Capítulo 8

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Noite de natal, mais uma briga, lágrimas que choramos formaram uma inundação.

Christimas Lights - Coldplay

Com a proximidade do natal e outras festividades de final de ano, a cidade inteira estava decorada em vermelho, verde e dourado. No alto de alguns prédios era possível notar luzes que iluminavam a saudação mais proferida naqueles últimos dias: Feliz Natal! Em casa, Faith enfeitara tudo de forma meiga e obsessiva. Na sala de estar havia uma árvore de médio porte completamente carregada de enfeites e bugigangas natalinas. O inverno tinha oficialmente chegado hoje, entretanto o frio já estava ali há muito tempo. Com a expectativa de neve para os próximos dias, sair à rua sem se agasalhar não era nem de longe uma opção. Com o fim de semana, Amelia estava em casa, sentada no sofá da sala, com seu cobertor e seu café rotineiro. Ao lado, na cozinha, Faith e Sebastian conversavam animadamente. Faziam planos para o feriado e decidiam onde passariam o réveillon.

E a campainha soou.

Amelia levantou-se, e enquanto a porta era aberta por uma Faith temerosa, correu para esconder o cobertor e sua bebida. Ao voltar à sala, viu Peter em pé ao lado de uma senhora bastante elegante, sua mãe. A senhora abriu o maior sorriso que conseguiu, ao ver Amelia se aproximou, abraçando-a.

- Senhora Bennett, que surpresa! – disse Amelia ao ser compelida a abraçar a mulher.

- Ah querida, é ótimo ver você.

Falou a senhora Bennett ao se desvencilhar da nora. Amelia caminhou até o namorado e beijou-lhe os lábios suave e rapidamente, recebendo um sorriso como resposta.

- Mamãe queria vir aqui pessoalmente. Eu não pude evitar... E desculpem por não avisar.

Peter parecia desculpar-se, mas Amelia segurou sua mão firme e murmurou um "tudo bem".

- Lugar agradável! – a mãe de Peter disse observando cada canto da minúscula sala. Faith apenas olhou para ela visivelmente confusa sobre a positividade daquele comentário – Enfim querida, vim até aqui porque gostaria de convidar você para a nossa ceia natalina anual. Tenho certeza que Peter poderia fazer isso para mim, mas queria poder convidá-la pessoalmente.

- Ah, muito obrigada, senhora Bennett, eu adoraria ir, mas acontece que vamos passar o natal juntos.

Amelia apontou com a cabeça para Sebastian e Faith que estavam um pouco mais a frente que ela.

- Sem problemas! – falou a senhora Bennett - Porque não vão todos? Tenho certeza que o Joseph ficará honrado em ver os amigos do nosso filho comemorando conosco.

E Peter assustou-se.

- Mamãe, acho melhor nós irmos. Tenho certeza que eles têm muito o que fazer.

E a mulher a quem ele chamava saiu após despedir-se de todos.

- Não acredito que vamos passar o natal com os Bennett.

Faith gritava.

- Nem eu. – disse Amelia.

Assim como as festividades estavam próximas, o dia temido por Amelia também. Em pouco tempo completaria um ano desde que a trágica noite realmente aconteceu. Ainda sem respostas do investigador, Amelia continuava seguindo sua vida normalmente, trabalhando cada vez mais afim de que os prazos fossem de fato cumpridos. Em casa, Faith contava os dias para que o natal finalmente chegasse, assim como a noite de festas na casa dos Bennett, no bairro mais conceituado de Londres. No dia em que exatamente aconteceu o que aconteceu à Charlotte, Amelia recusou-se a ir até o cemitério onde agora era a casa de sua família. Ao invés disso, mergulhou mais profundamente nos afazeres do escritório. Fez de tudo para que esse dia passasse como um borrão por sua mente, para que ele não durasse tempo suficiente para que ela desse conta do quanto sentia saudades de sua irmã. Ou pior: do quanto temia a verdade.

O Assassinato de Charlotte MillerOnde histórias criam vida. Descubra agora