10 - AMEAÇAS NO PARAÍSO

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O gato-selvagem não conseguia acreditar no que os seus olhos estavam vendo, mas quando o coiote abriu a boca tudo fez sentido. E o felino estava definitivamente ferrado.

— Boa noite, policial Arius Bentley. Eu não gosto de dividir o que é meu.

— Ele não tem nada a ver com isso, Calvin. Larga essa arma e vamos conversar.

O lobo-guará George apenas chorava, temendo pela sua vida, sem entender em qual cilada havia se metido naquela noite em que buscava somente prazer nos braços de um homem bonito. O rapaz não vestia roupa alguma enquanto Calvin Ferrer estava parado atrás do seu corpo, o braço esquerdo ao redor do seu pescoço e a mão direita apontando uma arma para a sua cabeça. Embora a voz do coiote fosse calma e suave, o seu olhar não enganava ninguém. Chamas de fúria brilhavam nas íris castanhas.

— Então você quer conversar? Estou surpreso, policial Arius Bentley, que você queira conversar com um coiote asqueroso como eu. Não foi disso que você me chamou? Também me lembro perfeitamente de ter dito que não cedia a nada. Logo, essa vida nos meus braços não tem importância para você.

— Calvin, sinceramente... Você enlouqueceu?! – Arius começou a perder a paciência – Como é que você quer ser inocentado de um crime ameaçando a vida de alguém na frente de um oficial da AFIC? Quantos crimes você não está praticando apenas por vir aqui? Começando por invasão a domicílio. Não se comprometa mais!

— Qual é a sua preocupação, policial Arius Bentley? A vida desse cara ou a minha ficha criminal? Não sei se percebeu, mas eu não tenho preocupação alguma com a licitude do que eu faço ou deixo de fazer. Você tem?

— Eu com certeza não quero que o meu quarto seja uma cena de crime, além de que ele não tem nada a ver com o que está acontecendo.

— E o que está acontecendo, policial Arius Bentley?

— É sério?! – o gato-selvagem gritou – Você invadiu a minha casa e está com uma arma apontada para a cabeça de um inocente!

— Se esse é o caso, então posso apontar a arma para a sua cabeça? Com certeza você é muito culpado.

— Calvin... – o felino suspirou, sentindo-se derrotado – Faz o que quiser comigo, só o deixe ir embora.

— Para que ele vá até a polícia e me denuncie por isso?

— Cara, não fode! – Arius sentiu-se perder o controle.

Ele estava aborrecido pela atitude ameaçadora de Calvin, ao mesmo tempo em que não confiava nele. Seu coração batia forte no feito, pura adrenalina. De repente, o coiote gargalhou, exibindo seu sorriso torto de dar nos nervos de qualquer um, o olhar não só perturbador como também convencido. Arius estava exatamente onde Calvin queria que ele estivesse: em um beco sem saída.

— Qual é o seu nome, jovem adorável? – Calvin perguntou com os lábios colados no ouvido do refém.

— Geo... Geo... George. – choramingou.

— Oh, que belo nome. – mordiscou o lóbulo da orelha de George.

— Por favor, não me mate! Eu faço qualquer coisa! – ele estava desesperado.

— Está vendo, policial Arius Bentley? Ele faz qualquer coisa! – disse Calvin com sarcasmo – Ele sabe qual é o lugar dele nessa relação perigosa, diferente de certas pessoas. Se eu fosse você, aprenderia mais com o George. Ele tem muito a te ensinar.

Arius respirou fundo. Se estivesse no mano a mano com Calvin mostraria exatamente a ele qual é o seu lugar, mas naquela situação, colocando em risco a vida de outra pessoa, não podia agir por impulso. Se Arius estivesse certo, a única coisa que Calvin queria era ele, por mais esquisito que isso fosse, ultrapassando qualquer barreira daquela relação mais que perigosa, talvez até doentia. Afinal, nada explicaria aquela atitude insana, possessiva e controladora de Calvin.

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⏰ Última atualização: Apr 25, 2022 ⏰

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