O fim é desconhecido, mas eu acho que estou preparada, enquanto você estiver comigo.
Angels – The XX
Ela estava em seu horário de almoço, mas isso não importava porque tinha sido liberada de seus afazeres à tarde, esse era um dos lados bom de namorar o dono da empresa, o outro era que ela podia dizer à Shelbie que Peter era seu e que nenhuma loira peituda que usava saltos de segunda poderia tirá-lo dela.
A nova informação trazida por Theo pairava sobre sua cabeça, ela tentava entender e talvez criar uma ligação do tal amante com o assassinato de sua irmã, por isso, assim que conseguiu sair do trabalho foi direto para o escritório do investigador Mitchel, o responsável pelo novo inquérito quanto à morte de Charlotte. Depois de muita espera Amelia foi finalmente convidada a entrar, se dispôs sentada a frente do homem de meia idade, calvo e de terno desbotado, mas ainda levou um tempo até que ele resolvesse ouvir o que ela tinha a dizer.
Amelia contou-lhe sobre o bilhete, sobre o amante, sobre a possibilidade dele ter algo haver com o caso, e sobre Theo ter inferido tudo isso, enquanto a moça falava, falava e falava, o investigador ouvia tudo sem o mínimo senso de que talvez aquilo fosse útil às buscas.
- Então deixe eu ver se entendi: o suspeito de ter assassinado a sua irmã lhe entrega um papel, que pode ter sido facilmente fraudado por ele, diz que ela tinha um amante e que ele pode ser o responsável pela morte dela e a senhorita acredita?
Ele gargalhou.
- Muito engraçado, senhorita Miller.
Amelia sentiu-se mal por ser motivo de deboche.
- Eu sei que é estranho, mas talvez isso possa no ajudar, o senhor mesmo disse que qualquer nova informação seria bem vinda...
- Querida, qualquer informação é bem vinda, desde que ela tenha um fundo de verdade e não venha de um cara que quer se safar da cadeia.
- E se ele estiver certo?
Inquiriu ela.
- Me diga uma coisa, senhorita, o que você fazia na noite em que sua irmã foi brutalmente assassinada?
Ela se assustou. Até aquele momento ninguém nunca havia perguntado a ela o que estava fazendo. Nunca havia sido se quer mencionada na história, e de repente se via quase como uma suspeita. Sua cabeça deu voltas e mais voltas, sua boca ficou seca e seus olhos perderam o foco. Não sabia o que dizer, não podia contar a verdade, sem cogitação que o que ela realmente fez naquele dia viesse à tona. Por isso, ainda assustada Amelia obrigou sua voz a sair e repetir mais uma vez a história a qual tinha contado aos seus pais e seus amigos.
- E-e-eu estava com umas amigas. – gaguejou a moça.
O investigador desconfiou.
- Acho melhor você pensar melhor em suas desculpas para o juiz, porque isso não foi nada convincente.
Amelia alterou-se.
- Está querendo dizer que eu matei a minha própria irmã?
- Vejamos, vocês nunca se deram muito bem, a senhorita Charlotte sempre fora um pedra no seu sapato, ela roubava coisas que pertenciam a você, quase nunca eram vistas no mesmo lugar... Ao menos foi o que você disse em nossa primeira conversa.
- Então você acha que eu matei a minha irmã simplesmente por que não nos dávamos bem? Porque ela eventualmente era mais popular que eu? Muito obrigada, investigador, mas acho que posso encontrar alguém melhor.
E saiu pisando fundo.
Pouco tempo depois Amelia entrava disparada pelo apartamento que dividia com a amiga. Faith que assistia TV sentada ao sofá se assustou com o jeito da moça. O rosto de Amelia estava confuso, um misto de raiva e rancor, seus olhos deixavam claro que não estava nada bem.
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O Assassinato de Charlotte Miller
Mystery / ThrillerCharlotte Miller era uma mulher bastante interessante. Seu jeito despreocupado conquistava pessoas por onde quer que passasse, principalmente homens. E ela gostava muito disso. Mas um dia, descobriu que um deles não era exatamente o que ela imaginav...