Capítulo 9

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Pedro

Pelas minhas contas, já peguei seis garotas, sem contar a Bia.
Tem muita gente nessa festa. Gente que não foi convidada, que não é da escola, e que eu nunca vi em toda minha vida.
Não voltei mais pra pista de boliche, mas pelos gritos que eu escuto, está tudo muito divertido.
A Bia conseguiu me deixar confuso pela segunda vez em minha vida. Eu sou um adolescente, cheio de hormônio, querendo transar adoidado, mas eu não sei o que fazer quando ela tá. Eu nunca iria imaginar que seria tudo tão rápido. Que frase gay do caralho.
Não deu nem uma semana. Eu preciso pegar outra pessoa. Alguém próximo o suficiente pra me manter são e não afim da Bia.
Falta pouco pra meia noite, e as pessoas estão começando com ficar completamente bêbadas.
Volto pra pista de boliche, e encontro ela mais cheia do que antes. Drika e Bia continuam jogando, e Yasmin também, pelo que parece.
Drika acabou de jogar. E derrubou apenas um pino. Ela passou o olho pela pista e parou em mim. Eu sabia que ela iria me beijar. E quem sou eu pra rejeitar?
Quando eu percebi estava puxando ela pela cintura e beijando ela calorosamente. Ela também tinha gosto de vodka. E o beijo estava muito bom. Mas foi separado por uma mãozinha empurrando Drika pra longe de mim calmamente.
– É só um beijo. Não sexo em público. - Bia falou com um sorriso cínico no rosto. Não consegui decifrar o que ela sentia. - Vamos logo! Agora é minha vez. - Ela mudou de sem humor pra animada.
– Tchauzinho Pedro! - Drika falou virando as costas pra mim.
Será que ela ficou com ciúmes?
Provavelmente não! Mas não importa. Consigo sobreviver sem isso!

Beatriz

– Poxa Bia! Qual é? Por que tu fez isso? Na verdade não me responde. Já sei.
– Eu fiz isso porque você estava demorando meio século.
– Aham! Eu vou fingir que acredito em você.
– É sua vez Beatriz, vai logo! - Yasmin gritou.
– Tô cansada. Vou beber alguma coisa, joguem aí, eu volto daqui a pouco.
Eu realmente estava cansada, já eram duas da manhã, minhas pernas estavam doendo demais e minha respiração estava começando a ficar pesada.
Chego no bar e sento. Tenho a visão das duas pistas. A pista de boliche está mais cheia que antes, já a de dança sempre esteve cheia.
Na pista de dança eu vejo sexo explícito, literalmente. No canto esquerdo tem um cara com a mão debaixo do vestido da menina, e pela feição da garota, ele tem dedos grandes. No sofa do meio tem um cara sentado e uma menina fazendo um boquete nele, se não fosse pela mesa daria pra ver tudo. No sofá do canto tem uma menina de vestido sentada no colo de um carinha, ela está rebolando e subindo e descendo sem parar, só um idiota não entenderia o que está acontecendo ali. Até no local onde então dançando tem sexo, de bundas se roçando em caras, à mãos bobas nada discretas.
Eu realmente não teria coragem de fazer isso. Não assim, tão explicitamente. É realmente muito nojento! Eu não seria capaz.
Peguei minha bebida e fui procurar minhas queridas amigas.
Vejo a Elly, mas ela está com um carinha, não vou atrapalhar. Vejo a Izzy, mas ela também está acompanhada. E a Janna também. Mas a Ynara não! Ela está sentada em um dos sofás, bebendo e rejeitando todos os caras que passam.
– O que aconteceu pra que minha putinha esteja sentada neste sofá sozinha?
– A sua putinha está de saco cheio! E cansada. - Sentei ao seu lado de um jeito despojado.
– O crush fez merda?
– Fez sim!
– O que foi que ele fez?
– A gente ficou junto por um bom tempo, você viu. E quando eu fui no banheiro ele resolveu pegar outra garota, quando eu voltei vi. E claro né, eu sou o poço do ciúmes, sinto ciúme até do que não é meu. Fiquei revoltada e vim pra cá.
