O Assassinato de Charlotte Miller

Capítulo 4

O mesmo velho sentimento de vazio em seu coração, porque o amor vem devagar e se vai muito rápido.

 Let Her Go — Passenger

- Tudo bem. Ótimo... Obrigada por ligar. — dizia Amelia ao telefone — Nos falamos depois, então. Obrigada!

Desligou o aparelho e viu Faith entrando em casa, cansada, como sempre.

- Peter? —perguntou Faith se referindo ao telefonema.

- Não, investigador Mitchel. As investigações foram retomadas.

- É uma boa notícia.

Faith sentou-se ao lado de Amelia no sofá branco e sorriu abertamente chamando mais ainda a atenção da amiga.

- E então, preparada para conhecer os seus sogros?

Amelia sorriu.

- Não. Definitivamente não. Sabe Faith, é quase inacreditável pensar que em quase dois anos de namoro eu nunca tenha visto os pais do Peter antes. É quase loucura.

- Bom, eles vivem viajando. Não foi você mesma que me contou que eles estavam fazendo uma espécie de mochilão pelo mundo?  E eles têm razão. Acho que eu gostaria de fazer o mesmo se não tivesse mais que me preocupar com as contas a serem pagas e o meu filho. E se fosse rica o bastante para escolher o meu destino sem se quer dar importância aos custos.

Amelia balançou a cabeça concordando.

- Será que eles te trouxeram presentinhos, Amy? Ai, eu com certeza iria amar se um dia os pais do Sebastian fosse viajar e me trouxessem algum souvenir. Não seria maravilhoso?

Amelia riu.

- Gostaria que você pudesse ir comigo, Faith.

- Bom, não. — Faith voltou a dizer, e surpreendeu Amelia com sua negação — Primeiro porque eu não saberia me portar diante daquele pessoal. Segundo, não quero estragar a magia de você, finalmente, conhecer os pais do Peter. E por último, Sebastian e eu vamos ao cinema... O que é bom, porque não vamos precisar nos apavorar caso você chegue mais cedo.

E com um tapinha solene no joelho da amiga, Amelia se levantou rumo ao seu quarto, deixando Faith sozinha na sala, que sorriu ao ver a empolgação nos olhos de Amelia e não pôde deixar de se lembrar da outra. Charlotte já estivera assim uma vez, ela se lembrava muito bem, e talvez ainda pudesse estar se não tivesse ido embora. Sem intensão alguma uma lágrima rolou dos olhos de Faith, ela a secou rapidamente e se levantou indo até o seu próprio quarto. Naquele momento só queria esquecer de tudo.

***

Amelia entrou no Porsche de Peter e recebeu um olhar excessivo dele. Durante o caminho até o local do jantar, não houve nenhuma conversa, o silêncio pairava sobre ambos. Algum tempo depois entraram pelos portões de ferro de uma mansão antiga. Eles saíram do carro e Peter entregou a chave para o manobrista que os aguardavam, enquanto isso Amelia ajeitou alguns últimos detalhes em si, e quando seu namorado lhe ofereceu o braço, como o belo cavalheiro que era, ela sorriu pousando sua mão no local correto e respirando fundo antes de começarem a se encaminhar até o saguão de entrada da casa.

- Espero ansiosamente o momento em que vou tirar-lhe o vestido.

Peter sussurrou no ouvido da moça assim que avistaram os convidados, e ela sorriu corando um pouco.

O lugar era amplo e bastante bem iluminado. As paredes, decoradas com obras de arte caras, tinha uma cor sólida e glamorosa. Ao longe era possível ver um casal absolutamente elegante cumprimentando as pessoas que passavam por eles, e pela semelhança, era claro que eram os pais de Peter. O senhor, de cabelos grisalhos e rebeldes, lembrava a expressão do filho, enquanto a mulher, completamente elegante em seu vestido prata, tinha os mesmos olhos incrivelmente brilhantes que Peter. Os dois caminharam até eles e foram surpreendidos pela mãe do rapaz, que se jogou nos braços do filho.