9. Morte exímia

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Christopher dormiu no hospital. Passou o dia todo no quarto com Hyunjin, assistindo a filmes duvidosos e discutindo inúmeras maneiras de sobreviver a um futuro apocalipse zumbi — acreditavam veementemente que aconteceria mais cedo ou mais tarde, então gostavam de pensar estarem apenas se preparando para o dia.

Enquanto se divertiam, médicos e enfermeiros visitavam o quarto do Hwang para conferir se estava tudo bem e se precisavam de alguma coisa. Chan até conheceu Jisung nesse meio tempo, outro amigo que Hyunjin tinha feito durante os dias no hospital. E, bem, não havia nenhum quadro indicando a piora do enfermo. Não até a madrugada do dia seguinte, quando a enfermeira notou um descomunal suor em Hyunjin.

Eram quatro da manhã. Chan dormia em uma poltrona, ao passo que Jisung e Changbin dividiam uma espreguiçadeira embaixo da janela. A vistoria de rotina nos pacientes tinha acabado de começar e Hyunjin sempre era o primeiro a ser verificado — Han e Seo eram um bônus.

Hwang estava suando. O rosto estava vermelho e o suor pingava, o travesseiro completamente molhado pela excreção em excesso. O monitor indicava 38 e meio de febre, a pressão e batimentos cardíacos caindo cada vez mais e extremamente rápido, até não mostrar mais nada. A enfermeira ligou as luzes, apertou o botão de emergência e gritou:

— Código azul!

Os demais garotos se assustaram com a movimentação e acordaram num súbito. Changbin, o mais racional, retirou Jisung, o emotivo, do quarto; este último já não conseguindo conter o choro. Chan se levantou num súbito, com as mãos sendo freneticamente passadas pelos fios de cabelo, tentando pensar. Sentiu-se na pele de Hyunjin: não podia falar, apenas sentir.

— Chan — chamou Changbin. — Acho melhor você vir.

Bang não o fez. Mesmo com dois médicos e três enfermeiras trabalhando em manter Hwang vivo, Chan não ousou sair da sala, porque sabia que o outro tinha medo de estar sozinho mesmo quando só tinha um fio de vida.

— Carregar — disse o médico. — Afastar. Choque.

O barulho pareceu despertar Christopher. Ficou estático e com medo. Muito medo. Era Hyunjin, a pessoa que amava, morrendo.

— Aumente.

— Doutor, já está em 210...

— Aumente!

A enfermeira obedeceu e aumentou a carga do choque. 230.

— Carregar, afastar. Choque.

Mais uma vez. Depois mais duas tentativas. Na última, o coração de Hyunjin voltou a bater e o monitor a indicar a frequência. Todos respiraram aliviados.

— Leve-o para a UTI. Quando acordar, verifique se não houve nenhum dano ao cérebro, ficou cinco minutos sem oxigênio.

E, então, Chan saiu do quarto. Do lado de fora, Jisung abraçava Changbin.

— E aí? — perguntou o Seo, baixinho.

— Trouxeram de volta. Ele vai para a UTI, eu acho.

— Não se preocupe, ele é forte.

— Acho que não dessa vez.

Hyunjin não pôde receber visitas durante dois dias. Na terça-feira pela manhã, Chan já estava lá. Sempre esteve.

— Posso entrar? — perguntou ele ao médico que saía do quarto.

O homem hesitou antes de confirmar, mas não sem antes dar rígidas instruções ao garoto:

— Precisa passar por desinfecção primeiro. Essa é uma sala esterilizada, então vai vestir uma roupa especial e passar por uma espécie de câmara.

Hyunjin morre no finalOnde histórias criam vida. Descubra agora