– Ele viu que você viu?
– Não! Nem quero que veja!
– Você nem quis saber quem era? Podia ser uma prima ou amiga. Você deveria ter ficado, sentado no colo dele e mostrado pra ela que ele é seu, apesar de não ser.
– Deveria né?!
– Deveria sim!
– Ai, eu sou tão burra!
– Só um pouquinho! - Rimos - Vai lá pegar seu homem!
E assim ela fez! Se levantou e foi. Perdi ela de vista. De onde eu estava não tinha a visão de muita coisa, era um sofá bem no canto. Por que as pessoas não vêm transar aqui? É bem mais reservado. Bem mais aconchegante. E longe de qualquer visão. Quer dizer, qualquer não, mas a maioria das pessoas não iriam ver suas intimidades.
Ou melhor ainda, vai no banheiro. No banheiro é totalmente normal. E lá ninguém vai atrapalhar você. Muito menos te ver.
Esquece. Tô falando merda. Como sempre.
Pedro está parado encostado na parede, olhando a pista de dança com um copo na mão. Eu não quero falar com ele no momento. Eu tô muito mais bêbada do que o normal. Posso falar merda. Quer dizer, mais merda.
Tá tudo tão estranho. Literalmente tudo. Ele tá estranho, eu tô estranha os dias estão estranhos, meus sentimentos estão estranhos. Que merda é essa que tá acontecendo na minha vida? O que eu tô fazendo de errado? Algo está fora do lugar, acho que é minha cabeça.
– Tá pensando no que?
– Oi Peu! - Ele senta no sofá e coloca a cabeça no meu ombro. - Tô pensando na vida aqui.
– Tipo o que?
– Tipo tudo. Sei lá! Tô me sentindo estranha. Tô sentindo como se não fosse eu no meu próprio corpo. É como se eu só fosse a espectadora da minha vida, só assisto enquanto faço uma merda atrás da outra. Eu não sou assim. Essa garota demente que sai beijando todo mundo.
– É só uma festa Bia.
– Você tem noção de que segunda feira todos vão me conhecer como uma puta! Que pegou 80 por cento da festa.
– Não vai não! Por que você não é a única que tá fazendo merda. Olha pra essa pista de dança. Ninguém aqui tem direito de falar de você sendo que faz coisa muito pior.
– É! Quem sabe?! Não gosto de pensar! Sempre que eu penso demais acabo ficando triste.
– Normal! Eu também. - Ele pega e celular e começa a mexer, vejo que já são 3 e meia da manhã. Estou cansada, com a cabeça doendo e com sono.
– Pedro, faz um favor pra mim?
– Claro!
– Me leva pra casa? - Ele levantou a cabeça e olhou minha expressão.
– Tem certeza que quer ir?
– Tenho!
– Certeza?
– Certeza!
– Absoluta?
– Absoluta! - dei um sorrisinho idiota. – Vai levar?
– Vou sim! Vamos falar com suas amigas e vamos.
– Não! Não precisa falar com elas. Eu só quero ir embora!
– Então vamos logo!
Levantamos e fomos direto pra fora da festa.
Pedro era um amor de pessoa. E respeitou o meu silêncio repentino. Eu não sei o que deu em mim. Antes eu não queria falar com ele, agora a companhia dele está me reconfortando. Acho que eu sou meio "bipolar". Sou a vulnerabilidade em pessoa. São por essas e várias outras razões que eu eu não namoro, eu tô gostando agora e daqui a pouco estou odiando. Mudo de opinião tão rápido quanto um piscar de olhos.
Queria não ser assim, sinceramente. Mas eu sou e vou ter que aceitar.
Em menos de 20 minutos eu já estava em casa tirando meu tênis e a blusa e subindo as escadas.
– Acho que já vou Bia! - Pedro falou me fazendo parar na metade da escada.
– Não! Fica aqui, dorme comigo. Como antigamente.
