All the things she said.

Os dias com ela.

Sasuke:

Se quer saber, eu me sentia um perfeito idiota. É. Depois de ter me entregado a ela... Quase que desesperadamente, me sentia em um terrível genjutsu. O mais difícil genjutsu, o mais difícil de sair que possa imaginar porque ele era... Bom.

Seus olhos verdes me pareceram sempre puros, inocentes e doces, exclusivamente acolhedores para mim. Encarar os olhos dela sempre foi algo difícil, mesmo nos meus momentos mais sombrios. Sakura sempre acolheu minha dor mesmo com o olhar. Me sentia patético diante do poder esmagador do amor que ela tinha.

E agora, quando olhava para eles, aqueles olhos, continuava a perceber isso tudo, mas eles ganharam um novo brilho em sua soma, me lembravam olhos de algum predador felino e feroz. Sim, engoli em seco ao perceber que agora seu olhar tinha o poder de me deixar de joelhos. Além do amor que sempre senti vindo deles, agora também tinham a capacidade de colocar fogo em mim, quando ela me encarava com desejo. Suspirei, e quando fiz isso senti a cara arder por toda a dignidade que perdia perto dela. Sakura abriu aquele sorriso radiante frente a minha timidez e aquilo me fez fechar a cara. Ela gargalhou mais fazendo-me sentir como um menino tímido... Bobo.

—Não se preocupe Uchiha... Mesmo que me mostre seu lado mais doce, Sasuke-kun sempre será o cara mais durão e enigmático de Konoha. -Disse ela brincando. Suspirei pesado.

—Me sinto tolo. -Foi o que consegui dizer, Sakura tinha a curiosa habilidade de entender mais do que as minhas poucas palavras poderiam falar. Ela sorriu. Mesmo envergonhado de ser seu refém, não conseguia simplesmente tirar os olhos dela. Ela era linda. Eu podia afirmar isto sem influência do que fizemos há pouco. A timidez e o fato de me fechar para o mundo ainda eram aspectos muito intensos em mim que me limitavam. Eu sempre vivi confortável com esses limites mas agora era simplesmente impossível continuar com os dedos afundados nos lençóis. Ela havia se aconchegado em baixo das cobertas e virado as costas delicadas para mim. A encarei pelo canto do olho.

—Cansada? -Questionei.

—Exausta. -Ela disse por fim. Levei os braços atrás da cabeça tentando me conter um pouco no toque. Eu nunca gostei tanto de toques... Me sentia invadido com eles e agora eu tinha dificuldades em não ficar o tempo todo colado a ela. Suspirei.

—O que achou do dia hoje? -O silêncio pairou um pouco.

—Quero dizer... Está gostando da viagem? -Questionei. Tudo que eu tive foi o silêncio. Ela estaria com raiva? Mas acabamos de... Será que a machuquei ou fiz algo que eu não... Virei meu corpo rapidamente e me inclinei sobre ela para encarar seu rosto.

Seus olhos verdes estavam escondidos por pálpebras fechadas. Ela respirava de forma serena. Acariciei suas bochechas... Ela parecia um anjo quando mais nova e mesmo agora isso ainda não saia dela. Ela parecia um anjo mesmo. A trouxe delicadamente para mim... Com toda a delicadeza que eu consegui, como se ela pudesse se dissolver, então, a abracei ainda em baixo dos cobertores. Dormir com a sua pele quente e macia contra mim era um novo e viciante capricho. Ela abraçou instintivamente o meu pescoço ainda entre seu sono que se iniciava. Seu corpo estava colado ao meu, e claro, aquilo me excitava... Mas eu... A amava demais. Mesmo que ela estivesse nua e repousando deliciosamente sobre mim, adormecida, qualquer desejo ardente poderia esperar, porque nos meus braços ela estaria segura. A abracei mais contra mim como se pudesse protegê-la. Meu corpo ia da rigidez ao relaxamento. Inspirei o cheiro maravilhoso do topo de sua cabeça e aos poucos... Adormeci.

X

Sakura:

Sentia os lençóis em minha pele, apesar do calor que provavelmente fazia lá fora, o quarto era climatizado. O que havia acontecido na noite anterior voltava a minha cabeça e fazia com que as minhas bochechas queimassem. Abri os olhos podendo contemplar a claridade de um novo dia. Me sentei na cama ainda com dificuldades em focar a visão devido a toda aquela claridade. Ele estava ali. Seus olhos escuros me encaravam com um certo brilho que ainda era algo novo para mim. Senti o rosto arder mais ainda, ele sorriu serenamente e com isso me encolhi.