0.6 Park Sunghoon sonhador.
Mamãe tinha gostado do cachorrinho, para minha surpresa.
Já era domingo e por mais impressionante que pareça ninguém estava em casa. Pra começar Yeji tinha saído pra tomar sorvete, aparentemente sozinha até onde eu tenho conhecimento. Papai tinha a levado até a sorveteria mas acabou ficando por lá ao que parece, e por último mamãe, que pegou o cachorrinho branco em mãos e sumiu pelas ruas de Seoul.
Ela não havia sumido de fato, eu até desconfiei no começo de que ela poderia ter fingido ter gostado do cachorrinho e estaria o levando nesse exato momento para o lugar de onde ele teria vindo.
Por fim acabei mudando de pensamento depois que ela me enviou uma foto do cachorrinho deitado em uma mesa de veterinário enquanto uma moça de luvas e vestimentas brancas o acariciava.
Inicialmente, eu nunca imaginaria que seria tão fácil assim convence-la a ter um animal de estimação, eu praticamente só havia chegado e mostrado o cachorrinho branco – que inclusive ela insiste em chamar de Gaeul por motivos de não sei – e ela aceitou facilmente, sem questionamentos, caras feias, ou qualquer coisa que envolvesse gritaria.
E sobre meu pai, bom... não há muito o que falar, ele só segue a onda de mamãe, se ela diz não, ele também nega, mas se sim, ele também diz sim. Sempre foi desse jeito e não mudaria agora apesar de que eu tenha conseguido notar sua relutância para com um animal em casa.
Tudo isso aconteceu na sexta de tarde logo depois da minha chegada da rua, vinte minutos antes de me despedir de Jake e surpreender meus pais com um cachorrinho embrulhado em uma jaqueta em mãos.
A primeira reação de mamãe foi se espantar e perguntar o que aquilo significava – com certeza ela já sabia por causa do extinto de mãe, mas pelo visto queria uma confirmação – e logo depois de uma mini explicação de como eu havia o encontrado e de como eu queria cuidar do animalzinho, sua expressão de surpresa se suavizou rapidamente.
Consigo me lembrar claramente do nosso diálogo, isso porque uma dúvida vem me cercando desde então. A dúvida era clara como um cristal e envolvia uma terceira pessoa, quando a contei sobre Jaeyoon e sua expressão mudou rapidamente esse questionamento foi levantado, havia minha mãe permitido o cachorro em casa porque adotá-lo tinha sido uma ideia vinda de Jake?
Apesar da resposta ser claramente um "sim", eu não me incomodei em como ela parecia estar aceitando e forçando qualquer interação mínima entre nós dois ou qualquer coisa que remetesse ao australiano, – a adoção de Gaeul tinha sido uma ideia dele, então a ligação entre nós dois estava no cachorro – ela parecia estar animada com o fato de que estamos nos comunicando bem, e isso já não me preocupa mais.
A única coisa que me preocupava agora não tinha o nome "Jake" e nem o sobrenome "Sim". O que assombrava meus pensamentos era outra coisa mais assustadora e tenebrosa do que uma nova vaga sendo aberta nos relacionamentos da minha vida.
As competições, elas eram piores e estavam me matando por dentro.
Receber a agenda de treinos e de competições futuras foi uma facada no peito tão dolorosa quanto uma adaga em chamas, não necessariamente apenas no peito, mas as chamas se espalhavam pelos pulmões, para o estômago e por fim para as minha pernas.
Não era exagero, eu juro que não.
Eu me lembro bem da época de competições do ano passado, o ano retrasado tinha sido muito ruim e exaustivo também, mas não como o ano anterior que uma nova era de emoções e sentimentos estava começando dentro de mim.
Naquela época eu estava no segundo ano do ensino médio, e segundo a opinião de muitos, o pior e mais difícil ano da escola dentre o ensino médio. Estava sendo extremamente torturante passar os dias estudando e logo em seguida sair direto a caminho da pista de patinação, treinar durante horas, fazer as lições de casa durante os intervalos, voltar a treinar, ir pra casa, socializar com a família, se encontrar com os amigos, estudar para as provas e trabalhos do colégio, cuidar da minha saúde física e por fim, ter oito horas de sono completas – e eu nunca conseguia as oito horas de sono, mesmo nos dias atuais –.
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Como Gelo, Sunghoon... (JAKEHOON)
Dla nastolatkówSunghoon não imaginaria que sua vida se transformaria tão repentinamente com a presença de alguém novo. Sim Jake era um rapaz transferido da Austrália, o rapaz quieto e gentil não precisou fazer o mínimo de esforço para chamar atenção do galanteado...