let it all out • Hailee Steinfeld

art & marvin

Eu estou saindo da minha loja, viro o sinal de "aberto" para "fechado" e tranco a porta com as chaves.

Hailee aparece nesse exato momento. Eu me assusto - porque não esperava ver ela aqui, ainda mais depois de saber sobre Niall e também da minha conversa com Anna.

— Merda! — digo, pelo susto em si.

Hailee sorri de leve e diz "Oi".

Eu respondo "Oi" Mas não devolvo o sorriso.

— Quer uma carona?

— Você está indo para casa?

— Para sua casa — ela diz. Claro. Minha casa — Eu tenho que pegar algumas coisas.

Hailee se vira e segue em direção ao carro dela, e eu fico parada por alguns segundos pensando que não quero ter que passar o trajeto de cinco minutos de carro até o meu apartamento sozinha com ela.

Mas não tenho tanta escolha então entro no carro. Hailee aperta em algo na tela multimídia assim que eu me ajeito e logo Art Garfunkel começa a cantar.

Eu reviro os olhos, e Hailee repara.

— Você pode revirar os olhos quanto quiser. Meu carro. Meu som. Minha playlist.

Eu tento não dizer nada, mas quando vejo estou falando:

— Como você pode gostar de Art Garfunkel e Marvin Gaye?

— Gostando — ela dá de ombros.

— Isso é quase como apoiar os israelenses e ao mesmo tempo os palestinos. Não tem como, mulher.

— Oh, não é a mesma coisa. Art Garfunkel e Marvin Gaye fazem álbuns pop e-

— Fizeram, fizeram — corrijo — O Marvin Gaye morreu. O pai dele deu um ti-

— Eu realmente não quero saber como ele morreu e isso nem importa. A coisa é, Art Garfunkel e Marvin Gaye não estavam disputando um território.

— Claro, claro, mas-

— E quem disse que eu gosto de Marvin Gaye? — ela me interrompe.

— Eu? Marvin Gaye, Hailee! "Got to give it up!" Essa é a nossa música! Marvin Gaye é responsável pelo nosso relacionamento!

— Ele é? Nesse caso eu gostaria mesmo de falar com ele — ela brinca e eu reviro os olhos - de novo.

— Que pena que ele morreu. Mas sério, você não se lembra?

— Eu me lembro da música, eu não lembrava que era ele quem cantava — ela dá de ombros — Mas agora faz sentido você preferir Gaye ao Garfunkel. Sei lá, só - são só cantores, e álbuns... Ninguém liga para isso. Ninguém além de você, do Lucas e do Shameik, claro.

Silêncio.

É isso que Hailee recebe por alguns segundos, até que eu resolvo falar.

— Você costumava ligar para essas coisas também. Quando eu te conheci e então eu... Eu fiz aquela mixtape, você amou. E eu lembro que você disse "A sua escolha de músicas foi tão boa que quase me fez ficar com vergonha por não conhecer essas músicas ".

— Bem, eu gostava de você — ela gostava de mim — Você fazia esses trabalhos como DJ e e quando eu te vi eu achei que você era muito bonita, e eu estava solteira, e queria alguém...

— Então você não estava realmente interessada na música, hm?

— Eu estava... Só não tanto, e agora eu não estou. Sei lá, as pessoas crescem e mudam. Isso é meio que a vida, né.

— Mas Hailee... Isso sou eu. Tudo isso, as músicas, a loucura dos discos, os milhares de cd's e fitas... Sou eu. E s-se você perde o interesse nisso, você perde o interesse em tudo.

— Você realmente acredita nisso?

— Claro — respondo sincera — Olha pra mim, para o noss- meu apartamento. O que tem lá se não um monte de discos, pôsteres de bandas e cd's?

— E você gosta disso? — ela pergunta, e é claro que eu não gosto disso — De só ter isso lá?

— Eu odeio — odeio porque eu sinto sua falta.

Quando o carro para em frente ao prédio, nós descemos e subimos até o meu apartamento pela escada. Eu abro a porta e dou espaço para que Hailee entre, e ela faz isso e segue em direção ao escritório - provavelmente para pegar os livros que deixou.

— Então, hm... Aonde você está ficando esses últimos dias? — pergunto caminhando até a cozinha.

Abro a geladeira e pego uma latinha de cerveja. Eu a abro e tome um gole, enquanto escuto Hailee me responder.

— Acho que você sabe aonde eu estou ficando — ela diz e eu reparo que agora ela está segurando uma caixa média cheia de livros e parada na entrada da cozinha — Eu sei que você falou com a Anna.

— Ótimo jeito de descobrir que você já me trocou, hm!? — comento amarga e quase que de imediato Hailee me parece triste e cansada.

Ela desvia o olhar do meu e diz:

— Desculpa, S/n. Eu não tenho sido exatamente justa com você. Foi por isso que eu vim aqui também, ok!? Eu me sinto péssima e é só... Tudo isso é difícil.

— Não me parece tão difícil assim.

— É isso que você pensa? Que você não é importante o suficiente e que sair disso é fácil?

— É o que parece — dou de ombros e tomo outro gole da cerveja — .... Como estão as coisas com o Niall?

— S/n...

— O que? Você tá vivendo com o cara, eu tô tentando ser adulta aqui e perguntando sobre.

— Eu não tô morando com ele. Eu só estou ficando na casa dele até achar um lugar para mim. E, olha... Isso não tem nada a ver. Eu te deixei mas eu só fui embora porque as coisas não estavam funcionando entre a gente e eu e o Niall... Eu não gosto mesmo dele, ele é só um cara que foi gentil e, sei lá, eu não tenho ideia do futuro. Talvez você cresça e talvez a gente volte a se ver, ou talvez eu e o Niall fazemos isso funcionar, ou então eu nunca mais vejo nem você e nem ele. A vida é assim, ninguém tem ideia do que esperar.

— Espera.

— O que?

— Nós temos chance de voltar? Você- digo, você acabou de dizer que-

— Eu sei o que eu disse.

— Então?

— Não sei. Talvez sim — ela dá de ombros.

— Mesmo?

— Talvez?

— E você não gosta do Irlandês esquisito, né?

— O nome dele é Niall.

— Claro, claro. Esse cara aí...

— Acho que ainda não — ela responde, parecendo realmente sincera.

— Vocês já... Você sabe.

— O que?

Eu não tenho ideia de como perguntar o que quero sem ser diretamente então completo: — Sexo. Vocês já transaram?

— Meu Deus, S/n!

— Só responde.

— ... Não, não fizemos, ok!?

— Sério?

— Sim. Só não... Não pareceu certo, então não aconteceu nada.

Ótimo.

— Ótimo — sorrio de leve e bebo mais um gole fa cerveja — Bem, eu vou deixar você pegar o restante das coisas. Essa conversa... Isso foi bom.

— Aonde você vai? — Hailee pergunta quando eu passo por ela em direção a saída.

— Não tenho ideia.