Invasão de Domicílio

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É preciso deixar claro que Ayla não foi convidada para a residência dos Salvatore. Mas as bruxas não precisavam de convites para invadir a casa de ninguém e, em sua defesa, fazia dois dias que ela estava à procura de sua responsabilidade autoimposta. Então ela entrou carregando a sua pequena bagagem e deixou claro que só sairia de lá quando "o imbecil do Damon Salvatore" ajudasse a trazer Zero de volta.

— Não é sua “amiga hippie"? — Elena perguntou, desenhando aspas no ar. Ela tinha razão em desconfiar de novas pessoas chegando na cidade. Ela tinha um ponto por isso.

— É, minha “amiga hippie" — Ayla imitou a outra, o deboche escorrendo de seu tom —, que sumiu depois de sair para encontrar o híbrido do mal por culpa dele.

Damon encarou Ayla parecendo indignado com tamanha acusação. Elena também o encarou como se o acusasse.

— Minha culpa? Por que é minha culpa se ela virou as costas pra você?

— É sua culpa — reforçou — porque ela é em parte uma lobisomem. É instinto procurar um bando pra não ficar vulnerável. E, caso não tenha notado, ele é o mais perto de um híbrido alfa que se tem conhecimento. Você é sem dúvidas um péssimo p…

— Não diga essa palavra — a interrompeu, aparecendo repentinamente diante dela. Ayla sentiu os joelhos tremerem por um momento, porém manteve o queixo erguido.

— …e é por causa dessa postura que agora eu tenho um projeto científico macabro foragido, e a última coisa que eu preciso é daquele bando de enfermeiras malucas vindo atrás dela depois de todo o trabalho que deu tirar eles do nosso pé.

— Certamente, porque você é uma bruxa disposta e altruísta que teve todo esse trabalho sem esperar obter nada com isso — Damon respondeu, venenoso. Ele sabia melhor que ninguém como as bruxas não se metiam com vampiros a troco de nada.

Elena pareceu considerar o que a bruxa estava dizendo. Ela nunca havia parado para pensar na dinâmica dos lobisomens, mas fazia todo o sentido. Klaus era até então o primeiro de sua espécie e também o único que eles sabiam que podia criar outros como ele, então era óbvio que ele seria o alfa dessas criaturas.

— E se o seu plano é me fazer me sentir culpado até eu ceder em te ajudar… — tentou continuar, antes de ser bruscamente interrompido por Ayla, que estava ficando de saco cheio de birras.

— Na verdade, você me ajuda com o seu sangue para um feitiço de localização. Eu não sei em que lugar macabro um híbrido pode esconder alguém para torturar.

— Torturar? — Elena indagou. — Achei que ela tinha ido por vontade própria.

— Ela é a primeira da espécie que não veio dele. Você acha mesmo que ele não vai tentar extrair informação?

— Porque ele não é mais o único… é claro — concluiu.

Ayla rapidamente preparou a mesa de centro com um mapa. Elena estranhou como ela não fazia toda a preparação que ela estava acostumada a ver Bonnie fazer para praticar sua magia, mas ficou em silêncio.

— Eu só preciso achar ela e depois a gente dá o fora de Mystic Falls.

Damon suspirou resignado.

— E você só precisa do meu sangue?

— Não é o meu método favorito. Mas eu não conheço muito bem a cidade, e a Zero muito menos, então vamos ter que recorrer a meios mais… primitivos.

Ayla não mencionou que ainda não estava cem por cento com sua magia. Damon não precisava saber que ela estava vulnerável. Ela já havia entendido que o vampiro ajudava ela com o intuito de se livrar dela e de Zero sem levar mais danos para si mesmo.

Zero - Klaus MikaelsonOnde histórias criam vida. Descubra agora