A descoberta de Lua

Início de um sonho

Hoje é o primeiro dia de aula da faculdade de psicologia, estou muito animada, me esforcei tanto para conseguir essa vaga, finalmente estou realizando o meu sonho de morar fora do Brasil e cursar o que eu amo. Não foi fácil chegar até aqui, foram 2 anos de muito estudo, planejamento, pesquisa, mas cá estou eu, prestes a começar a viver o futuro que tanto planejei.

Estou morando em Londres, consegui uma bolsa integral na Universidade de Westminster. Morar sozinha em uma cidade grande, para uma garota de cidade pequena, é um desafio, mas eu adoro desafios.

Olho para o relógio e são 6 da manhã, tomo um banho, visto uma calça wide leg e uma blusa de lã preta de gola alta, não muito grossa, pois estamos em Setembro, então a temperatura fica em torno dos 15 graus, e um casaco preto impermeável, pois aqui chove bastante, e eu odeio usar guarda chuva. Faço uma maquiagem leve, ajeito meu cabelo com um pente garfo, pego minha bolsa e saio em direção ao metrô.

Um dos pontos ruins de morar em cidade grande, é que nada é perto, eu não posso ir simplesmente andando para quase lugar nenhum, mas em compensação eu adoro andar de metrô, como nasci e fui criada em uma cidade do interior do Rio de Janeiro com no máximo 30 mil habitantes, não tem metrô lá.

Passei por uma cafeteria no caminho, pedi para levar um croissant e um caramel latte, fui comendo até a bilheteria eletrônica, para comprar meu ticket semanal, que é válido para ônibus e metrô, pois semana que vem irei fazer um mensal, assim economizo uma grana. Demorei um pouco para achar qual linha deveria pegar, mas logo que achei, corri para a plataforma, validei meu ticket e esperei 3 minutos. São 40 minutos de viagem até a estação mais perto da universidade, então tirei um livro da minha bolsa e dei play no álbum "Coisas de Geração" de Lagum.

Quando me dei conta, já estava lá há mais tempo do que deveria, olhei para o nome da estação que indicava ser a próxima, e já estava 3 estações à frente da minha. Estava tudo indo muito bem para ser verdade, que saco! Eu tinha que me distrair né, não poderia ter coisa mais Lua do que isso. Desci correndo, e fui para outra plataforma, em sentido contrário da que eu estava indo, mas dessa vez prestei atenção. Quando entrei no metrô, olhei pro relógio e eram 7:15h, tenho 10 minutos para chegar na sala, só falta eu chegar atrasada logo no meu primeiro dia.

Logo que chegou na minha estação, coloquei o endereço da faculdade no Google Maps, sim, eu sei, eu deveria ter feito esse trajeto antes, e não no primeiro dia, mas enfim, comecei a seguir as indicações que o aplicativo me dava, e em menos de 5 minutos, estava na porta da universidade de Westminster. Respirei fundo, fechei os olhos e entrei, logo reparei os armários nos corredores, bem coisa de filme mesmo, peguei na minha bolsa o meu horário que continha a sala que eu deveria estar há 2 minutos, mas os corredores estavam cheios, então ao que tudo indica, as aulas ainda não devem ter começado. Andei pelo primeiro piso inteiro e nada, andei pelo segundo e nada, já estava começando a ficar nervosa, então me encaminhei para o terceiro piso, já estava perdendo as esperanças quando achei a sala!

Antes de entrar dei uma espiada e vi que a professora ainda estava organizando a sua mesa, dei um suspiro de alívio quando me dei conta que não estava atrasada, bati na porta e ela me deu permissão com a cabeça. Logo me acomodei em uma das cadeiras vazias no meio da sala, tirei meu caderno e uma caneta azul da mochila, e fiquei a postos, pronta para começar a prestar atenção na professora. Mas ao invés dela simplesmente começar a aula, avisou que precisava de um café e voltaria em 5 minutos, quando a ouvir dizer isso bufei, não acredito que corri igual Usain Bolt para chegar e a professora pedir 5 minutos.

Mas enfim, não posso fazer nada além de esperar, pude observar várias pessoas conversando entre si quando a professora atravessou a porta, mas eu fiquei na minha, afinal, não conhecia ninguém, quando ia pegar o livro que estava a ler no metrô da minha bolsa, ouço uma voz grossa do meu lado.