Capítulo 11

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É uma perfeita negação, tão linda mentira para se acreditar.

A Beautiful Lie – 30 Seconds To Mars

Ao chegar em casa, tudo o que Amelia queria era tomar um banho quente e demorado. Não queria esquecer o que acontecera na noite anterior, porém tentava de alguma forma atenuar a culpa que sentia. Contudo, ao abrir a porta do apartamento que dividia com a amiga, encontrou Faith, Sebastian e Peter com expressões que misturavam preocupação e os resultados de uma noite mal dormida. Ela sorriu de forma tranquilizante, mas sabia que isso não seria o bastante, e foi então que foi bombardeada por perguntas.

Peter era o mais curioso.

- Onde estava? – Peter praticamente gritou, indo até Amélia e parando a centímetros de poder tocá-la, ao notar a camiseta larga – De quem é a camiseta?

Somente agora ela percebera.

- Bom...

Ela começou, mas foi interrompida por Faith.

- Você podia ter ligado, ficamos a noite inteira acordados esperando por uma notícia sua. Ligamos para a polícia, Amelia, e a sua sorte, ou azar, eu não sei, enfim... Eles só decretam desaparecimento oficial depois de 48 horas.

Sebastian fez sinal para que Faith deixasse a amiga se explicar, e ela então calou-se de uma vez.

- Fui jantar com um amigo. Nada de mais. – disse despreocupada.

- E a camiseta?

Lembrou Peter.

- Derramei vinho acidentalmente na minha blusa e então tive que pegar uma emprestada.

Peter não pareceu se convencer, no entanto resolveu deixar pra lá.

- Achei que fosse sair com a Faith. Liguei para o seu celular e ninguém me atendeu, e depois a Faith me ligou perguntando se você estava comigo. Ficamos preocupados, Amelia!

Faith entreolhou a amiga e viu o pedido de ajuda que os olhos de Amelia gritavam para os dela e então concordou.

- Eu cancelei. Acabei ficando com o Sebastian. Não me sentia muito disposta. O problema, é que você também não nos avisou que iria mudar os seus planos, Amelia.

- Calma, gente. Eu tô bem, só bebi demais ontem à noite e não tive condições de voltar pra casa.

Peter exaltou-se com a ideia dela ter dormido com outro homem.

- Você dormiu na casa de um homem, Amelia?

- Ele é gay, Peter. Sem estresse. Eu... Posso ir tomar um banho agora?

Amelia saiu antes mesmo que eles pudessem responder, deixando todos um tanto quanto impressionados com sua tranquilidade, enquanto eles morreram de medo. Foi para o quarto e se jogou na cama de forma quase suicida, fechou os olhos e decidiu deixar que as lembranças tomassem conta de sua mente. A cada novo segundo os flashes da noite anterior se tornavam mais claros. Cada mínimo detalhe lhe era perceptível, cada beijo, cada toque, cada sensação, mas foi interrompida ao ouvir três batidas na porta, e de má vontade mandou que entrasse.

- Fiquei preocupado com você. Não atendeu nenhuma das minhas ligações.

Amelia sacou o celular da bolsa e lá estava o aviso: 10 ligações não atendidas.

- Eu estava bêbada, Peter. Celular era a última coisa que eu iria me preocupar.

Ela se levantou e foi até o banheiro. Despiu-se e entrou debaixo do chuveiro, afim de que a água levasse consigo toda a culpa que, incrivelmente, havia sido aliviada desde que ela chegou em casa. Peter foi até o pequeno cômodo, devagar. Seus olhos vasculharam todo o lugar, até que pararam exatamente sobre a camiseta que ela usava há alguns segundos atrás, pegou-a e levou até o nariz, sentindo o perfume de Amelia misturado a outro, o qual não demorou muito para reconhecer. Naquele momento sua mente só consegui pensar em um nome: Theo Scott.

O Assassinato de Charlotte MillerOnde histórias criam vida. Descubra agora