❆Capítulo dezesseis: A cidade dos contratos.

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      - Mestre, precisamos identificar quais são os que melhor se saíram nos testes.

      - E acha que não sei? - Ele colocou a mão sobre a testa de forma impaciente. - O que sugere?

      - Gravar a marca de nosso Cristal provedor em seus corpos, me parece uma boa alternativa.

      - ... - Suspiro. - Certo, pois então, faça que somente os bem sucedidos usem a marca. Quero que esteja pronto antes do meio-dia, não há tempo a perder.

      - Entendido.

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      - ...O que é isso? - O homem de expressão neutra e semblante inabalável se aproximava rapidamente com uma espécie de instrumento em mãos. - Parece quente, senhor... - O homem arregaçou suas mangas.

      - Levante a camisa.

      - ... - Um frio em minha espinha surgiu no mesmo instante. - Por..Por que senhor?

      - Número 309, já lhe disse para parar de questionar tanto. - O homem sem paciência puxou bruscamente a camisa de meu corpo, ouvia o tecido já sujo e desgastado acabar por se rasgar em meu peito. - Deite-se na maca. - Ele empurrou-me e prendeu meus braços e pernas em fitas de couro que atravessam o colchão.

      - Não...! Pare, o que o senhor vai fazer...? - Meus olhos se inundaram em lágrimas de desespero.

      - Não sabe quando fechar a boca? - Sua mão desceu firmemente em meu rosto, o som do golpe ecoou por toda sala. Ele se sentou em um pequeno banco sobre rodas e se arrastou para perto da maca, posicionou seu braço e o instrumento fervente sobre minha cintura o pressionando contra minha pele. Gritei dolorosamente com a dor e sensação de queimadura que aquilo deixava sobre minha pele, era como se a rasgasse a cada centímetro por onde passava em um desenho previamente pensado. O homem sequer se importou com a dor latejante que sentira, sua expressão permanecia indiferente. As lágrimas desciam quente em minha bochecha e gritar não parecia o suficiente para que aquilo tudo parasse. Subitamente, tudo escureceu.

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      - ...! - Repentinamente levantei-me em um pulo. Não enxergava nada ao redor, estava ofegante e minha respiração descontrolada, o desespero começou a consumir-me às pressas. - Onde.. Onde..

      - Oliver? - A voz calma e familiar de Albedo preencheu o ambiente acalmando-me por um momento. - Oliver, o que aconteceu?

      - Onde.. Onde nós estamos?

      - ... Estamos na barraca. - Olhei para os lados. - Foi uma lembrança? - Ele colocou as mãos em meus ombros. - Está tudo bem, você está aqui.. Eu estou aqui.

      - ... - As palavras não saíam de minha boca. Era como se aquela sensação de dor que havia sentido seguisse viva em minha pele. - Foi... - Eu cobri meu rosto tentando esquecer os gritos coléricos que ouvira por todo aquele ambiente.

      - Ei, se acalme. - Albedo abraçou meus ombros gentilmente. - Venha. - Ele se levantou e estendeu sua mão. Sem o questionar, peguei-a e saímos da cabana.

      Ainda era madrugada. O dia a pouco começaria a surgir. Estava frio mas não ventava. Albedo e eu ficamos próximos a uma árvore enquanto observávamos as montanhas de Liyue em um silêncio melancólico.

      - Você sabe, não vou lhe obrigar a contar com o que...

      - Tatuaram-a em mim... - Eu levantei minha camisa. - A marca... Essa marca... Ela... - Ele me olhou inibido. - A desenharam a força, me prenderam em uma cama e... A fizeram em mim, com uma espécie de instrumento quente, não sei... Eu era só uma criança... Fizeram em outras... - Eu balancei minha cabeça inconformado.

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