– Você tem certeza?
– Eu não tô tão bêbada assim. Eu sei o que eu tô fazendo.
– Então tá bom.
– Tira o tênis e sobe.
E foi exatamente o que ele fez. Tirou o tênis e subiu. Eu não tinha segundas intenções, não hoje. Estava com a cabeça cheia e pesada, não queria sexo, só queria carinho. Tô tão melancólica. Que bosta.
Assim que cheguei no quarto, joguei minha blusa no cesto de roupas sujas e tirei o resto das roupas incluindo a calcinha. Senti o olhar de Pedro, e não estava me sentindo constrangida, efeito do álcool com certeza. Olhei pra ele e sorri, sem ser maliciosa, e ele continuou me olhando toda, sem qualquer feição, perdido nos pensamentos dele. Minha primeira reação foi ir para o banheiro e tomar meu tão sonhado banho, o Pedro não mudou de posição só me acompanhou com o olhar.
A água morna caiu como um cobertor por sob meu corpo, molhei meus cabelos e esqueci de tudo ao meu redor. Todas as confusões sentimentais, problemas de escola, a dor de um passado que eu quero esquecer, mas sobre esse passado eu conto depois.
Escutei o boxe sendo aberto e abri meu olhos. Pedro estava completamente nu e expirando sensualidade. Ele se juntou a mim em baixo do chuveiro, e me beijou calmamente, um carinho delicioso. Senti minha lágrima descendo.
Porque você está chorando sua retardada? Tem um gostosão na sua frente, nu, te beijando, e sua reação é chorar? Você tem sérios problemas que precisam urgentemente serem estudados.
Não sei o que deu em mim tá! Como eu disse, eu estou melancólica. Talvez seja TPM ou talvez seja meninice. Não importa, deixa eu chorar em paz.
O banho foi completamente diferente e agradável. O Pedro me limpou, claro que na mente dele tinha segundas intenções, sua ereção era prova disso, mas ele teve respeito, e percebeu que eu não estava no clima. Com a ajuda de uma esponja ele me limpou com todo cuidado possível, como se eu fosse de porcelana. Mexeu seus dedos de uma forma diferente, como uma massagem deliciosa, senti toda minha tensão muscular ir embora. Ajudei ele a se limpar também, trocamos beijos e carinhos íntimos. Tiramos o sabão de todo corpo e saímos do banheiro.
Uns 5 minutos depois já estava vestida e o Pedro também com uma bermuda do Matheus.
– Vai fazer o que agora? - Ele perguntou em um sussurro desnecessariamente arrepiante.
– Vou pra cama, e você vem comigo! - Peguei suas mãos e o levei ele até minha cama.
Me joguei naquele bolo de tecidos geladinhos, e Pedro se jogou ao meu lado.
– Por que você está tão deprimida?
– Talvez seja TPM, ou a bebida, ou qualquer coisa. As vezes eu fico assim do nada. Deve ser culpa pelos meus inúmeros pecados.
– Talvez seja só cansaço.
– Talvez!
– Posso me juntar a vocês? - Escutei a voz inconfundível de Matheus e levantei meu rosto encontrando ele parado na porta. Pedro respondeu um "claro" enquanto eu ficava calada. Matheus tirou a blusa e os sapatos, se deitou ao meu lado me dando um abraço e um cheiro no pescoço.
– Porque saíram sem avisar a ninguém?
– Eu não tava me sentindo muito bem.
– Já tá melhor?
– Tô! Só tô com dor de cabeça, mas nada sério. - Ele me olhou, não enxergando muita coisa provavelmente, já que estava meio escuro.
– As meninas ficaram lá? - Perguntei curiosa como sempre.
– Não! Drika e Yasmin foram embora juntas, e te xingaram só um pouquinho. - ri - As outras continuaram lá.
Eu sabia que elas não iriam voltar cedo pra casa, não iam perder tanta testosterona em um local só, principalmente se toda essa testosterona estiver em banquete só pra elas. Eu também não desperdicei, peguei o máximo que eu pude. Me comportei como uma puta, e futuramente, talvez, eu me arrependa, mas pelo menos vai ser memorável.
