7. DE VOLTA PARA CASA

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A noite passou quase num piscar de olhos, e assim como a Lua se foi para dar espaço ao Sol, era hora também daquela missão chegar ao seu fim.

Dormindo juntas num sofá lotado de almofas, Sasha e Anne finalmente reagem aos primeiros raios de luz que entraram pelas janelas. Anne foi a primeira a abrir os olhos, e um sorriso se formou em seus lábios.

— Você manteve sua promessa mesmo né… — sussurrou para si ao ver Sasha ainda dormindo ao seu lado.

Anne tentou novamente fechar os olhos, mas um barulho de explosão vindo da garagem fez ela saltar do sofá, e Sasha que ainda roncava acabou por no impulso acompanhar Anne, porém ao tentar cair de pé, foi direto ao chão.

— O que tá acontecendo?! — gritou Anne no desespero, para então notar sua amiga caída. — Sasha! Você tá bem?!

Ela se ajoelhou, botando a mão no ombro de Sasha. Seus cabelos loiros estavam desgranhados, colados em todo seu rosto; esse que tinha um olhar pesado de sono, sobrancelhas pra fazer e um tique nervoso na pálpebra direita.

— Malditos machucados… — balburciou irritada. — Eu tô bem… O que foi isso?...

Anne ajudou ela a levantar, e se sentar no sofá.

— Fica de repouso, eu vou ver — ela ia se afastando, pegando uma das espadas de Sasha. — Aliás, você baba enquanto dorme.

A outra demorou um pouco para processar, e quando veio a cabeça franziu as sobrancelhas.

— Eu não!... — Anne já tinha ido. — Que saco… — ela voltou a se deitar, e caiu no sono no mesmo segundo.

Anne foi em direção ao barulho e abriu a porta na base da ignorância, e o som foi tão grande quanto o da explosão (tanto que se ouviu mais um "tuc" de Sasha caindo no susto).

— Tem algo de errado aqui?! Onde está a treta?! — Anunciou Anne.

— Ei, ei, ei, não tem nada de errado aqui! — Meg respondeu enquanto balançava os braços acima da cabeça.

Realmente, na garagem havia apenas um esqueleto de metal completamente desmontado e Meg - sua pele translúcida havia desaparecido, dando espaço a uma camada de graxa -, e ao lado de ambos tinha um motor que soltava fumaça escura e todo o chão ao seu redor tinha ficado preto.

— Eu só tava consertando ele — Meg continuou —, considerando todas as coisas que vocês me falaram, e que obviamente eu vi, resolvi fazer umas modificações

Amme suspirou em alívio, e escorou na batente da porta.

— Que bom, essa máquina era bem doida.

— Vocês fizeram um estrago, admiro suas habilidades de luta — disse Meg com um sorrisinho enquanto se passeava por dentro do dorso da máquina.

— Que nada, hehe — Anne corou. — Mas bem, sobre o convite…

Meg parou, e saiu entre fios e fumaça. Sua expressão era séria e seus olhos carregados de pensamentos, mesmo que no fundo, parecessem decididos.

— Olha, Anne humana — ela desceu e foi em direção a garota. — Eu pensei sobre isso, e… — ela suspirou — …infelizmente não poderei participar diretamente da causa.

— E por quê? — Anne arqueou as sobrancelhas.

— Bom… não posso abandonar meu pai. Claro, eu posso oferecer remédios e afastar o cogumelo de vocês, só que diretamente não vou poder… desculpe. — Ela abaixou a cabeça e desviou o olhar.

Anne engasgou com as palavras, as memórias preencheram sua cabeça, memórias dos dias com sua família. Não só isso, mas também veio a imagem da família Plantar… naquele momento, seu coração se encheu de emoção.

CRÔNICAS DA REVOLUÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora