O show deve continuar.
Acordar não é mais um pesadelo e respirar se tornou mais fácil.
Não que a terapia esteja surtindo algum tipo de efeito, para ser sincero, eu mal vejo diferença nas minhas conversas com a psicóloga e muito menos sinto alguma diferença quando deixo de tomar meus remédios em algum dia da semana. As coisas melhoraram, mas não acho que o tratamento tenha tamanha credibilidade.
Eu poderia dizer que as coisas estavam se ajeitando pouco a pouco, um mês e meio se passou e não é como se eu estivesse tentando por minha vida nos trilhos novamente, sozinha, no piloto automático, tudo pareceu se resolver a minha volta e as coisas estavam se acalmando em todos os âmbitos.
Eu detesto ter de jogar o mérito de tudo isso para outra pessoa, mas talvez Jaeyoon merecesse isso. Ele, por meses, têm sido a minha verdadeira terapia. Toca-lo, conversar com ele, escutar suas risadas, tudo, tudo surte um efeito terapêutico em mim, não que eu me orgulhe de minha óbvia dependência emocional, mas contanto que eu o tivesse junto de mim, nada disso importaria.
Agora é novembro o que significa que o inverno estaria chegando em breve na Coreia, consequentemente, as olimpíadas nacionais de inverno também estavam se aproximando e depois de passar o ano todo me preparando para elas, a última coisa que eu esperaria seria um grande fracasso nas competições.
Embora eu estivesse morto de ansiedade, nada poderia me impedir de ganhar em todas elas, muito menos meu mais forte concorrente e um dos meus melhores amigos, Heeseung, que neste exato momento, me encara como quem está prestes a me xingar.
— Tu fez isso muito de proposito. — Theo dissera pela trigésima vez enquanto coloca gelo na testa do outro.
— Já disse que não foi por querer — Respondo, suspirando fundo. — Eu ganho dele sem precisar que ele esteja machucado, sou um cretino mas um cretino que se garante nas habilidades.
— A vontade de te esganar é gigante, viu, Sunghoon — Hee murmurou, quase rangendo os dentes. — Sorte sua que essa porra tá doendo.
Embora estivesse engraçado observar a situação, ainda era minha culpa que ele tenha se machucado. Claro que seria maravilhoso se ele estivesse inapto de competir, mas da mesma forma, eu jamais teria coragem de machuca-lo de proposito só para ter mais chances de ganhar alguma coisa.
— Eu sinto muito mesmo, de verdade — Os dois me analisaram por um tempo, em silêncio. Bufei alto, só de pensar o que eles imaginavam de mim, me dava vontade de vomitar.— Para com isso, vocês me conhecem, sabem que eu jamais teria essa intenção.
— Uhum, claro.
Theo revirou os olhos enquanto voltava a atenção para o oficialmente namorado me deixando com uma tentação enorme de realmente causar um certo nível de dor em ambos. Me contive. Se eu estivesse no lugar de Theo com Jake na situação de Heeseung, eu estaria igualmente puto
— Entendo vocês dois, mas do jeito que vocês falam parece que foi tudo articuladamente planejado. — Disse, tentando por um pouco de humor para que o clima não pesasse.
— Não dá pra saber, você só tem andado com aqueles dois ultimamente.
— E o que caralhos isso tem a ver com a discussão?
Theo deu de ombros e eu juro que tive vontade de começar uma discussão daquelas bem longas e recheadas de gritos. Olhei para Heeseung, ele sorria comprimindo os lábios como se implorasse pelo meu silêncio, e eu o fiz, mesmo relutante.
O Brasileiro seguiu os próximos minutos inteiro enchendo o ambiente de abobrinhas e em qualquer ocasião tentando enfiar Lucas e Yuri na conversa, pensei que talvez Heeseung estivesse fazendo algum tipo de caridade ao começar a namorar esse cara. Não era possível que só eu o enxergava desta forma.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Como Gelo, Sunghoon... (JAKEHOON)
Roman pour AdolescentsSunghoon não imaginaria que sua vida se transformaria tão repentinamente com a presença de alguém novo. Sim Jake era um rapaz transferido da Austrália, o rapaz quieto e gentil não precisou fazer o mínimo de esforço para chamar atenção do galanteado...