O Assassinato de Charlotte Miller

Capítulo 12

Eu chamo isto de amor, eles chamam de viver no pecado.

Living In Sin – Bon Jovi

A chuva caía do lado de fora e Theo tragava um cigarro, seu único companheiro. O frio aumentava cada vez mais, era o último dia do ano e em breve tudo começaria outra vez. Todas as tristezas e felicidades se renovariam e com elas o sentimento de solidão. Ele sorriu com a ideia de que talvez esse recomeço pudesse significar uma vida nova para ele. Era impossível não imaginar como as coisas se tornariam a respeito de Charlotte, e era impossível não se lembrar de Amelia... Theo caminhou pelas ruas da cidade e ao avistar o prédio antigo entrou sem ao menos hesitar. Se encaminhou até a recepção e tentou, ao máximo, despistar Shelbie, abrindo a porta da sala de Amelia com tamanha rapidez a ponto de assusta-la. Logo depois de trancar a porta ele se virou para ela, e Amelia percebeu as chamas sobre os olhos verdes dele. Ele estava atônito, fazia as coisas rapidamente, sem uma sequência lógica. Amelia se levantou, no entanto continuou em seu lugar, sendo surpreendida quando ele se aproximou subitamente e a imprensou contra a mesa. Seus corpos estavam próximos demais.

Amelia olhava assustada, à medida que o olhar dele vagava de seus olhos para sua boca. Era quase imprudente como ele a encarava, parecia poder enxergar através dela. Era como se ele pudesse ver a sua alma. Uma alma completamente sozinha, que parecia implorar pela dele. Theo pousou sua mão sobre a dela, que estava sobre a mesa, e entrelaçou seus dedos. Agora, seus corações usavam o mesmo compasso.

- Não podemos fazer isso.

Amelia forçou sua voz a sair, e esta foi somente um sussurro.

- Eu não me importo. Você não me deixou dormir, senhorita Miller.

- Peter vai matar você se souber que esteve aqui.

Ela conseguiu sair do espaço em que fora colocada. Se desvencilhou dele porque sabia que não seria forte o bastante para controlar seus impulsos.

- Ele não vai. Eu o vi saindo, e tenho certeza de que sua secretária não dirá nada.

Theo agarrou o braço dela e puxou-a novamente de encontro a si. Amelia podia sentir a mistura de menta e cigarro bater contra seu rosto. Se sentia um pouco submissa estando ali assim, no entanto, ela gostava.

- O que aconteceu com a Charlotte?

Perguntou ela como se aquele fosse o único motivo que os unia.

- Não foi você, foi?

Theo fixou seu olhar nos profundos olhos castanhos dela.

- Eram as minhas digitais.

Ele era rígido.

- Isso é uma confissão, Scott?

Amelia teve medo do que ouviria a seguir, mas ele beijou-a de uma forma completamente diferente. Era voraz, mas doce.

Ela não soube o que fazer, e instintivamente o afastou.

- Isso não é certo!

- Eu iria até o inferno por você, senhorita Miller.

Amelia somente observava o brilho dos olhos dele e pensava se era aquela a verdade que sempre esperou ouvir.

- Por você.

E sem dar nenhum tempo para que ela pudesse processar a informação, ele colou sua boca na dela.

Amelia assustou-se ao ouvir batidas na porta da sala e se desvencilhou de Theo, completamente nervosa. Antes que pudesse pensar muito, obrigou o rapaz a se esconder debaixo da mesa. Arrumou seus cabelos, desamassou a roupa e sentou-se na cadeira de couro, pedindo que a pessoa entrasse. A secretária sorria de forma meiga avisando que havia alguém a sua espera. Por um minuto ela esqueceu-se de Theo e mandou que a pessoa entrasse. Doutor Cooper sentou-se à sua frente, sorrindo educadamente.