaram em um parto, Jade decidiu de imediato que nunca teria filhos. Foi um inferno na casa das gêmeas quando ela era a favorita das irmãs para ser desposada, sendo obviamente a filha mais saudável e mais ativa pro serviço doméstico. Crystal era doce e obediente, e havia quem a achasse de alguma forma mais bonita, mas era tão frágil, sempre adoentada, que só um homem apaixonado a consideraria uma opção viável. Mesmo ela, naquela noite, tinha decidido que viveria uma vida de celibato.

Até que os homens decidiram por ela que não iria.

Jade foi a primeira a saber porque sentiu angústia e desespero que não lhe pertenciam. Crystal estava arruinada para sempre, tanto física quanto moralmente. O pai dela havia ficado tão furioso que quis matar o homem com as próprias mãos e talvez tivesse feito se ele fosse um homem mais jovem, ao mesmo tempo que brigava com Crystal por ser uma pirralha estúpida. Sua mãe tomou as providências para evitar mais desgraças para a vida da pobre moça, mas o ato deixou sequelas, e todos sabiam que ela não ia durar muito mais. 

A pobre mãe tentou de tudo em seu desespero. Tudo mesmo. Recorreu aos caminhos mais sombrios, e mais tarde ela questionaria senão teria sido melhor deixar a gêmea mais nova encontrar seu descanso na própria morte. Quando a transição foi feita, algo quebrou ali dentro. Não tinha muito haver com a humanidade. Tinha haver com algo muito mais precioso do que qualquer coisa material que havia sido roubado dela.

Jade quase morreu para que sua irmã completasse a transição. Quando percebeu o que havia feito, era quase tarde demais. Quase.

Séculos se passaram, e as gêmeas seguiam juntas pelo mundo, inseparáveis. Então, porque, naquela única noite em que Jade estava sozinha em meses, ela sentia como se estivesse sendo arrancado um pedaço de si? Quando a sensação se tornou insuportável ao ponto de puxar seu corpo de joelhos, só um nome veio a sua mente, e ele deixou seus lábios em um suspiro de luto.
— Crystal…

***


Zero era facilmente entretida com coisas coloridas e brilhantes, como desenhos animados na TV, brinquedos para crianças de três anos e cartas de Tarot personalizadas e pintadas a mão, o que não queria dizer que ela não estava prestando  atenção aos demais detalhes, como o cheiro de sálvia queimando, o calor do aquecedor e a conversa entre Damon e Ayla, que tornava sua respiração difícil, mesmo que ela não precisasse do oxigênio.

— Olha, não tem como isso acontecer — o vampiro resmungou entre os dentes. — Vampiros não podem procriar e eu não seria tão azarado de ser a única exceção.

Zero - Klaus MikaelsonOnde histórias criam vida. Descubra agora