A bellydancer e o machista

Começo de tudo.

Hoje eu acordei bem cedo, não consegui dormir até tarde, o que dava muita raiva, geralmente eu morria de sono na semana, era só chegar sábado que meu corpo resolvia madrugar. Ao invés de ficar reclamando eu resolvi me levantar, nem tirei o pijama, eu ia fazer tudo sem pressa, me ajoelhei e fiz minha oração matinal, agradeci pelo dia lindo que eu teria. Fui fazer meu café e já aproveitei para olhar o dia lindo que estava fazendo, precisava arruma a casa, lavar as roupas e depois concentrar todo meu tempo em me arrumar, hoje anoite eu terei uma apresentação importante e quero que tudo saia perfeito, fiquei dois meses seguidos montando e ensaiando essa coreografia e espero dar um show. Esperei uma mensagem do meu casal de amigos, Jorge combinou comigo de me buscar e levar anoite. Primeiro deixa eu me apresentar né, me chamo Layla, tenho vinte seis anos, moro sozinha há pouco tempo, meu irmão morava comigo, mais casou tem cinco meses. Eu trabalho com vendas, sou funcionaria de uma grande empresa durante a semana, após o trabalho dou aulas de dança do ventre, me formei há dois anos, mais confesso que nunca me imaginei nessa profissão, eu nunca me interessei por aulas de dança, quando ia para baladas, costumava dançar tudo que tocava, mais não tinha talento para nenhum estilo em especifico. Sentei-me para tomar café e fiquei me lembrando de como aconteceu à dança na minha vida. Quando completei vinte anos, eu resolvi sair de casa já estava trabalhando e fazendo faculdade, apesar de amar muito meus pais, eu não queria viver essa responsabilidade, sabia que não seria fácil, afinal eu teria que pagar aluguel, ao mesmo tempo da minha faculdade, enquanto arcava com resto. Mais eu não me importava com nada disso, sempre tive o que comer beber e roupa para vestir, mais na minha família ninguém lutava por mais, eles não ligavam para festas, cinema, passeios sequer pensavam em fazer viagens, a única vez que vi eles saírem, foi quando fomos para a praia, onde eu conheci o mar aos treze anos, depois disso só voltei lá porque meu irmão fazia questão de me levar, ele sempre namorou e trabalhou então me levava para diversos passeios, e isso foi criando uma vontade de desbravar o mundo, as coisas, e todas as oportunidades. Eu cresci acreditando que precisava sobreviver trabalhar, estudar e ter uma religião, e tudo isso faria parte da minha vida, se não fosse meu irmão

Ele sempre foi rebelde, ousado, não gostava muito de seguir regras, mas ao mesmo tempo ele trabalhava, ajudava em casa, e fazia de tudo para me incluir em diversas coisas, como um lugar novo para comer, um passeio. Então depois de completar dezoito anos, eu conheci algumas pessoas, comecei a sair mais, tive meu primeiro namoro, que não durou muito, pois ele queria me prender e eu não aceitava isso, queria ser livre, viver tudo que o mundo pudesse me oferecer, talvez seja meu signo em sagitário com ascendente em libra. Comecei a fazer faculdade com ajuda do meu irmão, mais as coisas ficaram pesadas e quase tive que trancar a matricula, mas graças a deus eu consegui um emprego. Estava tudo indo bem, até que eu comecei a sair com a galera da faculdade toda sexta e sábado, meu pai não gostava disso, e dizia que lugar de mulher era dentro de casa, eu sempre fui relevando, e não me importava, mas um desses dias eu bebi além da conta, e cheguei à casa toda suja, tropeçando pela casa, dando risada, e para minha falta de sorte, meu pai estava acordado e quando me viu naquela situação, mesmo bêbada eu senti o gosto do desgosto em seu semblante. No dia seguinte tive que encarar uma ressaca e vários sermões, dentre eles um que me fez querer a independência total. Meu pai me olhou nos olhos, e me disse – Não tive filha para andar igual homem, bebendo, indo de balada em balada, e sabe-se lá mais o que você fez, quem vai querer casar com você assim filha? – eu não quero mais te ver nessa situação, enquanto viver na minha casa você vai seguir regras, de agora em diante, você só sai para faculdade, e trabalho, qualquer festa a mais esta encerrada. - ao finalizar me olhou com desgosto e saiu. Aquele dia eu fiquei bem mal, a noite fui melhorando, e me deu um estalo gigante. Meu irmão sempre saiu para a balada, já chegou bêbado diversas vezes, teve varias namoradas, e nunca vi meu pai falar uma vírgula sequer, então porque comigo era diferente, só porque era mulher?- fiquei pensando sobre isso e tomei uma decisão, não estava com raiva dele, mas não queria viver assim, o mundo tinha muito a oferecer e eu queria mais. Esperei estar segura no trabalho, meu salario havia aumentado e comecei a fazer pesquisas de alugueis, meu irmão viu minha pesquisas e tentou me convencer a não sair, mais depois de muita conversa ele me contou que também ia sair, e claro eu que não sou boba logo me ofereci para morarmos juntos.