Christopher Bang nasceu com privilégios de berço. Desde os tataravós ele esteve em uma posição privilegiada da hierarquia econômica e social, mas isso nunca foi motivo para que se gabasse. Os Bang tinham princípios a serem seguidos à risca, e o primeiro deles era respeito.
Quando criança, Chan foi ensinado que o dinheiro não poderia nem deveria ser usado como arma de boicote ou como uma maneira alternativa de fazer o mal, seja ele em qualquer formato. E, como uma boa e inteligente criança, Christopher cresceu obedecendo e ouvindo, e quando se ouve demais, sabe-se demais.
As paredes da casa dos Bang sempre teve ouvidos. Os empregados ouviam as negociações do patriarca, enquanto o pequeno garoto crescia ouvindo as brigas dos pais e continuava seguindo o segundo princípio: eles eram perfeitos. O futuro da família era baseado em serem perfeitos de corpo e alma, então as aparências sempre importaram mais do que o esperado.
Nas festas chiques que iam, Christopher precisava vestir ternos apertados e abotoaduras de ouro 18 quilates. Hannah, a irmã mais nova, usava vestidos chiques e tiaras gloriosas, porque ainda era um bebê e não podia escolher muita coisa sozinha além da hora de chorar. Os pais os criaram à sua imagem e semelhança.
No período de desenvolvimento de uma pessoa, é comum que perguntas surjam, mesmo as mais estranhas ou pessoais, qualquer coisa que leve a questionar o sistema de uma família tradicional: pai, mãe, um filho que herdaria tudo e uma filha que daria apoio financeiro à empresa de transporte da cidade. Mas desenvolver inclui um rito de passagem insistente baseado no questionamento de "por qual motivo devo seguir as regras?". E mesmo que isso não fosse a pergunta principal de Chan, havia um motivo maior que o fez discordar de viver na toxicidade que carregava o sobrenome Bang.
Aos 15 anos, a face verdadeira do que eram veio a calhar. O pai era abusivo e a mãe alcoólatra, tudo disfarçado sobre a imagem de um pai que trabalha muito e uma esposa que faz o possível para mantê-lo na linha ao mesmo tempo em que cuida da casa e dos filhos, apenas para não dizer que eles cresceram com pais ausentes e que não se importavam. Isso não quer dizer que todas as famílias ricas e privilegiadas são iguais, e é por isso que Chan questionou.
— Por que não podemos ser iguais às outras famílias? Felizes e que se apoiam e se amam.
Àquela altura, é claro, ninguém foi capaz de responder; porque, quando o filho passa a ter razão sobre os pais serem os vilões, significa que está tendo a influência errada de um amigo errado. Nunca é culpa dos pais ou do ambiente destruidor e impiedoso — é algo ou alguém. E quando os adultos sabem que não é nenhum dos dois, o filho se torna um delinquente juvenil que passou a odiar a família. A resposta sempre é a mesma:
— Te damos tudo do bom e do melhor e é assim que você nos agradece?
E se o primogênito ousa responder:
— Mas não tem amor aqui.
É quando os pais cometem o maior erro de todos os tempos:
— Você não é da família.
O processo de independência de Christopher Bang nasceu de um ódio genuíno pelo ambiente onde vivia, não pelos pais. Ele queria viver em uma realidade diferente, em uma onde tinha controle sobre si mesmo e das próprias ações, apenas para se sentir seguro e amado de verdade por alguém. Então decidiu que, em forma de entender o que aconteceria com a família no futuro e não estragar o sobrenome Bang, viveria sozinho e em paz.
O apartamento que escolheu não era dos melhores, mas era o suficiente para começar. O importante era começar. Tinha 16 anos quando se mudou, uma semana antes de ver que outro garoto da mesma idade tomou uma decisão parecida e passou a viver dois andares acima do seu.
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Hyunjin morre no final
RomanceHyunjin estava calmo. Os pingos da chuva no telhado do hospital o deram esperança de que um dia acordaria curado, da mesma forma que um dia acordou doente. hyunchan | sad ending