A Dona - Supercorp

Capítulo 29

P.O.V KARA DANVERS

Lena teve alta do hospital no dia seguinte. Ela sofreu uma concussão, teve que levar alguns pontos perto do olho esquerdo, tinha duas costelas quebradas e além do dano psicológico que aquele filho da puta tinha feito. 

Eu o puxei de cima dela antes que ele pudesse abrir as próprias calças, mas ele ainda a violou, física e emocionalmente. 

Eu o teria matado, porra. Eu ainda queria. 

O advogado de Lena, o Sr. Lennon, fez com que as acusações de agressão que a família tentou abrir contra mim fossem retiradas rapidamente, mas a única coisa que me preocupava era Lena. 

Ela teve que descrever o que havia acontecido em detalhes para a polícia, forçando-a a reviver o ataque novamente.O advogado de Jack estava tentando conseguir algum tipo de acordo judicial, mas colocá-lo no registro de criminosos sexuais com liberdade condicional não era suficiente. 

Mas se o filho da puta ia cumprir pena de prisão, ela teria que testemunhar no tribunal. Lena apreciou que a promotora fosse uma mulher, quando ela teve que, mais uma vez, repassar os horríveis detalhes. Haveria ainda muitas idas e vindas judiciais e provavelmente levaria meses, talvez mais de um ano, para que o caso chegasse ao tribunal. 

Nesse a começou a consultar um terapeuta para resolveras coisas. Eu fiz o meu melhor para tentar devolver a ela alguma semelhança de nossa vida normal antes de tudo acontecer.O tempo todo, o anel de noivado que eu comprei para ela queimou um buraco no meu bolso.

Eu não poderia perguntar a ela agora. Não tão cedo. Não com tudo pelo qual ela passou. 

Ela precisava se curar primeiro, e eu daria a ela todo o tempo que ela precisasse. 

***

P.O.V LENA LUTHOR 

Nas primeiras duas semanas em que voltei para casa, Kara ficou ao meu lado, cuidando de mim até eu recuperar minha força física. Eu disse a ela que estava tudo bem se ela quisesse cuidar das coisas no rancho, mas ela disse que um monte de gente da cidade se ofereceu para vir e segurar as pontas até que eu me sentisse melhor. 

As dezenas de buquês de flores do hospital começaram a murchar em nosso quarto. Eles eram de pessoas diferentes que conhecíamos em Midvale, que tinham ouvido falar sobre o que Jack tinha feito e, portanto,o que tinha acontecido comigo. Eu sabia que não deveria sentir vergonha de as pessoas saberem, mas eu sentia. 

Da noite para o dia, a minha percepção na cidade passou da filha de Lionel Luthor para a mulher que foi agredida. Eu sabia que as pessoas só queriam me dizer que se importavam, mas... era difícil aguentar. 

À noite, Kara preparava um banho para mim e sempre desviava o olhar quando eu entrava. Ela era gentil, respeitosa e atenciosa em tudo isso.

Ela me abraçou e me confortou durante os pesadelos e nenhuma vez me fez sentir pressionada por nossa falta de intimidade física. 

Quando julho chegou, fiz Kara voltar ao trabalho, insistindo que era melhor começar a tentar viver normalmente de novo. Eu estava melhorando, pelo menos fisicamente, e estava pronta para tentar voltar à rotina também. 

Eu coloquei meu site em espera.

Não havia como descarregar essa bagagem, o que eu precisava fazer antes de poder escrever confortavelmente sobre qualquer uma das coisas que havia escrito antes. 

Em vez disso, me ocupei com o jardim e segui a rotina da normalidade na esperança de que, com a ajuda da terapia e o apoio da minha nova família, eu finalmente começaria a me sentir normal novamente. 

Mas ia dar trabalho pra caralho

***

Julho chegou e passou, e agosto logo acabaria. Durante todo o tempo, tentei viver um dia de cada vez, trabalhando o que havia acontecido, melhorando emocionalmente, aos poucos. Eu ainda não tinha sido capaz de fazer nada sexual, embora confiasse em Kara mais do que em qualquer outra pessoa nomundo. 

Ainda assim, ela nunca me pressionou ou fez eu me sentir mal por causa disso. Nia e eu decidimos fazer um churrasco gigante no Rancho L-Corp para agradecer a todas as pessoas da cidade que vieram ajudar enquanto eu estava me recuperando. 

O planejamento foi uma distração bem-vinda para Nia do drama do vestido de noiva, e me fez sentir um pouco como um ser humano denovo. 

***

P.O.V KARA DANVERS

No último sábado de agosto, dezenas de amigos solidários da cidadese reuniram no Rancho. Alugamos mesas de piquenique e contratamos funcionários para servir o churrasco. 

Lena foi uma anfitriã graciosa. Ela foi de mesa em mesa agradecendo às pessoas por toda a ajuda que haviam disponibilizado neste verão.

— Qualquer coisa pela garota de Lionel.

Mas ela não era apenas filha de Lionel Luthor neste momento. As pessoas a amavam.

Eu a observei a alguns metros de distância enquanto ela conversava com a mãe de Cat e o Bobão. Seus longos cabelos caíam em cascata pelas costas, e um vestido longo azul-petróleo profundo caía sobre suas belas curvas. 

Por meses, ela esteve vestindo camisetas largas e moletons, tentando esconder seu corpo depois do que aconteceu, mas sua confiança estava começando a voltar, e ela estava sorrindo muito mais ultimamente. Eu não pude evitar ansiar por seu toque novamente. Mas se ela não estava pronta, ela não estava pronta. 

— Kara ?

Ela olhou para mim. interrompendo meus pensamentos sobre sua pele nua ao lado da minha. 

— Você pode pegar mais gelo dofreezer ? 

Eu dei a ela um sorriso e acenei com a cabeça, caminhando até a frente da casa para evitar a multidão parada na frente das portas. Eu estava na metade da escada da varanda da frente quando ouvi uma voz que não ouvia há muito, muito tempo. 

— Olá, Kara. 

Me virei fui surpreendida pelo que só posso descrever como choque. Olhando para mim, estava o fantasma de um rosto que eu nunca pensei que veria novamente. Um homem magricela na casa dos cinquenta, mais ou menos da minha altura, parou na minha frente. Ele usava um chapéu de cowboy esfarrapado, botas sujas, uma camisa flanela desbotada e jeans.Eu estava totalmente chocada. 

— Pai...?