0.15 O poder do seu beijo.

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0.15 O poder do seu beijo.

Não conhecer os outros ao seu redor é péssimo, mas não conhecer a si mesmo, é dez vezes pior.

Durante muito tempo essa era minha sensação de vida. Como se existissem dois ou mais de mim, versões que eu jamais me orgulharia. Versões que vagam por aí e voltam nos piores momentos, destruindo o que havia tido um avanço.

Essa é  a sensação que eu sinto, mas não importa o quanto eu tente, minhas versões nunca parecem entrar em consenso. Chega a ser humilhante e desesperador não conseguir controlar a si mesmo, não conseguir controlar a própria merda que sai de sua própria boca ou não conseguir controlar a vontade incontrolável de machucar alguém que você ama mais do que tudo.

É claro que eu falo de Jake.

Todos meus pensamentos e preocupações são direcionadas a ele. A pessoa no mundo inteiro dentre bilhares de imbecis que menos merece ouvir qualquer merda sair de minha boca. Qualquer pessoa, menos ele.

— E então? Combinado?

Minha psicóloga está sentada a minha frente, com a sua agenda da semana que vem no colo. Estou prestes a fazer algo que talvez venha a se tornar um desafio mais para a frente na minha vida, talvez, esse pequeno teste mude completamente minha visão de mundo e principalmente como eu enxergo a mim mesmo.

Desafios são concluídos todos os dias na vida de qualquer pessoa, o que custa eu enfrentar algum também?

— Combinado, até a próxima sessão, noona.

Ela sorri, parecendo verdadeiramente satisfeita e realizada com minha mudança de atitude.

O assunto era o seguinte: Jaeyoon me deixa feliz. Atualmente, ele é a única coisa que me deixa feliz de verdade. Minha psicóloga sabe disso melhor do que ninguém, já que 90% das nossas sessões se tratam sobre mim reclamando sobre algo que falei a ele e o quão culpado eu me sinto por isso. Claro que meu momento babaca na biblioteca virou tópico de discussão, mas optei por omitir alguns detalhes, como o fato dele ser apaixonado por mim – e eu possivelmente por ele – e o acontecimento na enfermaria.

Ela optou por um teste depois de muito tempo analisando o caderno em que relata nossas sessões. Jaeyoon viria comigo em alguma sessão futura, e ela gostaria de observar meu comportamento com ele do lado. Eu não concordei com isso de primeira, mas mesmo após meses frequentando a psicóloga, eu sinto que em nenhum momento fui eu mesmo. Nunca demonstrei um pingo de felicidade ou do meu verdadeiro eu.

Então, não custa nada tentar. Provavelmente vou receber um novo diagnóstico, o que vai piorar minha situação, mas tudo certo, porque eu já estou no fundo do poço. Então, que diferença faz descer alguns metros a mais?

(...)

Faz duas semanas que não vou a aula.

Nesse meio tempo, tenho feito estudo a distância e treinado todos os dias com o meu treinador. Também venho tentado adquirir novos hábitos e criado novos métodos para controlar a minha ansiedade.

Uma vez, me disseram que o corpo tem um gasto de energia para cada dia, e que se essa energia não é gasta em um longo período de tempo, ela se manifesta nos sinais de ansiedade, insônia, e nos casos mais graves, uma leve depressão.

Faria total sentido se eu já não gastasse toda essa energia todo santo dia desde que comecei a competir. Deslizar no gelo não é a mesma coisa que trabalho braçal, mas ainda assim é cansativo pra cacete.

Dentro destas duas semanas, não fiquei um único dia sem conversar com Jaeyoon. Talvez seja isso que vem me ajudado a manter minha sanidade mental, já que todos os dias temos feito ligação antes de dormir. Eu o atualizo de tudo o que vem acontecendo comigo.

Como Gelo, Sunghoon... (JAKEHOON)Onde histórias criam vida. Descubra agora