0.10 O verdadeiro Heeseung

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0.10 O verdadeiro Heeseung

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— Você chegou atrasado hoje. Aconteceu alguma coisa?

Fui recebido por mamãe assim que coloquei meus pés dentro de casa. Eram quase sete e quinze e ela me esperava sentada no sofá junto de meu pai e uma Yeji extremamente irritada – e visivelmente faminta também –

— Nada, só passei na casa dos meninos — Eu disse retirando meus sapatos. Mamãe murmurou um "entendi" ao que já se preparava para levantar. — Desculpa o atraso. Aconteceram algumas coisas essa semana e eu precisava conversar com eles.

— Tudo bem. Se for para o seu bem, eu relevo sem nem pensar duas vezes. — Ela sorriu. Embora eu saiba o quanto mamãe odeia que eu chegue atrasado para o jantar, ela passou a se esforçar muito comigo depois que teve uma certa conversar particular com minha psicóloga. E eu não vou mentir, gosto muito desse esforço.

— Eu não relevo nada. Na verdade, estou te julgando neste exato segundo — Yeji entrou na conversa. — Existem pessoas famintas nessa casa por causa do seu atraso.

— Que saudade do seu drama. É agora que você coloca a mão na testa e cai para trás? — Ela me deu língua e papai riu de meu comentário.

— Muito engraçado, Sunghoon — Ela caminhou até o pote de ração de Gaeul e colocou um pouco de comida ali. Poucos segundos depois consegui escutar suas patinhas arranharem o chão de madeira. — Até o Gaeul está faminto. Mais um dia de atraso e você vai matar a gente de fome.

— Exagerada.

— Ela não está errada — Ergui uma sobrancelha para meu pai. — Mas a culpa é da sua mãe com essa regra que todo mundo tem que jantar junto.

— É praticamente a única refeição do dia que temos com todo mundo junto! — Ela gritou da cozinha, provavelmente aquecendo a comida que se esfriou pelo meu atraso. — Sunghoon, já foi tomar banho?

— Tô subindo agora! — Respondi.

Yeji foi até a cozinha, e papai, quando estava prestes a acompanha-la, parou ao meu lado enquanto eu subia o primeiro degrau.

— A gente pode conversar um pouco?

Meu coração acelerou por alguns minutos, mesmo sem motivos. Eu tentei não transparecer nada dessa sensação enquanto o respondi.

— Claro.

E então nós seguimos para o meu quarto.

Assim que entramos, coloquei a mochila por cima da escrivaninha e fechei a porta. Meu pai se sentou na cadeira, e eu fiquei de frente para ele sentado na ponta da cama.

— Eu sei que geralmente não temos esse tipo de conversa — Ele começou. — E sei também que como pai e filho nós deveríamos falar disso com mais frequência.

Não fiz nada além de concordar. Meu coração martelava tão forte em meu peito, quase como se ele soubesse algo sobre mim que nem mesmo eu tivesse consciência.

— E eu também sei que você tem problemas para falar dessas coisas, mas... — Ele desviou o olhar, visivelmente nervoso. Talvez tanto quanto eu, ou pior. — Você disse que aconteceram algumas coisas essa semana. Se quiser conversar sobre isso... você sabe, eu sou péssimo em conselhos, mas sou um ótimo ouvinte.

Um suspiro de alivio quase me escapou pelos lábios.

— Entendi — Um arrepio passeou pelo meu corpo. — Não foi nada demais, só... umas coisas aí. Mas não precisa ficar preocupado. Eu vou lidar com isso.

Como Gelo, Sunghoon... (JAKEHOON)Onde histórias criam vida. Descubra agora