Capítulo 10

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Sua pele salgada e como ela se mistura com a minha, a forma como se sente ao sermos completamente interligados, não é que eu não me importe, é que eu não sei.

Misery – Maroon 5

Na manhã do dia seguinte a campainha soou cedo demais, fazendo Amelia dar um salto da cama e ir até a porta ainda de pijama. Com a cara amassada da noite anterior ela abriu a passagem revelando um oficial de justiça ranzinza que lhe entregou dois envelopes e pediu para que ela assinasse algum termo qualquer. Ela não sabia o que estava fazendo, estava com sono, por isso apenas depositou seu nome abaixo das folhas brancas e se despediu do homem batendo a porta com um tanto mais de força do que o necessário. Também com a expressão de quem acabara de acordar, Faith apareceu na saleta vestida em seu roupão cor de rosa.

- Quem era? – Faith falava estranho, com preguiça.

- Um oficial de justiça.

Amelia mantinha o mesmo tom da amiga.

- E o que ele queria?

Amelia apenas entregou o envelope que continha o nome de Faith a ela e ficou com o seu para si. Abriu devagar, até aquele momento não havia se dado conta do que possivelmente estaria escrito ali. Assim que finalmente abriu o documento seus olhos saltaram ao ver as palavras 'julgamento' e 'interrogatórios' no mesmo texto. Assustada, desviou seu olhar para a amiga, que tinha consigo a mesma expressão. Ela percebeu que dessa vez tudo seria muito pior para Faith, que deveria contar a verdade, não poderia mentir mais uma vez, ainda mais se quisessem salvar Theo de ser condenado a culpado por algo que talvez não tivesse mesmo sido culpa dele.

Amelia caminhou até estar de frente para a moça loira e pegou sua mão apertando-a nas suas e sussurrando que tudo ficaria bem. Faith apenas acenou com a cabeça e abraçou a amiga. Neste momento ela precisava de tanto apoio quanto fosse possível, afinal ela tinha errado antes e não poderia errar de novo agora.

Horas mais tarde, quando já estava em seu horário de saída do trabalho, Amelia passou pela sala de Peter e lhe beijou dizendo que não poderiam se encontrar à noite porque ela havia marcado algo com Faith. Peter concordou, mesmo que de má vontade e deixou que ela fosse embora. Amelia desceu pelo elevador e ao invés de tomar um táxi para o seu apartamento, resolveu que precisava passar em outro lugar. Algum tempo depois lá estava ela em frente ao prédio antigo e mal acabado em que estivera há algum tempo atrás. Entrou com certo receio do que encontraria. Ao entrar notou que ninguém estava na portaria, por isso subiu os lances de escada sem se preocupar com satisfações. Porém, havia um grupo de rapazes fumando algo no terceiro andar e ela chamou a atenção deles, mesmo sem querer.

Antes que pudesse sair dali e esquecer as barbaridades que ouviu, um deles se aproximou ficando a centímetros dela e abriu um sorriso completamente diferente dos que ela costumava a receber. Com cheiro de cigarro e os olhos vermelhos, ele a olhava como se a saboreasse. Ela tentou sair, pediu desculpa pela interrupção, mas ele se aproximou mais ainda, e ela temeu o que poderia acontecer. Ele pôs suas mãos sujas e calejadas no queixo dela, e levantou o rosto dela, enquanto sua respiração se tonava cada vez mais agitada. Os outros chegaram perto e gargalharam como se tivessem encontrado um novo brinquedo. O que tinhas as mãos no rosto de Amelia tentou agarrá-la a força, mas ela se debateu de forma que fosse quase possível uma fuga, porém eles eram mais rápidos, e prenderam-na novamente.

Um deles, Amelia não soube dizer qual, subia devagar a blusa de seda que ela usava e quando percebeu que não conseguiria chegar aonde queria dessa forma, rasgou a roupa em dois pedaços, revelando o sutiã preto da moça e fazendo todos os outros voltarem sua atenção para o belo par de seios a sua frente. Ela chorava com medo, e gritava tentando encontrar ajuda, mas ninguém naquele lugar parecia escutá-la. Outro homem do grupo a prendeu contra a parede fria e suja do local cravando seus lábios nada convidativos nos dela. As coisas foram ficando piores quando alguém tentou mexer em sua calça jeans, mas este mesmo foi arrancado de perto dela por outro alguém, a base de socos e pontapés. Do grupo de três que tentaram abusar dela, dois já haviam sido nocauteados por outra pessoa. O último que sobrara correu assim que percebeu que seria o próximo, deixando por fim Amelia de lado.

O Assassinato de Charlotte MillerOnde histórias criam vida. Descubra agora