Pedro e Matheus começaram uma conversa paralela sobre a garota nova e gostosa da escola, uma tal de Paola, da minha sala. Tinha que admitir, ela é gostosa pra cacete, mas até agora, não se manifestou uma puta. Já eu... Tô indo por esse caminho.
Essa Paola deve ter uns 17 ou 18 anos, pelas minhas fontes sem namorado ou namorada, ainda não sei a opção sexual dela. Ela tem os cabelos longos, ondulados, um chocolate brilhante e simplesmente perfeito, de dar inveja a qualquer um. As amizades dela são pequenas, não é metida nem barraqueira, e parece ser legal. Não tem como ficar mais perfeita.
– Será que ela tem namorado? - Matheus perguntou.
– Não! - Respondi - Completamente solteira.
– Bom saber! - Pedro falou.
– E as pernas daquela garota? Só de olhar eu já fico de pau duro. - Ri.
– E eu fico molhada! Ela consegue tirar a atenção de qualquer um. Vou fazer amizade com ela.
– É bom ser só amizade mesmo, não estou afim de saber que ela é lésbica. – Pedro falou me cutucando.
– Mas e se for? Você não vai poder fazer nada.
– Poderíamos fazer um menage - Matheus sugeriu.
– Um menage a quatro, porque eu não vou ficar de fora. - Pedro falou.
– E quem disse que eu vou querer dividir ela com vocês?
– Você não tem escolha Bia.
– E eu sei que você iria gostar. - Matheus sussurrou no pé do meu ouvido. Me afastei um pouco, não estava afim de ficar excitada bem ali, com os dois do meu lado.
– Talvez, mas está fora dos meus planos, por enquanto.
– Mas depois estará dentro dos seus planos, e dentro de você. - Pedro falou me abraçando pela cintura.
– Parem de safadeza, tô começando a me sentir...
– Excitada? - Matheus sugeriu passando a mão por cima da minha calcinha, arrepios. Puxei a mão dele rapidamente.
– Constrangida.
– Você, constrangida?! - Pedro falou rindo. - É mais fácil eu voar.
– Beatriz, nunca vamos conhecer alguém que consiga te deixar constrangida.
– Tô falando sério. Constrangida talvez não seja a palavra certa, mas é tipo isso.
– Eu ainda aposto na palavra excitada. - Matheus falou.
– Também! - Pedro acariciou minhas pernas. O que esses dois estão pensando em fazer?
– Eu não tô excitada.
– Deixa eu ver! - Pedro falou subindo a mão em direção ao meio das minhas pernas, mais arrepios, minha respiração travou no exato momento.
– Não! - Tirei a mão dele - Nada disso. Eu não tô excitada e ponto final.
– Se você diz... Quem somos nós pra discutir. - Matheus falou deitando de barriga pra cima. Pelo facho de luz deu pra perceber que ele estava de cueca e dava pra ver um volume bem avantajado. Subiu um calor insuportável, e sem perceber eu tinha tirado minha blusa, me esquecendo que eu estava sem sutiã, shit!
Os dois olharam diretamente para meus seios. "Opaaa" eles se entre olharam com um sorrisinho tarado na cara, e depois voltaram a olhar para os meus seios. Tapei eles com a mão, e me levantei pra pegar um top. Ele pestanejaram, "poxa Bia, não acabe com nossa alegria" "é covardia deixar nós dois excitados e não fazer nada", se esses dois estão pensando que euzinha, vou fazer um menage com eles dois, eles estão lendo o meu pensamento.
Mas eu não vou fazer isso, que cachorragem. Eu não sou muito adepta a essas coisas, já ultrapassei meu limite hoje, agora tudo voltará a ser normal. Foi só uma semana meio conturbada, nada que eu deva me martirizar.
Escutei meu celular tocando no andar de baixo, e fui correndo atender, já vestida com um top.

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