Decidida.

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Passar por um trauma e se recuperar rapidamente do mesmo, talvez seja um trunfo de poucos por aí, ser resiliente não quer dizer reconstruir-se de maneira ligeira e mesmo depois de alguns meses, ainda não conseguia digerir muitas coisas do que vivi...

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Passar por um trauma e se recuperar rapidamente do mesmo, talvez seja um trunfo de poucos por aí, ser resiliente não quer dizer reconstruir-se de maneira ligeira e mesmo depois de alguns meses, ainda não conseguia digerir muitas coisas do que vivi ali. Me sentia dura por dentro, parecia que uma parte minha havia morrido há cada murro ou chute, a cada hora que passava, a cada palavra, a cada ação... a cada ato do meu pai depois disso. Não há perdão para os fracos e corruptos, não há espaço para covardes.
  Costumo pensar que tudo o que nos acontece é necessário, passar por aquelas situações, foi essencial para meu crescimento interno, para que eu enxergasse a vida além do que achava que ela era. Hoje eu tenho alguém, um parceiro que protege as minhas costas, que cuida da Camila mulher, da Camila policial, que me protege dos meus pesadelos e que me incentiva, dia após dia.
  Quem diria que eu, que virava as noites atrás do próximo, estaria deitada de conchinha, assistindo uma comédia, comendo porcaria e aceitando que eu não poderia estar melhor. Nós somos tão... perfeitos um para o outro que completamos nossas imperfeições. Nós somamos, nós somos diferentes e ao mesmo tempo parecidos.

Antes era eu, agora somos nós e eu amo pensar nele como a minha dupla. Como meu parceiro, como meu futuro.

— Vai estar de plantão amanhã? — Me arrepio com sua voz ao pé do meu ouvido.

— Não, terei o fim de semana livre e você?

— Não tive tanta sorte, parece que ultimamente essa cidade está piorando cada vez mais.

— A tendência é essa.

— Por que eu não virei padre? Eu ficaria tão bonitinho de batina... maldito seja eu do passado!

  Minha gargalhada soa alta, porque com ele não existe meio termo, tudo é melhor e mais intenso.

— Não, você ficaria horroroso e eu não poderia te secar se estivesse coberto de pano e com um crucifixo enorme sobre o peito, seria pecado desejar sentar em você também... — Shawn me aperta contra si, rindo forte, sinto meu corpo vibrar junto com o seu. — Um homem de Deus...

— No fim das contas eu sou só um corpinho bonito para você usar, que mulher infernal! — Me viro para ele, encarando seu rosto com falso espanto.

— Pensei que tivesse entendido isso desde o início gatinho!

— Ah, é? Vai pagar por isso!

Um ataque de cócegas me faz pedir desculpas e o que mais ele me pede, logo em seguida mais um ataque, dessa vez de beijos. E eu amo tudo isso, adoro cada momento, parece errado não tê-lo aqui quando estamos livres de serviço. Longe da farda, me permito que a mulher normal surja e fique. Ele me deixa leve e faz com que os meus pensamentos sejam dele, que não foque minha atenção em outra coisa que não ele.

  Mas mal sabe ele que não faço questão de tirá-lo deles.

  Os dias corriam de maneira nada tranquila, Shawn tinha razão quando falava que as coisas só pioraram. Os números de denúncias por abusos cresciam mais e mais a cada minuto, houveram situação em que fui uma déspota e abusei do uso da minha autoridade. Recebemos a denúncia de que uma garotinha de seis anos estava sendo abusada por seu padrasto, as informações que obtive é que ela trabalha mais que ele e em algumas situações ele era quem buscava a menina na escola e ficava com ela até que a mãe retornasse, nada se sabe do pai criança ou de outros parentes próximos. Soube que na maioria dos dias a criança fica com os avós e resta saber se esse é o único abuso que a pequena sofria. Ouvi dos meus colegas que ele tem passagem, a ficha é tão suja quanto a sua alma e ele também é usuário de drogas. Trata-se de uma família desestruturada, sem condições financeiras... uma mãe batalhadora que mal tem tempo para respirar, acaba por se envolver com um merda desses sem saber onde está se enfiando, na denúncia consta que eles estão juntos há anos, devidamente implantado, ele tem toda a confiança dela sobre si, então é óbvio que ela sequer desconfiou de algo.
 
Esperei com paciência até a sua colaboração, já sabíamos que ele era o estuprador, mas suas negações e ofensas com a mãe da criança, sua maneira doentia de falar da menininha... não consegui me segurar diante de tanto deboche, não suportei e acabei por usar minha faca tática... que juro!, sem querer ela caiu e foi fincar na mão dele.

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⏰ Última atualização: Feb 24 ⏰

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