0.13 A melhor sensação de todas.

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0.13 A melhor sensação de todas.



Minha cabeça dói.

Meu corpo inteiro parece queimar como se eu estivesse correndo e suando no mais quente deserto com o sol reinando sobre minha cabeça. Meus olhos doem tanto que mal consigo a proeza de abri-los direito. Minha boca tem um gosto amargo e minha garganta dói ao que engulo em seco.

Respiro fundo, e mesmo com muita dor, abro meus olhos desejando gritar de dor com a claridade que me ataca assim que o faço. Minha cabeça arde ao que tento me sentar na superfície macia.

Olho em volta, estou em uma cama com muitos travesseiros e um edredom grosso de lã. Por poucos segundos me pergunto na casa de qual desconhecido eu havia parado, mas reconheço o ambiente assim que rolo meus olhos em volta. É o quarto de Jake. Suspiro aliviado.

Esfrego as mãos no rosto tentando de toda forma trazer alguma lembrança do dia anterior. Que merda eu fiz ontem? O que eu fiz depois de beber? A única coisa que eu peço ao Sunghoon do passado é que não tenha feito nada de estúpido para envergonhar o Sunghoon do presente.

Repenso meu dia de ontem e tenho leves vislumbres da noite. Consegui me lembrar de Jake encharcado na chuva e de acordar dentro de um carro. De Jaeyoon me ajudando a tirar minhas roupas e de seu irmão me carregar escadas a cima. Nada mais me vem à mente, mas consigo me lembrar de Jaeyoon pedindo para que eu durma e de eu implorando por carinho até que caísse no sono.

Logo ao lado da cama há um criado-mudo, em cima, além de um vaso de flores de lavanda e o controle da TV, há também uma bandeja contendo um copo de água com dois comprimidos ao lado e um bilhete.
Reconheço a caligrafia, é Jake.

“Bom dia! Se estiver lendo isso, significa que eu estou passeando com a Layla! Esse comprimido é bom pra ressaca (segundo meu pai). Pode tomar os dois, prometo que não é veneno! Até depois :)”
– Jaeyoon (e Layla!).

Sorrio junto com a carinha feliz no final do bilhete.

Nada no mundo consegue descrever o tamanho do meu alivio quando o líquido desce pela minha garganta. Embora eu ainda deva precisar de mais uns dez litros, um copo de água já ajuda a acordar meu corpo e a fazer com que o gosto amargo em meu paladar se dissipe um pouco.

Com muita dificuldade, caminho pelo quarto até o banheiro me surpreendendo com a primeira coisa que vejo assim que abro a porta: uma imagem de mim mesmo destruído no reflexo do espelho. Há muito tempo eu não me via tão mal. Também noto a roupa que uso: um conjunto de moletom. O mesmo que Jake me ofereceu para usar no dia em que minha família precisou dormir aqui.

Minha cabeça arde assim que entra em contato com a água gelada da torneira, assim que percebo que abri a válvula errada, abro a certa e respiro fundo lavando o rosto com a relaxante água quente.

São dez e meia. Sei disso pelo relógio digital que enxergo assim que saio do banheiro. Jake não costuma caminhar esse horário, ele o faz de tarde depois de comer, nesse momento, deve estar ajudando Luke a fazer o almoço do dia, pelo o que me recordo, de manhã costuma acordar e observar o nascer do sol.

Ando até a sacada e arrasto a cortina sendo bombardeado pela claridade que ficou centenas de vezes mais forte. Olhando novamente depois de fechar os olhos com força, vejo o tempo chuvoso e nublado reinar sobre os céus. Dias chuvosos são os meus preferidos, uma pena que esteja acontecendo quando meu dia anterior tenha sido preenchido de más situações.

O som da porta sendo aberta me deixa em alerta e eu me viro esperando que a pessoa apareça, rezo para que seja Jake. Não faço ideia do que aconteceu no dia anterior e não quero perguntar nada para outra pessoa que não seja ele.

Como Gelo, Sunghoon... (JAKEHOON)Onde histórias criam vida. Descubra agora