Maybe

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POV Harry

- Toca pra mim? - Imploro para a minha namorada quando nos juntamos ao restante da família.

Estamos todos reunidos na sala de estar, espalhados pelos sofás confortáveis.

- Eu não toco.

- Mentirosa. - Sussurro em seu ouvido e vejo a sua pele se arrepiar - Eu ouvi você tocando uma noite dessas...

Seus olhos se estreitam levemente e sei que a garota está repassando mentalmente as últimas vezes em que tocou o piano para descobrir a qual momento eu me refiro.

- "Grace" - Ela sussurra quando finalmente encontra o que procura. Apenas concordo com a cabeça, levantando um dos ombros em um pedido de desculpas silencioso - Não era para você ter ouvido aquilo...

- Mas foi necessário.

- Necessário? - Uma das suas sobrancelhas se arqueia e tenho vontade de apertar as suas bochechas, por qualquer que seja o motivo.

- Me ajudou a entender como você se sentia, com...tudo o que estávamos lidando naquele momento.

Ela concorda uma vez com a cabeça e se ajeita melhor no meu colo.

- Fiz aulas de piano quando me mudei para New Orleans, James insistiu.

Franzo a testa com a menção ao nome do rapaz. Faz tanto tempo que não ouço nada sobre ele, que acabei me esquecendo da sua existência.

- Como ele sabia? - Sussurro.

- Fiz as aulas com ele. - Ela sorri e meu coração se aperta, por algum motivo - Eu estava na boate uma noite, terminando de resolver algumas papeladas antes da inauguração e o ouvi tocar. Era tão lindo...James toca muito bem, e então eu senti algo vivo dentro de mim novamente, pela primeira vez em semanas. Foi como... como respirar ar puro. - O aperto em meu coração aumenta ainda mais quando vejo o brilho em seus olhos.

- Você o ama. - Sussurro quando entendo o que está acontecendo, o que os seus olhos me dizem.

Já presenciei Vitória falar de mim para outras pessoas, e sempre com o mesmo brilho que vejo agora. Fecho os olhos com força, mas sei que não posso culpá-la. Eu parti seu coração, enquanto tudo o que ele fez foi ajudá-la a remenda-lo. Não tenho o direito de julgá-la pela forma com que ela escolheu sobreviver.

- Sim. - Sua testa se franze e ela olha nos meus olhos enquanto continua - Mas nunca como eu te amei, nunca como eu te amo. James sabe disso, sabe que eu não poderia amá-lo da mesma forma, por isso eu o deixei ir.

- Foi o que aconteceu em Los Angeles?

- Sim. Colocamos todas as cartas na mesa durante aquele café da manhã.

- E vocês ainda mantém contato?

- Sim, pretendo visita-lo assim que puder.

Pelo seu tom de voz eu pude ter certeza de que ela estava quase cruzando o limite entre amigável e irritada com as minhas perguntas.

Aposto que ela as intitulava como "interrogatório" em sua cabeça.

É inevitável quando uma carranca se forma em meu rosto.

- Eu não...

- Harry, eu não quero ouvir você dizer que está com ciúmes.

- Eu não ia dizer isso.

Vejo seus olhos se revirarem e não consigo não-perceber como eles são lindos.

Imediatamente, e inesperadamente, imagino um bebê com aqueles olhos e sorrio.

Secret Affair | HS (Parte II)Onde histórias criam vida. Descubra agora