BASTARDOS

C A P Í T U L O 8

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ETHAN STONE

"Fale, Naomi. Fale o que ele é! Grite se precisar, mas diga o que ele é!"

Os lábios rosados franziram e seu rosto tornou-se confuso. Não era uma surpresa somente para ela, eu ainda tentava entender o porquê de estar pendendo o meu tempo olhando-a, observando suas feições e cada passo que dava.

Acompanhei uma gota d'água que desceu do seu pescoço até se perder em seu umbigo, foi quando percebi a tatuagem que Wiatt tinha comentado. Um pequeno dragão começava em seu quadril, se escondia dentro de sua calcinha e mostrava o rabo em sua virilha.

Erguendo uma sobrancelha, pensei no que podia significar.

— Eu nunca vou pedir por mais, Stone. Por que não volta para o que éramos antes? Como completos estranhos. — Acompanhei-a com os meus olhos quando se virou a procura de uma toalha.

"Coloque aquele merda em seu lugar, Ethan! Não deixe que ele fale assim com você!"

Com o pau completamente duro, movi meus pés lentamente. Arrastei minha frustração e a raiva, meus impasses e a vontade latente de puxar os cabelos de Naomi. Minha respiração forçada ardia os meus pulmões.

— Eu te desejo com raiva, Russell. Eu a quero com ódio.

Me ignorando, ela secou seus cabelos. A máscara de indiferença e desprezo estava aplicada perfeitamente em seu rosto.

— Me desculpe, mas eu não tenho nenhum sentimento para lhe oferecer.

"Fale, putinha. Você é igual a sua mãe, devo permitir que façam o mesmo com você? Diga, Naomi. Ele não é nada, garota".

Dando a volta em seu corpo, analisei algumas estrias que rastejavam em seus quadris, os mamilos duros no tecido do traje de banho, seus pés pequenos, os cabelos loiros escuros, a tatuagem negra e a calcinha que estava presa em sua bunda. Com os olhos nos seus, a peguei de surpresa, agarrando os seus cabelos molhados.

Seus lábios entreabriram-se em uma respiração pesada. Sua pele avermelhada e quente era o sinal claro de que eu a afetava. Naomi Russell podia mentir para todos, menos para mim.

— Não tem nenhum sentimento para me dar, mas não consegue evitar que fica quente perto de mim. Isso já é o suficiente, por agora... — Lambi seus lábios, me distanciando.

— Você não pode brincar comigo novamente, Ethan. Eu não sou mais a garotinha que você usou e humilhou depois que pegou o que queria.

Escondendo o seu corpo em uma toalha, ela caminhou até um dos armários, puxando algumas roupas e uma bolsa de lá.

— Tinha sido somente um beijo, Russell. O que eu vou fazer com você é diferente.

— Um beijo que foi capaz de me ridicularizar em frente a toda a escola, ou você já se esqueceu? "Após um surto, Ethan, líder do time de basquete, provou que adora um desafio, nem mesmo a gorda Russell escapou", falei certinho, ou faltou alguma parte? — Deslizando uma das suas camisas feias e largas por sua cabeça, ela divagava sobre o dia que deixei que Oliver gravasse eu a beijando. — Sua popularidade está tão precária que precisa me beijar novamente para elevar o nível de entretenimento na escola?

"Você é preto. Eu jamais olharia duas vezes em sua direção. Ele está certo, você não é nada. Nem mesmo merece estar aqui".

— Diga-me, Russell, seu pai ainda continua certo? — Meus dentes trincaram ao lembrar do merda que era o seu pai.

No mesmo instante, ela me encarou. Visualizei culpa, vergonha e ressentimento em seu semblante assustado. Piscando algumas vezes, ela abriu e fechou sua boca.

— É fácil apontar o que eu fiz, quando você não se lembra de que começou isso.

— Não foi do jeito que você está dizendo...

— Então como foi, Naomi? Como que está merda aconteceu? — Segurei seu pescoço, somente pressionando, assim que não suportei a distância.

"Volte para de onde veio. Talvez tenha algum futuro seguindo os passos de sua mãe. Aquele bordel não será o mesmo sem ela, tenho que reconhecer. Adorava vê-lo observar".

— Quem cala consente, Russell. E a sua culpa é por ter se calado. Pelo menos você gemeu quando eu te beijei pela primeira vez, depois a sua máscara caiu.

Minha pele queimou quando seus dedos afrouxaram o meu aperto de seu pescoço, sua respiração colidiu com o meu rosto, deixando-me ainda mais irado por me ignorar.

— Nem tudo precisa de uma resposta. — Ela fechou os botões de sua calça e pousou as alças de sua mochila em seus ombros.

Encarando seus olhos culpados, intensos e levemente raivosos, me aproximei, mais uma vez.

— Tudo bem, eu não preciso de palavras, porque você vai me pagar com os seus gritos quando eu estiver afundando meu pau em você. E do contrário daquele merda que saiu daqui, eu sei fazer um estrago.

— Eu te odeio. Eu prefiro transar com o Larry a ter que dormir com você. — Provocadora, filha da puta.

A raiva borbulhou, ameaçando explodir. Minhas mãos formigaram e o meu peito queimou. A vontade de puxar os seus cabelos e realizar as minhas ameaças estava esmurrando o meu desejo e intensificando a minha ira.

— Eu não quero o seu amor, estou satisfeito com o seu ódio. É recíproco. — Dei um passo em sua direção. — Eu não enxerguei uma vez, Russell. Tire da sua cabeça qualquer homem que não seja eu, ou eu não excitarei em tirar eu mesmo.

Para a surpresa de zero pessoas, Naomi riu.

— Meus pensamentos são os únicos que ninguém pode tocar, eu posso estar olhando para você, mas me imaginando com tantos homens... talvez seu time de basquete. Gosto de corpos suados. — Ela ria com mais força, debochando.

"Você é nojento".

— Ah, e mais uma coisa. Com os meus amigos, e com quem eu me envolvo não é da sua conta. Saia de perto do Gabriel, ele não é igual a você.

Desta vez, porém contido, eu que ri.

— Eu te avisei. — Passando por ela, caminhei para fora.

Assim que vi a piscina cheia novamente, procurei por Daniel. Teria que avisar ao treinador que ele estaria indisposto por alguns dias e não poderá treinar.

Eu mostraria para Naomi Russel que o homem negro que ela ousou dizer que não olharia, fará ela olhá-lo de todos os ângulos. Minha história com aquela garota estava cheia de buracos e eu precisava tampá-los.

— Avise ao treinador que o Daniel vai ficar em casa por alguns dias — disse, assim que me aproximei de meus amigos.

— Porque, cara? Ele me parece muito bem. — Todos olhamos para o loiro de olhos azuis que beijava uma das líderes de torcida.

— Mas ele não vai ficar bem por muito tempo — rosnei.