1. Vadia do 4A

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Lili Reinhart

Eu estava passando mais tempo em bares e casas de shows do que na minha casa ultimamente. Madelaine, minha melhor amiga que conheço há três anos, tinha a mesma vibe festeira que eu, não se importando com as dores de cabeça na manhã seguinte. E agora eu estava ouvindo ela chorar como uma criança depois de finalizar uma ligação com seu namorado – agora ex – que foi insensível o suficiente para terminar com ela no mesmo dia em que ela ficou desempregada.

— Sabe o que eu deveria fazer? — soluçou, tomando mais uma dose de tequila. — Eu deveria ligar para a polícia e denunciar as drogas que aquele merdinha esconde na última gaveta da cômoda.

— Mads, você não vai querer se meter com esse tipo de coisa. — fiz uma careta. — Para mim você se livrou de um idiota.

— Vamos parar de falar do idiota. — respirou fundo, enxugando suas lágrimas. — Como vai sua busca por emprego? Agora que eu também não tenho um nós deveríamos virar colegas de quarto.

— E aí nós acumularíamos dívidas juntas! — fui sarcástica. — Acorda, Madelaine.

— Eu soube que eles estão contratando aqui.

Nós estávamos em uma casa de shows que sempre estava lotada e era frequentada por pessoas como nós, da classe média. Apesar de não ser um local chique era bem receptivo e os cantores que se apresentavam eram muito talentosos.

— Eu fui uma péssima garçonete no meu último emprego e olha só onde eu estou. Gastando minhas últimas economias em vodka barata. — bufei.

— Não estão contratando garçonetes e sim cantores.

— Você ouviu aquelas pessoas no palco? É um nível muito acima do meu.

— Você está se subestimando, Lili. É tão ou até mais talentosa do que qualquer um que ouvimos cantar esta noite.

— Eu não acho que você esteja totalmente certa, mas eu estou desempregada de qualquer forma, tenho que atirar para todos os lados antes que os avisos de despejo apareçam na minha porta.

— Então você vai tentar? — os olhos da ruiva brilharam de animação.

— Vou. — sorri.

Morei no interior do estado durante toda a minha vida. Não tive uma família das melhores, minha mãe era negligente e alcoólatra, passou os últimos dias de sua vida internada em uma clínica de reabilitação, mas já era tarde para ela. Fui criada pela minha avó paterna, já que o meu pai passou a maior parte da minha vida preso. Apesar disso, ele me enviava cartas semanalmente e trazia presentes quando era liberado no natal e no dia dos pais. Ele me tratava muito bem, me amava incondicionalmente, mas não se esforçava em se manter na linha e sempre acabava longe de mim por causa de algum deslize.

Chegou um momento em que eu apenas cansei de toda essa merda. Minha avó faleceu, então eu fiquei sozinha por oito meses, trabalhando em uma lanchonete com um patrão pervertido e nojento. Tudo o que eu queria era juntar as minhas moedas e ir para Seattle reconstruir a minha vida. E foi exatamente o que eu fiz. Peguei a minha grana, a minha caminhonete velha, mandei o meu patrão ir chupar o próprio pau e caí na estrada.

Antes de sair definitivamente da cidade, fiz uma última visita ao meu pai, que me implorou para não partir e esperar que sua sentença terminasse. Não seria a primeira vez que eu esperava por ele. Meu pai saiu da prisão várias vezes com a promessa de que tudo seria diferente, mas nunca era. Ele sempre voltava aos seus negócios ilegais porque para ele era mais fácil ganhar dinheiro daquela forma do que arranjar um emprego de verdade. Não havia mais esperanças da minha parte.

Your Skin ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗOnde histórias criam vida. Descubra agora