Calibre 69 - Shortfic.

Por Ela.

  Já se sentiu desesperado ao ponto de sentir o mundo parar? De sentir o seu peito doer pelo ar que você não consegue tragar? Já sentiu tanto medo, ao ponto de querer ir se esconder de baixo da saia da sua mãe, como diz o ditado? 

  Eu nunca havia sentido isso... até agora.

   Eu já vivenciei o terrorismo de perto, já me senti um péssimo policial ao ver que na minha ronda alguém foi morto em um assalto e com isso eu sentir que não consegui fazer o trabalho direito, já me senti o pior atirador do mundo quando um homem bomba conseguiu fazer uma das vítimas de refém e na hora H eu acabei fazendo merda. Mas, eu juro por tudo que há de mais sagrado nesse mundo: que eu nunca me senti tão incapaz quanto na hora que vi aquele filho da puta levando Camila para longe de mim. Meu tiro parecia tê-lo atingido, mas ainda assim não fui capaz de fazer as coisas direito.

Batimentos acelerados, respiração ofegante, suor escorrendo pela minha testa e quinze... Quinze malditas balas sobrando no meu pente e o bastardo saiu sem saber que lhe restaram essas para ele levar como presente, o que esse imbecil não contava era com a minha inteligência e esperteza. Não fiquei parado esperando que uma porra de milagre acontecesse.
Puxei meu distintivo e ordenei que um cara que estava prestes a sentar na moto, me desse o veículo e sem muitas explicações eu apenas disse que o encontraria depois. O jaguar já havia sumido pela pista e naquela altura do campeonato, eu pilotava cegamente procurando por rastros ou por qualquer sinal dele, infringi várias leis chamando atenção de alguns policiais que colaram no meu rastro. Os pneus da moto cantavam na pista e mais acelerado que ela, só meu coração que simplesmente disparou ao encontrar o filho da puta virando a esquina, meu pulso estava virando o acelerador no máximo os sinais vermelhos não existiam, barreiras não existiam, na minha frente era só ela quem dominava. Seu sorriso, seus olhos, ela por inteira. No fundo da minha mente eu conseguia ouvir sua voz, muitas vezes mandando em brutamontes, em mim... esse magnetismo que só ela tem me tira do sério.

Não é tarde para dizer que eu me apaixonei por ela.

E eu prometo lutar por ela, para conquistar seu coração, para fazer Camila entender que sou eu quem ela merece, só.

E foi com uma breve lembrança de sorriso no meu rosto que vi a morte de perto, foi em questão de segundos e não deu tempo de desviar da armadilha de pregos que eles jogaram no meio da pista. Os pneus estouraram e eu fui arremessado para sabe Deus onde e antes de cair na inconsciência pedi aos céus ou quem quer que fosse que protegesse Camila.

Porque nada vai me parar se ele a machucar.

Nada.