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Diego

A semana foi tediosa, parece que quando não estamos bem tudo ao nosso redor fica ruim também nisso incluindo até as coisas que gostamos de fazer. Eu estava a meia hora de frente para o computador sem reagir, apenas balançando a caneta em meus dedos de um lado para o outro e Gabriel me despertou quando adentrou a minha sala do nada.

— Sabia que antes de entrar se faz "toc toc" na porta?

— Vou te mostrar meu "toc toc" — fez careta enquanto fazia aspas com a mão e eu bufei — O que está pegando, bonitão?

Nem uma simples pergunta eu estava conseguindo processar direito. Após uns segundos em silêncio eu olhei para o mesmo que estava espera de uma resposta.

— Umas coisas aí.

— Com o moleque?

—Não, ele está bem. Graças à Deus! — suspirei.

— Entendi já o do problema e ainda bem que eu não sou casado — dei o dedo médio pra ele que jogou uns papéis na minha mesa antes de sair — está aí o que você pediu, só vim fazer o frete da papelada.

— Obrigado — peguei os mesmos e me ajeitei na cadeira.

Eu, que dominava qualquer tipo de assunto ligado a negócios da empresa não estava entendendo nada escrito em letras quase minúsculas naquele papel. Parecia que estava lendo em grego de tão longe que minha cabeça estava. Manuela estava tão estranha, andava tão inquieta as vezes como se guardasse algo para si e logo ela que sempre foi tao aberta comigo.

Nós passamos a ser melhores amigos um do outro a partir do momento que decidimos ficar juntos e essa era a parte que eu mais amava da nossa relação. A nossa cumplicidade.

Será que tudo isso estava se perdendo tão brevemente? Me recusava a pensar nisso...

Conheço Manuela desde quando eu tinha meus quatorze anos, ela por sua vez era bem criança e tava com uns nove anos para dez. Eu estudei uma grande parte da minha vida com Gabriel, sempre fomos muito próximos e até em festas da empresa quando ainda era de seu pai eu presenciava então meu contato com Manuela era "frequente". Ela desde nova sempre teve essa personalidade forte, geniosa e muito marrenta em níveis absurdos.

Mal parecia que tinha 1,60 de altura.

Claro que, nossa relação antes era quase algo de irmãos e já crescidos quando nos reencontramos foi uma parada diferente. Nunca tinha vivido algo tão intenso quanto em vivi em poucos meses com Manuela, na viagem para Angra no carnaval todo o seu jeito que me irritava bastante me chamava bastante atenção.

E aquilo de primeira foi algo que ficou em alerta pra mim. "Por que ela está causando esses sentimentos e sensações?"  isso não saia da minha cabeça na época e então rolou o nosso primeiro beijo. Em vinte poucos anos na minha vida nunca tinha beijado alguém com tanto desejo.

Desde quando passou a rolar sentimento minha intenção sempre foi proteger Manuela, arrisco dizer que mesmo antes disso o meu extinto sempre foi esse mesmo sabendo que ela sempre soube se cuidar sozinha mas eu almejava estar perto para não correr o risco. Nunca imaginei que uma noite poderia me arrecadar o meu maior presente da vida, o meu filho. Também com isso minha família com a primeira garota que eu amei.

Porque se ainda há dúvidas para alguém Manuela foi meu primeiro amor, a primeira garota que eu desejei por um momento na minha vida não estar só de passagem e qualquer pessoa que me conhecesse se ouvisse isso sair da minha boca se chocaria. Mas é a verdade, era ela e mais ninguém.

Então acabava que toda essa turbulência que estávamos passando mexia comigo de formas surreais, não queria pensar no pior mas também era quase impossível pensar em coisas boas. Eu passando por uma crise no meu relacionamento? Qual é, destino!

Rolando a tela do celular vendo as postagens alheia nas redes sociais, vi uma publicação de uma floricultura que era aqui perto da empresa e me apaixonei no imenso e lindo buquê de rosas.

Pensei, pensei e pensei... Aliás, eu nunca havia feito isso antes.

Arrumei tudo em minha sala, peguei minha pasta no sofá e deixei o cômodo apagando as luzes. A sala de Gabriel ficava ao lado da minha, nesse momento pedia á Deus que tivesse a misericórdia de seu filho quando abrisse a porta e não visse nenhuma secretária em cima do dito cujo.

Muitas das vezes eu tinha que lidar com gemidos, baixos, porém que faziam do meu dia um inferno. Respirei fundo, girei a maçaneta e o mesmo estava digitando algo em seu computador. Agradeci mentalmente por isso.

— Cadê o toc toc? — arqueou a sobrancelha e riu.

— Vou precisar sair mais cedo hoje, valeu? Preciso fazer um negócio.

— Transar? Me diz que você e Manuela ainda fazem isso e não adotaram costumes de casal chato e velho.

Rolei os olhos.

— Você é tão nojento — suspirei — tô indo nessa!

Do outro lado da rua estava meu carro, atravessei a mesma e adentrei no meu possante. Por uns segundos me deu uma animação e uma certa ansiedade como no dia que comprei as alianças para Manuela antes do ano novo sem mal saber o número do dedo dela e o mais bizarro é que coube certinho.

Ao chegar na Floricultura, que ficava alguns poucos metros da empresa eu estacionei o carro bem em frente e desci olhando ao redor. Tinha todos tipos de flores, de buquês e arranjos. Eu não sabia nem o que fazer; qual comprar e então uma senhora já de idade veio me orientar.

— Quer ajuda? — perguntou docemente dando um sorriso largo.

— Confesso que sim.

— É para algum momento especial?

— Para uma pessoa especial para ser mais claro — ela assentiu e entrou.

Poucos minutos depois ela veio com um buquê enorme de rosas vermelhas parecido com o que eh tinha visto na foto e ao lado dele um urso de pelúcia médio. Me encantei pelo mesmo na hora que vi, paguei a senhora e com dificuldade o coloquei no banco da frente. Eram quase sete da noite quando cheguei em casa, Manuela estava sentada no sofá devorando um pote de Nutella quando cheguei e seus olhos brilharam ao me ver.

Eu sorri sem ação segurando aqueles dois negócios grandes e ela veio na minha direção ainda sem acreditar.

— Isso é pra mim? — a entreguei e com cuidado ela colocou em cima da mesa — Amor...

Selei nossos lábios e ela sorriu fraco.

— Eu te amo.

— Eu te amo mais — me abraçou forte e eu retribui.

Nos beijamos calmamente, minhas mãos se percorriam por todo corpo de Manu e minha mão parou bem na sua cintura por baixo da blusa e dei um leve aperto na mesma. Suas unhas brincavam em minha nuca, intercalando entre arranhões fortes e fracos e todos os pelos do meu corpo se arrepiaram.

Virei seu corpo de costas pra mim, beijei toda a extensão do seu pescoço enquanto minhas mãos apalpavam seis seios delicadamente e em passos curtos nós fomos para o nosso quarto. Ela me jogou na cama logo em seguida vindo por cima de mim, tirou minha blusa social e meu cinto. Fizemos amor intensamente, como se tivéssemos recuperando o tempo perdido e matando uma saudade ensurdecedora e chegamos ao clímax juntos algumas vezes.

Não tinha jeito melhor de reconciliação após uma briga. Não mesmo...

NÓS 2 | UM NOVO ACASOOnde histórias criam vida. Descubra agora