2. MERECIDO DESCANSO

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As duas garotas percorreram o extenso corredor, passando por vários buracos que se ramificam nas grandes extensões que percorriam a base subterrânea. A aurora da lua atravessava alguns rachados que o teto terroso e irregular tinha, deixando um filtro avermelhado em contraste com o fastidioso marrom monocromático das paredes.

A caminhada durou até chegarem de frente a um buraco coberto por cortinas vermelhas já esfarrapadas e cheia de remendos. Sasha se pôs a frente e a empurrou para o lado com o braço livre.

- Ok, você deve rodar um dado de vinte lados. - Falava um sapo vestido com uma túnica roxa e uma barba branca falsa.

- Droga, odeio esses dados. - Respondeu uma voz grave de uma enorme rã caolha, que usava armadura e uma tiara de bronze na cabeça.

- Grimmer?! O que você... Isso é minha tiara?!

Sasha olhou confusa aquela situação. Envolta da grande mesa de madeira que havia no centro da sala, sentados estavam o segundo comandante Grimmer, junto a dois sapos e uma salamandra alaranjada com a cabeça coberta. Na mesa em si existia um tabuleiro com um mapa, bonequinhos de lama e dados de diversos lados.

Anne ria baixinho de fundo, entrando ao lado de Sasha.

- Sasha! - ele se engasgou. - Quer dizer, comandante. Perdão pelo constrangimento repentino, estávamos apenas aliviando o estresse com esse jogo de interpretação! - enquanto isso o resto do grupinho guardavam as tralhas aos tropeços. - Aliás, eu sou um ótimo ator, faço a princesa guerreira-...

- Claro, claro, depois procuro um espacinho pra vocês, mas agora estamos com problemas. - Cortou Sasha puxando Anne para perto da mesa, e pegando a tiara da cabeça de Grimmer.

Sasha se sentou, soltando lentamente a mão de Anne, fazendo questão de deslizar o polegar da palma até o dedo médio. Já Anne sentou numa cadeira de frente a sua amiga, encarando distraída todas as coisas que tinham na sala.

- Ainda não entendo aquela estátua, mas é bem feita... - sussurrou pra si mesma.

Grimmer se recompôs, indo ao lado de Sasha.

- Então comandante, que tipo de problemas dessa vez?

- Um cidadão veio até mim com a mão toda destruída, estava roxa, seca e cheia de fungos - ela ergueu uma sobrancelha - sabe o que é? Alguns robôs do Andrias estavam na aréa, de acordo com ele.

A expressão de Grimmer ficou pensativa e sombria ao mesmo tempo, o que fez Anne - que brincava com um dos bonequinhos de lama - focar completamente na conversa.

- Só podem ser fungos do crepusculo, maldito Andrias! - ele socou a mesa, e isso com certeza deu mais uma rachadura na mesma. - Doente! Louco! Sei que suas ações são contra a moral, mas isso é demais também.

- Ei cara, se acalma, - interviu Anne - o que são esses fungos malucos?

- Armas proibidas à lei de guerra, garota. Eles são nocivos e matam em poucos minutos, ter esse tipo de fungo é crime em Amphibia, e qualquer lugar que possa ter proliferação tem que ser notificado e contido.

- Cara... isso é bem assustador. - Anne encarou Sasha em busca de respostas.

Essa que por sua vez bocejou profundamente, para em seguida expirar bem devagar buscando calma em seus nervos.

- Algum batedor disponível para uma varredura no perímetro? E como lidamos com isso?

Grimmer pôs o dedo indicador e polegar sobre o queixo.

- A maioria ou tá fora, descansando ou feridos, e sobre a solução, recomendo proteção do corpo e luz solar, eles são frágeis até os mais fracos raios do pôr do sol.

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