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   – Mas que cara de defunto em amiga

   – Nada de gracinhas Alya, passei a noite praticamente inteira acordada e ainda sai de casa sem tomar café - deito minha cabeça em cima dos meus braços cruzados na mesa - eu tô acabada - minha voz sai abafada

   – Se eu conseguisse ia comprar pelo menos um café pra você, mas estou com muitas coisas atrasadas

  – Tudo bem, - viro meu rosto para ela - eu, *bocejo* eu aguento até o final da aula

  – Bom, vamos começar - a professora diz chamando a atenção de todos

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  – Mal vejo a hora de voltar para casa - digo entrando com Alya na sala após o intervalo

  – Só mais 3 aulas e você vai voltar

  – Assim espero, mas se alguma aula for cancelada não vou achar ruim

   Alya dá uma risadinha e nos aproximamos da nossa mesa. Nós sentamos e deito minha cabeça na mesa enquanto a Alya fala alguma coisa que não estou mais prestando atenção e tudo começa a ficar embaçado enquanto pisco, e sem ter controle, acabo pegando no sono.

   Acordo com Alya balançando meus braço já freneticamente, oque me deixa claro que com certeza ela já está tentando me acordar a um bom tempo.

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  – Oque está fazendo? - Tikki me pergunta sentando no topo da minha cabeça

  – Estudando para a prova - digo com os olhos fixos no caderno

  – Acho bom você dar uma pausa Mari, você está estudando desde a hora que chegou

  – Tenho que.. - e é quando ouço algo caindo na varanda da sacada  - mas oque...? - me levanto e vou até lá

    Quando subo a escada que supostamente me leva até a sacada, começo a perceber no possível perigo que é fazer isso. Porque tipo, é um barulho, de estrondo, que você ouve do nada e para piorar a situação, vem da minha sacada.
   Não consigo parar de pensar nas inúmeras hipóteses do que pode ser. E com certeza não são coisas boas.
   Mas percebo isso tarde de mais, já estou na minha sacada, encarando um corpo encolhido em posição fetal enquanto dá alguns murmúrios de dor e fala algu s palavrões que eu nem sabia da existência.

  – Mas oque... ou melhor quem é você?

   É quando ele vira o rosto para mim.
Impossível não reconhecer aquele rosto, afinal, está em todas as capas de revistas, capas de jornais, e é um dos assuntos mais comentados atualmente.

  – Chat Noir? - digo me aproximando dele mas no segundo seguinte, vejo seus olhos perderem a força e se fecharem, e sua mão, antes apoiada no abdômen pende para o lado do corpo mostrando o sangue que escorre, e só então percebo a poça de sangue se formando no chão.

   Sem pensar duas vezes, agi totalmente pelo inpulso e o "trouxe" para dentro do meu quarto.

   Normalmente oque você faria se visse um corpo caído na sua varando e ainda por cima desmaiado e escorrendo sangue?

   Pois é, eu agi por impulso.
   Não faço a menor ideia de onde tirei tanta força mas eu consegui trazê-lo até o divã do meu quarto e o deitei. Logo peguei um pano e comecei a estancar o sangue.

– Oque aconteceu? - Pergunta Tikki voando ao meu lado

  – Não faço a minima ideia  mas sem dúvidas alguma coisa muito séria - fala ainda precisando o local por onde escorria sangue

  – Imagino que a coisa mais sensata a se fazer era chamar uma ambulância e levá-lo ao hospital

  – Pode até ser, mas para isso ele teria que ter um responsável e mais algumas burocracias que envolvem tirar a máscara dele, coisa que aparenta que ele não quer fazer por justamente estar de máscara- falo tudo muito rápido e me levanto

  – Ainda bem que percebeu - ouço uma voz rouca vindo do divã e Tikki se esconde

  – Chat Noir! - digo no espanto

  – O único, mas me diz... você tem linha e agulha aí?... de preferência de sutura

  – Só um minuto- corro em direção do banheiro e retorno com uma caixa de primeiros socorros já aberta procurando a agulha e linha - olha, eu Acho melhor fazer isso no banheiro

  – Justo - diz tentando se levantar

  – Eu te ajudo

  – Não precisa - fala, mas no momento seguinte já estou o ajudar a se apoiar para ir ao banheiro

  – É claro que precisa, afinal, oque aconteceu?

  – Por que eu deveria te contar? Afinal, não pedi sua ajuda, você quem se ofereceu e me trouxe para dentro do seu quarto

  – (Tava demorando) Pelo fato de você estar sangrando, ter desmaiado e sem citar que você literalmente caiu na minha sacada. Precisa de mais motivos?

  – Patrulha noturna

  – Mas oque aconteceu nessa patrulha? Porque, tipo, você está com um corte bem considerável - digo fazendo ele se sentar na tampa da privada

  – Fui ajudar um assalto à uma senhora e os assaltantes acabaram... você percebeu

  – Você nunca ouviu a frase 'nunca reaja a um assalto?

  – Não reagir... apenas fiz meu trabalho

  – Hm, sei - coloco a linha na agulha - mas como caiu na minha sacada?

  – Tudo começou a ficar embaçado, e acabei perdendo o equilíbrio, o resto você já sabe. Porque você tem uma agulha e linha se sutura ?

  – Prevenção

  – Contra..?

  – Nada, apenas prevenção, e não esquenta, está devidamente esterilizado

  – Que bom

  – Você sabe fazer isso?

  – Sim, mas não vou conseguir com minhas mãos tremendo como estão. Espero que consiga fazer isso

  – Não prometo nada, sei costurar mas imagino que na pele seja bem diferente.

  – Ok, pelo menos tem experiência com costura - ele diz abrindo um zíper na frente do seu trage e tirando uma das luvas a colocando na boca e indo se deitar no chão.

  – Vai confiar mesmo em mim para fazer isso?

  – E eu tenho opção? - nada repondo- como imaginei

  – Ok - eu fecho os olhos e respiro fundo antes de começar - você costuma ser bem..  calado (para não dizer grosso ou amenizando, indelicado, nãoque ele nãoesteja sendo), por que está falando tanto?

  – Para me manter acordado- ele fecha os olhos e dá um grito abafado por causa da luva na boca qua do enfio a agulha na sua pele

  – Desculpa

  – Só, faz logo

   E nesse momento estavam se passando mil e uma coisas na minha cabeça envolvendo meus pais, esse corte enorme na minha frente, o defensor de Paris no banheiro do meu quarto... uma loucura só

   Imagino a dor que ele está sentindo, ainda mais sem nenhum tipo de anestesia, essa dor deve estar insuportável. Não me surpreenderia se ele desmaiasse de novo, mas ele permanece acordado, e dando gritos abafados.

Akai Ito 'Unidos Por Um Fio'Onde histórias criam vida. Descubra agora