❆Capítulo cinco: Culpa.

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      - Não saia daqui, me ouviu?- Uma mulher de longos cabelos crespos e platinados me observava por trás de um móvel em um cenário familiar. - Me prometa. - Ela me lançou um último olhar antes de sair do cômodo em que estávamos. Ela parecia abatida e profundamente triste.
   
      De um instante para o outro, ouvi um estrondo enorme acompanhado de gritos incessantes de pessoas do lado de fora. Meu coração acelerou e meu corpo gelou. Não sabia o que fazer, apenas me encolhi no canto em que estava.

      - Eu voltei! - A mulher entrou novamente no cômodo com suas roupas mais desgastadas do que antes. - Não há mais tempo...! - Ela se aproximou e cobriu-me com uma espécie de película. - Ei, juntos, até o fim, não é E.....? - Ela abriu um sorriso melancólico com os olhos inundados em lágrimas. Ouvia-se mais uma explosão, e após isso, tudo ficara escuro.
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      Acordei com a respiração ofegante, olhos marejados e batidas do coração desenfreadas. Me sentei e encostei-me na árvore de carvalho assustado.

      - Um sonho...? - Olhei para os lados perdido por um momento, mas logo me recordei de onde estava. Albedo, Sucrose, Sr. Paladdin e eu, fomos expulsos da casa da pequena Margôt após a confirmação de sua morte. Seu pai ficou inconformado com a situação, presumiu que a tínhamos envenenado e que a água que lhe tinha dado possuía alguma substância perigosa. Ele agarrou meus braços com um ódio transparente, mas Albedo o impediu de tentar algo. Sua esposa aos prantos pediu para que fôssemos embora antes que a situação piorasse. Antes de sairmos, ele gritou que era um monstro, isso ficou em minha cabeça durante todo o dia, ainda posso ouvir seus gritos coléricos. Saímos de lá e viemos acampar na floresta, já que estava tarde. - ... - Eu cobri meu rosto com as mãos tentando não pensar em tudo o que aconteceu, foi quando ouvi passos se aproximarem enquanto amassavam as folhas secas no chão.

      - Não consegue dormir? - Olhei para cima e com a iluminação da fogueira via o semblante de Albedo.

      - Desculpe, não quis acordar ninguém... - Eu olhei para baixo desconcertado.

      - Hmph, não se preocupe, eu já estava acordado. - Albedo se aproximou. - O que lhe incomoda tanto que não consegue dormir?

      - Foi.. Um pesadelo, eu acho. - Eu sequei discretamente as lágrimas armazenadas em em meus olhos.

      - Oh, pesadelos... - Albedo se sentou ao meu lado e encostou-se na árvore. - Isso é bom, de certo modo.

      - Não vejo como pesadelos possam ser bons.. - Ele riu e olhou para cima.

      - Não são, mas no seu caso, é possível que sejam. Talvez não sejam exatamente pesadelos, mas memórias fragmentadas que estão voltando.

      - Memórias.. - Tentei lembrar-me da cena que tinha visto no sonho.

      - Se se sentir a vontade, me conte como foi.

      - ... - Eu suspirei. - Foi... Assustador. - Albedo olhou-me de lado. - Eu estava em um quarto pequeno.. Estava frio.. Muitas pessoas gritavam do lado de fora e... - Eu parei por um momento, mas prossegui. - Havia uma mulher, parecia abalada, estava falando comigo, como se quisesse me proteger do que acontecia do lado de fora.. Por um momento ela saiu do quarto, houve uma explosão, depois disso, ela voltou apressada, com as roupas rasgadas e... Sorriu, me abraçou, cobriu-me com uma película e disse algo...

      - O que ela lhe disse?

      - Eu... - Minha mente pareceu um papel em branco. - Desculpe, não me lembro... - Novamente cobri meu rosto. Repentinamente, senti uma mão em meu ombro, Albedo me olhava com um sorriso sereno.

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