IX

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O céu estava nublado, ainda havia neve no teto do Namdaemun. A cidade estava opaca, os raios de sol não conseguiam ultrapassar a fortaleza de nuvens.

Jungwon dirigia o carro pelo trânsito caótico da manhã. Sunghoon estava dormindo no banco de trás, e Jake estava no banco ao lado, se esforçando para não dormir. Eles iam passar o dia no hospital, fazendo exames, vagando pelos intermináveis corredores, e esperando uma resposta, uma resposta que definiria o destino de todos. Jungwon se sentia como um completo coadjuvante, apenas acompanhando a jornada daqueles dois heróis.

O Yang se surpreendeu com a mensagem do Sim, pedindo desculpas pelo sumiço e explicando toda a situação. Ele foi bem compreensivo, mas admitiu que sentiu muita falta de Jake.

-Jakey, você quer que eu fique com vocês? Perguntou Jungwon, sem tirar os olhos do trânsito.

-Não precisa, a mãe do Hoonie já está no hospital nos esperando...Respondeu Jake, bocejando.

-Eu estou de folga e não me importa em fazer isso por você, acho que você vai precisar de alguém...

-Wonie, hospitais não são apenas entediantes, eles são deprimentes e cheiram a cloro de piscina, você aguenta?

Jungwon retirou uma mão do volante, e apertou a mão de Jake, aquecendo-a.

-Por você, sim, ele sorriu, mostrando as suas covinhas.

...

Depois dos exames, Sunghoon estava exausto, Jake o deixou com Jungwon na cafeteria. O Sim e a Mãe do Park conversavam no corredor enquanto esperavam o médico chamar. A televisão da cafeteria estava falando sobre uma guerra, imagens horríveis, um pesadelo acontecendo em alguma parte do mundo. Sunghoon se lembrou das fotos da Guerra da Coreia que via nas aulas de história, Jungwon tomava um cappuccino, ele não sabia como conversar com o Park.

-Os adultos estão conversando, disse o Park, olhando para Jake e sua Mãe.

-Os adultos? Perguntou Jungwon.

-Eles, apontou Sunghoon.

-Ah sim, o Yang sorriu sem graça.

-Você pode pegar um café para mim, por favor? Disse o Park, retirando uma nota de sua carteira.

-Claro!

Jungwon trouxe o expresso para Sunghoon.

-Me desculpa, Jungwon

-Por que? Perguntou o Yang, surpreso.

O Park suspirou:

-Eu não gostava de você, não gostava de outra pessoa recebendo a atenção do Jake, você sabe, ele me ajudou muito com a minha carreira e ele é especial, mas isso não justifica eu te odiar, você faz ele feliz, eu vi você segurando a mão dele no carro...-Ele sorriu-...Eu gosto de ver o Jake feliz

O Yang estava sério, tentando processar o que havia sido dito, então disse:

-Eu gosto do Jake, mas admito que me senti mal por saber que eu estava, indiretamente, envolvido no acidente...

-Você não teve culpa, essas coisas...acontecem

Jungwon sorriu para Sunghoon, que devolveu o sorriso.

...

O médico, um senhor de cabelos grisalhos e olhos tristes, analisava um raio x, enquanto Jake e a Senhora Park esperavam, ansiosos, o resultado. O médico arrumou alguns documentos na pasta, e fechou as mãos, e disse:

-Senhor Sim, você que está cuidando do Senhor Park, certo?

-Sim, Doutor Kim

-Hm, e como ele tem se sentido?

-Ele está bem, mais calmo, eu estava com medo dele desenvolver uma depressão, mas ele está bem interessado em música agora e tem aparentado estar mais feliz

-Felicidade não é algo constante, mas fico feliz que ele esteja bem no aspecto emocional, vocês querem que ele ouça o diagnóstico ou vocês contam para ele?

-Acho melhor nós contarmos para ele, qualquer que seja o resultado, respondeu a Senhora Park.

-Hm, sinto muito, mas...-O médico mostrou um raio x-...Não há mais nada que posso ser feito, ele perdeu totalmente a mobilidade das pernas, pelo menos, ele não vai sentir mais dor, e mesmo que tentássemos uma cirurgia, as chances seriam abaixo de mínimas

-Ele não vai voltar a patinar...Disse Jake, cabisbaixo. A Senhora Park colocou a mão no ombro do Sim.

-É sempre uma tristeza quando isso acontece com um atleta, mas ele ainda está vivo, e isso que importa no final das contas, respondeu o médico.

...

Sunghoon estava escutando "Your Ocean" do Hoppipolla, enquanto Jungwon estava ao seu lado mexendo no celular. Jake se aproximou, acompanhado da Senhora Park, ele encostou no ombro do Park, e disse:

-Hoonie...

Sunghoon retirou um dos fones e sorriu para Jake.

-Sim, Jaeyoon?

-Sinto muito...Sinto muito, sinto muito mesmo, Jake não conseguia dizer outra coisa.

Uma lágrima escorreu do rosto do Park, que abraçou a cintura do Sim, deixando suas lágrimas fluírem como uma garoa de outono. Jungwon não sabia o que fazer naquela cena, ele não sabia qual era sua função, então apenas se levantou e abraçou a Senhora Park.

Em um dia nublado em Seoul, uma triste balada romântica continuava tocando e tocando.  

Sonata de Seoul - Jakehoon Onde histórias criam vida. Descubra agora